(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
PARA ALÉM DO VENTO…
Rogério Martins Simões
Volúpias em corpos que bailam submersos,
Dispersam, em nós, o sémen da procriação.
São inocentes os nossos dias em tentação,
Anseios da natureza, doces como versos…
Mordiscaste a minha boca em provocação...
Desejos inatos; tão diferentes; tão diversos,
Anunciando um tempo novo sem reversos,
Ardendo, como fogo, em adoçada erupção….
E a natureza nos cobriu com vento criador,
Confiando as sementes num acto de amor,
Quando o teu corpo fértil comigo dançava!
Além de nós havia um tempo pouco visível,
Para que recomeçássemos, num cio sensível,
E o teu corpo, com ingénita sedução, bailava…
Aldeia do Meco, 26-10-2007 23:11:43
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
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Poemas de amor e dor
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publicado às 23:58
CANTEM OS MEUS POEMAS
Rogério Martins Simões
Transporto comigo
quimeras e ilusões,
Certezas terrenas
de um ente magoado,
Poemas de Amor e Dor
que arrecado
No baú fechado
às minhas paixões.
Poeta sem rima
ou em outras versões…
Já fui feliz
muitas vezes ultrajado;
Melhor sorte
nem sequer ter amado,
Levo comigo
terrenas desilusões.
Sou um ser etéreo
de nobres sentimentos,
Em silêncio chorei
os meus tormentos:
Desamores, e dores,
presos por algemas…
Fiquei! Escrevi
meus versos às escondidas:
Melhor sorte ter partido
para outras vidas.
Abri o coração,
cantem os meus poemas.
2009
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:15
HORAS INFINITAS
Rogério Martins Simões
Aqui me entrego ao tempo lato.
Aqui o meu tempo não passa, demora,
Numa lenta e eterna agonia.
Deixei a vida lá fora …
Aqui apreende-se a viver sem viver.
E, enquanto me afundo,
Desvio este olhar profundo,
E passo a olhar para a vida:
Com a passagem das horas infinitas…
Hospital dos Capuchos, Lisboa, 20/02/2016
(O direito de autor é reconhecido independentemente de registo, depósito ou qualquer outra formalidade. ver artigo 12.º do CDADC. Lei 16/08 de 1/4)
(A registar no Ministério da Cultura - Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. – Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:08
Foto do Exmo Padre Pedro
Incendiário
Rogério Martins Simões
Incendiário,
Que contrato fizeste com a natureza
se queimas o que respiras.
Que respiras tu?
Merda!
Fumo negro!
Que tragédia!
11/08/2005 01:26
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:55
MESTRE E MARINHEIRO
Rogério Martins Simões
Descias o Tejo e olhavas Lisboa,
Chinelas aos pés da Madragoa,
Blusa de chita, corpo de gazela;
Sempre tão bonita; sempre tão bela.
O mastro altaneiro vai engalanado.
Sobe o gajeiro na letra dum fado.
Sorriso malandro, calha ou não calha,
Assim fui passando: que Deus nos valha.
Pinga a maresia, ardem os joanetes.
Contam-se os anos restam alfinetes.
Dos desenganos não tenho mais pressa:
Vão os verdes anos, assim, tão depressa.
Mestre marinheiro tua mão não treme.
Teu timoneiro é S. Vicente ao leme.
Quero ir à Bica com corvos à proa,
Comer fava-rica a dentes de broa…
Meco, 22/04/2015 23:56
(Ao Meu Mestre – Padre José Correia da Cunha)
Poemas de amor e dor
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publicado às 17:52
PELA NOITE FORA
Rogério Martins Simões
Pela noite fora
Sento no meu colo de sonho...
As minhas duas crianças de oiro
O meu tesoiro
Os meus meninos.
Pela noite fora
Os meus pensamentos
Percorrem a minha fronte molhada
Em mil beijos de nada
Aos meus meninos.
Onde estais?
E se adormeço
Logo acordo em sobressalto
E estremeço:
Onde estão os meus meninos?
Acordo
Sinto e vejo apenas
Suores frios
Correndo
Pela minha fronte abalada.
Onde estão os meus meninos?
Lisboa 6/1/1974
Poemas de amor e dor
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publicado às 17:23
QUANTA TRISTEZA TEM O MEU OLHAR
Rogério Martins Simões
Quanta tristeza tem este meu olhar.
Que aos poucos vai morrendo: que viver?
Se lentamente passo este sofrer:
Neste viver, assim, sem desejar.
Já passei tantas datas por datar…
Mais que os anos, perdidos, sem os ver
Que para aqui estar, e sem morrer,
Na morte vivo sem mais esperar.
Que não seja por mim a pouca sorte,
Pois que, neste meu invólucro de morte,
É na vida que a alma se deslinda.
E neste desespero em que me vejo,
Minha alma, num momento de sobejo,
Recorda-me que não quer partir ainda.
Meco, 05/03/2015 19:30:42
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:40
ALZHEIMER
Rogério Martins Simões
Alzheimer
Cabo da dor
Da má sorte.
Dor maior
Nem a própria morte:
Seguir a pé o percurso do desnorte
Sem norte
Sem nada…
Campimeco, Praia das Bicas, Meco, 26/01/2015 23:21:07
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:37
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:40
FALA-ME DE AMOR
(Rogério Martins Simões)
Fala-me de amor - disseste,
quando nos recantos dos jardins
as barreiras nos impediam de pisar a relva.
Rompiam as memórias
e um ligeiro vento
arrastava as folhas secas do velho plátano.
Era tão tarde…
e ainda agora despontavam as histórias...
Olhei sem desvario.
Antes, quando me debruçava no teu peito,
eras rio,
eras só rebuçado!
E trazíamos nos pés alpercatas,
com asas,
que reluziam por cima dos muros
e o chão era mais leve que o algodão…
Sabes?
A cidade fede devaneios
e as árvores crescem nos telhados das casas.
Não te vou falar de amor, não!
Reservo para mim as sensações dos velhos tempos.
Agora, restam umas quantas folhas que vêm ter comigo:
Somos dois silêncios!
Dois estranhos castanheiros perdidos na cidade…
01-02-2006.
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
Poemas de amor e dor
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