IGREJA DE S. VICENTE DE FORA
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MOIRA TÃO BELA
Rogério Martins Simões
Moira encantada, e tão bela.
Assim recordam aquela
Que tanta beleza escondia…
Dizem que as águas do mar
Pararam p´ra a ver passar
Enquanto o Tejo dormia.
Quando da barca desceu,
Lisboa em festa lhe deu
Um castelo com mesquita.
Daí que se diga agora:
Numa colina lá mora
Essa moira tão bonita.
Junto à cisterna do monte
Corre sempre água da fonte
Ninguém sabe d´onde vem.
Dizem que nasceu no rio:
A letra de um fado vadio
Que as mouras cantam também…
Onde o Tejo beija o mar,
Alguns param p´ra escutar,
Sete colinas de fadas.
São beijos desta cidade:
Sete morros de saudade
E mouras tão encantadas…
Meco, 05/08/2017
24/10/2019 21:13:18 (Direitos de autor reservados)
À CONQUISTA DE LISBOA
Rogério Martins Simões
Em tempos
Quando o tempo passava lentamente
Hasteava a minha bandeira
De sonho e fantasia
E desertava da minha rua
Partindo à conquista.
E trazia nos pés botas cardadas
Com que desandava
e desbravava Outras ruas
(Outros campos de batalha)
Sem me perguntarem quem era
Eram os calções esfarrapados
E os joelhos esfolados
A camisa de cruzado
Com tintura de iodo pintada
E tinha um corcel feito de nada:
Um cavalo de pau de vassoura
Com que minha mãe me dava…
E tinha uma espada
Feita de uma cruzeta tresmalhada
E um escudo protetor
(Uma tampa de panela desirmanada...)
E os miúdos da minha rua
Armaram-me Cavaleiro de Lisboa
Ai como o tempo voa
Da minha rua,
Que passo agora em revista,
Parti um dia à conquista:
De moiros e tesoiros:
Cromos da capelista
Onde a minha fantasia morava
Praia das Bicas, Meco, 10-04-2011 22:57:15
HORAS INFINITAS
Rogério Martins Simões
Aqui me entrego ao tempo lato.
Aqui o meu tempo não passa, demora,
Numa lenta e eterna agonia.
Deixei a vida lá fora …
Aqui apreende-se a viver sem viver.
E, enquanto me afundo,
Desvio este olhar profundo,
E passo a olhar para a vida:
Com a passagem das horas infinitas…
Hospital dos Capuchos, Lisboa, 20/02/2016
(O direito de autor é reconhecido independentemente de registo, depósito ou qualquer outra formalidade. ver artigo 12.º do CDADC. Lei 16/08 de 1/4)
(A registar no Ministério da Cultura - Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. – Processo n.º 2079/09)
AMO-TE TANTO MEU AMOR
Rogério Martins Simões
Piorei antes e depois por estares pior.
Melhoraria se soubesse
Que estarias melhor.
Que melhoras terei se não estás bem?
Volto a estar só!
O cão faz tanta falta
e ainda só agora começou a chover!
Esperem! Não quero ficar só!
É tarde! Estou gelado!
O frio tomou conta deste espaço
que derruba as minhas preces.
Amo-te tanto meu amor!
22-10-2008 0:30:56
AMO-TE LISBOA VIRADA AO TEJO – MURAL NO NOVOTEL
Como sabem, ao longo destes 10 anos de Blog com a minha poesia, muitas foram as alegrias partilhadas; muitos foram os plágios encontrados que me deixaram triste.
Foi através de um amigo que tomei conhecimento da existência deste Mural que muito me honra.
Hoje coloco aqui duas fotografias devidamente autorizadas, que consegui tirar de um lindo mural, sito à entrada do NOVOTEL, em Lisboa, com uma quadra e um terceto deste meu poema, e com a identificação do autor. E uma terceira foto do NOVOTEL através de um link do mesmo.
Este poema faz parte do meu primeiro livro de poesia que irá ser lançado, no próximo mês de maio, pela “Chiado Editora”, em local, data e hora a designar.
Para quem quiser ver aquele belo mural, que pela sua dimensão até se vê da rua, aqui deixo a morada: Avenida José Malhoa 1 1A, 1099-051 LISBOA.
GPS :N 38° 44' 13.13'' W 9° 9' 47.79''
VIVA A POESIA
ROMASI
(Link para foto do Hotel) (fotografia do site)
Amo-te Lisboa virada ao Tejo
(Rogério Martins Simões)
Dizem que um dia alguém cantou…
Que por amores Lisboa se perdeu!
Por amores se perde quem lá voltou.
De amores se perde quem lá nasceu.
Dizem que um dia alguém contou,
Que uma moira cativa no Tejo desceu.
Por amores, Lisboa, a moura libertou,
De amores, por Lisboa, a moira morreu.
