MÃE
Mãe que não aprendeu a ler
mas sabe sempre os meus ais
Mãe que cedo lutou para ter
O tanto que nos deu e me dais
E depois de si minha mãe?
Quando um dia me faltar
não a tiver a acariciar
Este pedaço de si também!
De si, minha querida mãe.
Mãe!
Passe-me as suas mãos pelo peito
Que este seu filho perdeu o jeito…
nem as estrelas consegue agarrar…
Um beijo minha querida mãe,
Lisboa, 4 de Maio de 2008
Seu filho,
Rogério Martins Simões
FOI NUMA MADRUGADA DE JULHO
Foi numa madrugada de Julho
Quando as estrelas
se juntaram nos céus,
quando o sol teimava
em não arrefecer a noite,
e a lua irradiava
confundindo
as mãos dos namorados…
Andara embalado
no colo de minha mãe.
E ouvia serenamente
Na fusão das águas
O canto ameno
que me embalava.
-Lembra-se minha mãe
dos pontapés
que eu lhe dava?
-Recorda-se minha mãe
de me ouvir chorar,
Quando sem ver
me reconfortava
Passando docemente
a sua mão na barriga.
Ai como eu me sentia feliz
com as suas carícias.
Ai como era feliz
escutando o seu cantar.
Foi numa madrugada de Julho
Quando a lua espreitava
Quando a mãe terra
me chamava,
Rompi as águas,
E tinha à espera estrelícias
Majestosamente
espalhadas
por seu corpo…
Foram tempos luminosos
quando a natureza me pariu
E me trouxe de volta os olhos
com que abracei, de novo, o Sol.
Lisboa, 29 de Janeiro de 2007