Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

MESTRE E MARINHEIRO

IMG_1461.JPG

 

MESTRE E MARINHEIRO

Rogério Martins Simões

 

Descias o Tejo e olhavas Lisboa,

Chinelas aos pés da Madragoa,

Blusa de chita, corpo de gazela;

Sempre tão bonita; sempre tão bela.

 

O mastro altaneiro vai engalanado.

Sobe o gajeiro na letra dum fado.

Sorriso malandro, calha ou não calha,

Assim fui passando: que Deus nos valha.

 

Pinga a maresia, ardem os joanetes.

Contam-se os anos restam alfinetes.

Dos desenganos não tenho mais pressa:

Vão os verdes anos, assim, tão depressa.

 

Mestre marinheiro tua mão não treme.

Teu timoneiro é S. Vicente ao leme.

Quero ir à Bica com corvos à proa,

Comer fava-rica a dentes de broa…

 

Meco, 22/04/2015 23:56

(Ao Meu Mestre – Padre José Correia da Cunha)

Padrecunha.jpg

 

Poemas de amor e dor conteúdo da página

Memórias dos meus 16 anos de idade - A morte de um amigo

S.Vicente de Fora

 

Memórias dos meus 16 anos de idade

Rogério Martins Simões

 

 

Já passaram 46 anos?! Que tragédia! Que trauma o foi para todos nós, jovens da mesma idade, amigos inseparáveis, acólitos e catequistas na Igreja de S. Vicente de Fora.

Eu ia ao seu lado!

 

 

Nascemos no mesmo ano, eu a 5 de Julho, e o Hernâni (NÃ) a 29 de Setembro de 1949. À data dos acontecimentos tinha completado os meus 16 anos de idade e recordo que nos preparávamos para a grande festa dos 16 anos do Nã.

 

Recordar esta tragédia é lembrar um dos acontecimentos mais traumatizantes da minha vida e da vida daqueles que presenciaram, incrédulos, o que ali estava a acontecer. Sim, mesmo ao nosso lado.

 

Regressávamos de mais uma viagem na camioneta do Patronato. Todo o dia fora divertido, porque, nesse tempo, contentavam-nos com pouco – os nossos pais não tinham viatura, e ir numa excursão à praia das Maças; ao Guincho, a Vila Viçosa, ou a outro local programado, era sempre um motivo para nos fazer felizes. Tudo correra com normalidade e lá estávamos nós amontoados ao fundo da camioneta. Muito cantámos, mas o artista era o Hernâni.

 

Recordo o momento em que a camioneta chegou ao campo de Santa Clara, local onde se faz a feira da ladra.

Lembro-me da viatura começar a entrar por aquele estreito e maldito portão.

 

Recordo-me de ver os putos pendurados no estribo da camioneta, ali mesmo ao nosso lado, na sua parte traseira.

 

 

 

(FEIRA DA LADRA)

 

REAL BORDALO

 

Ainda estou a ver o Nã a gesticular para os garotos e a pedir-lhes para que fugissem; para que não ficassem entalados entre a camioneta e o portão que dá acesso à parte inferior do antigo Mosteiro de S. Vicente de Fora.

Recordo o momento em que o Hernâni colocou a cabeça de fora tentando com o braço a afastar os putos. A camioneta a entrar lentamente, uma eternidade, arrastando e esmagando a cabeça do Hernâni contra o portão de ferro.

 

De o ver cair a meu lado o corpo do Hernâni, jorrando sangue.

 

Vejo-me a chorar e a correr para a Igreja a rezar e a passar em revista os tempos felizes que vivemos e o dia em que nos conhecemos:

 

“Desde menino, quando apenas conhecia os anjos, já escutava na telefonia a bela voz da Amália. A Minha mãe lavava a roupa no tanque, num saguão de uma casa na freguesia de S. Vicente de Fora, e cantava desconhecidas cantigas da Beira Serra.

 

Fui crescendo e um dia, no início dos anos 60 do século passado, descobri por acaso os caminhos que me conduziram, durante muitos anos, à Igreja de S. Vicente de Fora.