Juntaram-se os telhados enfeitiçados,
Apertadinhos os dois e entrelaçados,
Num fado castiço, numa rua de Alfama.
E o Tejo, que é velho, beija a Cidade:
Morre-se de amor em qualquer idade,
Perde-se por Lisboa quem muito ama!
Lisboa, 20 de Junho de 2006
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
AS CIDADES SÃO ARMADURAS… FATIGADAS E FORJADAS... EM LÍNGUAS, MITOS E RITOS... COMBINADAS DE CIMENTO E TIJOLO.
Rogério Martins Simões
(Tomo 1)
As cidades são armaduras
As cidades são avenidas seguras
A cidade é a minha rua também
As ruas por onde andava são inseguras
Já lá não mora ninguém
Mas numa rua nasci
A minha rua era a cidade
Na minha cidade cresci
E agora com mais idade
Voltei trazendo a saudade
À rua onde ainda não morri
As cidades são armaduras
Fatigadas e forjadas
Em línguas, mitos e ritos
Combinadas de cimento e tijolo.
A minha rua tinha um casario
Numa dessas casas nasci
Da casa espreitava o rio
E o rio era o meu navio
Para onde aprendi a espreitar
E só tinha os olhos no mar
Por isso da minha casa espreitava
Olhava através dum postigo
No dias em que o vento açoitava
Tudo à frente levava
Colocando a barra em perigo
E para o navio não encalhar
Quatro vezes viravam
Duas vezes para o mar
As proas destes navios
E até o guindaste parava
Não descarregando mais nada
No cais da minha cidade
Onde muito perto morava,
De onde tudo isto espreitava
E mais por agora não vos digo
(Tomo2)
FATIGADAS E FORJADAS
Nas traseiras da minha casa
Existia um saguão
Onde as mulheres à tarde lavavam
com muita água e sabão
As roupas que todos sujavam
E tudo era lavado à mão.
E até o velho tanque sorria
Àquelas mulheres tão novas
Por isso me recordo agora
Das partidas que elas faziam
Das bolas de sabão que subiam
Da ponta do meu canudo
E até minha mãe cantava
Uma cantiga das beiras
Apesar de muito cansada
De tanto trabalho na praça
E todas muito se riam
Até diziam asneiras
E antes chegassem os homens
Passavam de lavadeiras
A criadas de servir
E quando o meu pai regressava
A minha mãe com seu ar de graça
À frente da garotada
Fazia sempre chalaça.
E nem havia tempo para carpir
Que a janta estava pronta
(TOMO 3)
EM LÍNGUAS, MITOS E RITOS
Agarradas aos frontais
As varandas da minha rua
Mais pareciam estendais
Em todas as sacadas havia
Roupas dependuradas
Que escorriam para a rua
Tinham sido bem torcidas
Tinham sido bem espremidas
Mas uma vez um careca
Que olhava para a lua
Levou com uma encharcada cueca
No alto da nuca
E alguém chama um polícia
Logo o polícia autua
E foi um reboliço
Juntou-se uma multidão num buliço
Entre os quais um castiço
Que no meio da confusão
Rouba ao merceeiro o chouriço
E chama de careca ao lesado
E o polícia que não se faz rogado
Pega no cassetete e bate
Num inocente que passava
E salta a peruca…
A malta estava maluca
Ouviu-se a sirene da “Ramona”
E antes que os levassem p´ro Torel
Partiram numa “fona”
Fica apenas o móbil do crime
Que esta história de cordel
Por agora não acaba aqui
(TOMO 4)
COMBINADAS DE CIMENTO E TIJOLO.
E ao Domingo descansavam
Mas era dia de missa
Ordeiramente preparavam
Uma banheira de zinco
Duas panelas de água quente
Uma barra de sabão azul
Toalhas e um pente.
E assim começava a barrela
Os putos iam primeiro
Na mesma água do banho
Que ainda não ganhara cheiro
E mais parecia amarela
Depois de limparem o ranho
E quando ficava castanha
Era despejada para o ralo
Estava a ficar tarde para a missa
E antes que viesse a preguiça
Ordeiramente recomeçava
Voltavam as panelas
A água morna no zinco
E os corpos que transpiravam
Ficavam todos num brinco.
Agora na minha cidade
Não lavam mais roupa à mão
Nem o corpo em banheiras de zinco
Eu vi quando por lá passava
Que os passeios da minha rua
Estão agora presenteados
Com tanta merda de cão
E assim vai a minha cidade
Que os gatos da minha idade
Também só mijam no chão…
Da minha rua parte um caminho;
Um caminho que me conduz ao destino;
Que destino me traz o caminho;
Que me conduziu à minha rua…
As cidades são armaduras
Fatigadas e forjadas
Em línguas, mitos e ritos
Combinadas de cimento e tijolo.
26/09/2013 17:59:15
29/09/2013 01:39
Meco, 30-09-2013 23:19
( Este ensaio será incluído num próximo livro do autor)