ECOS DA INCERTEZA
ECOS DA INCERTEZA
Rogério Martins Simões
Na rua onde moramos
Está sempre alguém estirado,
Temos pena… e passamos
Olhando para o lado.
Onde vamos na pressa?
Que pressa detêm as nossas convicções?
Por que não deixamos para trás o que não nos faz sonhar?
Julgamos nós que sofremos,
Pensamos que somos o centro do universo,
Como que só nós existíssemos,
Como só nós fervêssemos no caldo da panela
De onde sairemos todos queimados.
Meus dedos misturam as letras
Assaltam-me os ecos da incerteza…
Nas escadas que nos conduzem às maresias ingratas
Não vislumbramos, sequer, a agonia amordaçada,
Os gestos do desespero dos que não têm nada…
Lisboa, 11/04/2016 19:58:15
Ao poeta António Martins que neste dia Mundial da doença de Parkinson se lembrou de mim. Já passaram 14 anos desde que tomei conhecimento de que era portador desta doença que lentamente vai tomando conta de nós. Tenho lutado como posso para a enfrentar. A falta da dopamina vai paralisando o meu andar e aumentando o meu tremor e se o ano passado foi terrível para mim, este que começou está a ser pior. Pior? Tantas vezes me interrogo e rogo por todos aqueles que mais sofrem. Por todos aqueles por quem passamos, fingimos que os não vemos, ou mesmo não os vemos pois estamos cegos. Mesmo com as comparticipações haverá muitas famílias que não conseguem pagar os medicamentos receitados e fico tão triste em saber que existem seres humanos a muito mais sofrer. Um agradecimento muito grande a todos aqueles que entendem ou se esforçam por compreender os simples gestos que para nós se transformam em autênticas tragédias…
Saudades
ROMASI