 

A luta pela vida era tremenda! Levantavam-se pelas 4 horas da manhã, apanhavam o elétrico que os levava à Praça da Ribeira onde se abasteciam de legumes com que governavam a vida no mercado de Santa Clara. Pela primeira vez entrei nos claustros do Mosteiro de S. Vicente de Fora.

 

Andava eu pelos claustros do Mosteiro quando, em cima da hora das cerimónias de posse do novo pároco, faltou à chamada um menino do coro! Mas… o Padre Cunha fazia questão em ter doze rapazes! Doze eram os Apóstolos e ele só tinha 11.

Tudo tinha sido verdadeiramente programado, ensaiado ao mais pequeno detalhe: os mais pequenos à frente! Tudo em carreirinha, em duas filas! – Túnicas novas feitas por medida! Sobrava uma! Era grande - como ela tivesse sido feita de propósito para mim!

 

Pois bem! Não é que fui pescado quando por ali andava perdido…

 

Vestiram-me uma túnica branca.

Cingiram-me com um cordão vermelho.

 

Em poucos minutos ali estava eu, menino do coro repescado, a caminho do Altar, lado a lado com o meu bom e saudoso amigo, Hernâni Anunciação Santos”

 

 

 

 

(à porta da Igreja de S. Vicente de Fora - Anos 60

 

 

Volto aos acontecimentos desse trágico dia:

Entrei na Igreja em convulsão. Ajoelhei-me e pedi a Cristo e aos santos para salvarem o Nã – e ELES não me quiseram ouvir…

 

A partir daí deixámos de escutar o seu belo canto no átrio da Igreja de S. Vicente de Fora.

Não mais esqueci aquela tragédia – Tinha então 16 anos de idade. Talvez por isso, quando nos juntamos, todos cantamos a mesma canção. Assim, e enquanto houver memória, haveremos de cantar, recordando-o, a sua canção: “A FONTE DA MINHA ALDEIA”

 

“ A fonte da minha aldeia

Quando soluça baixinho

Parece até que rodeia

A poeira do Caminho.”

…………………………………..

…………………………………..

Eterna saudade, do teu eterno amigo,

Rogério Martins Simões

 

 

 

 

 

Poemas de amor e dor conteúdo da página

Padre José Correia da Cunha

 

Igreja de S. Vicente de Fora

Lisboa

 

 

 

 

Desde menino, quando apenas conhecia os anjos, já escutava, na telefonia, a bela voz da Amália. A Minha mãe lavava a roupa no tanque, num saguão de uma casa na freguesia de S. Vicente de Fora, e cantava desconhecidas cantigas da Beira Serra.
Fui crescendo e um dia, no início dos anos 60 do século passado, descobri por acaso os caminhos que me conduziram, durante muitos anos, à Igreja de S. Vicente de Fora.
Tinha então onze anos! Meus pais, com raízes Cristãs, não frequentavam a igreja nem obrigavam os filhos a irem à missa.
A luta pela vida era tremenda! Levantavam-se pelas 4 horas da manhã, apanhavam o eléctrico que os levava à Praça da Ribeira onde se abasteciam de legumes com que governavam a vida no mercado de Santa Clara. Era um tempo em que aqueles mercados pululavam de gente; em que os espaços reservados aos pequenos comerciantes (lugares e pedras) eram disputados e bem pagos nos leilões do Município de Lisboa.
- Antes carregar duas sacas de batata cruzadas à cabeça que andar com um molho de mato e a passar fome! - Dizia minha mãe.
Recordo que trabalhavam duramente toda a semana e o único dia que lhes restava para descansarem era o Domingo. Talvez aqui esteja a explicação para não serem assíduos frequentadores da igreja.
- Rogério! Estamos os dois para aqui fechados em casa! - Dizia o meu pai, ainda na semana passada, e continuava:
- Se não fosse o Santana Lopes a fechar o mercado de Santa Clara a tua mãe e eu, mesmo com os meus 86 anos, ainda estaríamos vendendo frutas e hortaliças, convivendo e vivendo, no Mercado de Santa Clara.
 

