Na noite
NA NOITE
ROMASI
Na noite,
Há milhões de vidas,
Milhões de mortes,
Seres tímidos
Tornando-se fortes.
Na noite
Na vida do sangue
Há cocaína.
Vampiros…
Heroínas...
Na noite
Há olhos tristes
Há ódio
Espadas em riste…
Na noite
Na escuridão que já viste
Os cegos têm
A sensação que já sentiste.
Na noite
Uma mulher chora
E o homem afoito
Na rua mora.
Na noite
A lua destoa
É a impotência
Do eclipse do dia.
Na noite
Dizem que há amor
Mas não andam os girassóis.
Lisboa, 10 de Janeiro de 1971