AS CIDADES SÃO ARMADURAS...
AS CIDADES SÃO ARMADURAS…
Rogério Martins Simões
(Tomo 1)
As cidades são armaduras
Fatigadas e forjadas
Em línguas, mitos e ritos
Combinadas de cimento e tijolo.
As cidades são avenidas seguras
A cidade é a minha rua também
As ruas por onde andava são inseguras
Já lá não mora ninguém
Mas numa rua nasci
A minha rua era a cidade
Na minha cidade cresci
E agora com mais idade
Voltei trazendo a saudade
À rua onde ainda não morri
As cidades são armaduras
Fatigadas e forjadas
Em línguas, mitos e ritos
Combinadas de cimento e tijolo.
A minha rua tinha um casario
Numa dessas casas nasci
Da casa espreitava o rio
E o rio era o meu navio
Para onde aprendi a espreitar
E só tinha os olhos no mar
Por isso da minha casa espreitava
Olhava através dum postigo
No dias em que vento acoitava
Tudo à frente levava
Colocando a barra em perigo
E para o navio não encalhar
Quatro vezes viravam
Duas vezes para o mar
As proas destes navios
E até o guindaste parava
Não descarregando mais nada
No cais da minha cidade
Onde muito perto morava,
De onde tudo isto espreitava
E mais por agora não vos digo
Da minha rua parte um caminho;
Um caminho que me conduz ao destino;
Que destino me traz o caminho;
Que me conduziu à minha rua…
As cidades são armaduras
Fatigadas e forjadas
Em línguas, mitos e ritos
Combinadas de cimento e tijolo.
(A PUBLICAR: POEMAS DE AMOR E DOR)
Meco, 26/09/2013 00:08