 
 Minha querida mãe
Têm razão os meus pais. Os mais velhos só servem para votar e aí sim - até os vão buscar aos lares ou às suas casas! Quanto ao mercado de Santa Clara era, e foi, parte integrante das suas e das nossas vidas. Fecharam o mercado! Está às moscas! É um espaço morto.
Volto aos meus onze anos.

Frequentava, então, o Liceu Nacional de Gil Vicente quando pela primeira vez entrei nos claustros do Mosteiro de S. Vicente de Fora.

 

 

 

 

Claustros do Mosteiro. Ao fundo o Panteão da 4ª Dinastia de Portugal.
Ao meio do claustro situa-se do lado esquerdo a entrada para a igreja e do lado direito a linda sacristia mandada erigir pelo Rei D. João V.
 
Este foi o local onde se passaram estes factos

 

  

Nesse tempo as portas estavam abertas e, tirando o Panteão Real da Casa de Bragança que tinha segurança, tudo aparentava um completo abandono e desleixo.
Foi assim que conheci o Mosteiro de S. Vicente de Fora.
Comecei a caminhar para lá - até que um dia, quando frequentava a escola comercial, Deus colocou no meu caminho o caminho para a Igreja Católica. Por coincidência, ou não, era o dia em que o Padre Cunha tomava posse como Pároco de S. Vicente de Fora.
A história conta-se assim:
Andava eu pelos claustros do Mosteiro quando, em cima da hora das cerimónias de posse do novo pároco, faltou à chamada um menino do coro! Mas… o Padre Cunha fazia questão em ter doze rapazes! Doze eram os Apóstolos e ele só tinha 11.
Tudo tinha sido verdadeiramente programado, ensaiado ao mais pequeno detalhe: os mais pequenos à frente! Tudo em carreirinha, em duas filas! – Túnicas novas, feitas por medida! Sobrava uma! Era grande - como ela tivesse sido feita de propósito para mim!
Já não recordo o nome do meu antigo Professor de Religião e Moral do liceu que ia concelebrar na missa, porém, foi ele que aconselhou o Padre Cunha: o Rogério, seu antigo aluno, podia substituir o 12 menino do coro.
Pois bem! Não é que fui pescado quando por ali andava perdido…
Vestiram-me uma túnica branca.
Cingiram-me com um cordão vermelho.


 

 
Em poucos minutos ali estava eu, menino do coro repescado, a caminho do Altar, lado a lado com o meu bom e saudoso António Melo e Faro, ocupando um lugar na última de duas filas.
-Faz o que eu faço. - Dizia o Melo. E fiz!
Foi assim que Deus chamou por mim! Foi a minha primeira ida voluntária à missa. Fui o único menino do coro a não comungar nesse dia…
Bem! A história já vai longa e ainda a procissão vai no adro… Vou terminar por hoje.
A partir desse dia tornei-me um efectivo membro daquela comunidade!
A partir desse dia comecei a frequentar a catequese. Fui bem cedo catequista e até dirigente diocesano da JOC.
A partir desse dia passei a apreciar ainda mais a bela voz da Amália no gravador de fita do bom Padre Cunha!
A partir desse dia comecei a escutar e a gostar de música de órgão tocada no grande e extraordinário órgão de S. Vicente de Fora!
A partir daí, e nos tempos livres, passei a ser cicerone e tomei o gosto pela história, nomeadamente, pela vida e obra dos Monarcas que ali repousam.
A partir desse dia comecei a aperfeiçoar a minha formação moral e tudo graças a um Homem extraordinário – polémico certamente para muitos –
Obrigado: Padre José Correia da Cunha.
Rogério Martins Simões
 
JESUS
Rogério Martins Simões
 
Na terra nasceu.
Na terra brincou.
Na terra aprendeu.
Na terra ensinou.
A terra lhe cedeu
Os frutos e o mel.
O homem lhe deu
O vinagre e o fel.
Alguém o viu
Carregar a cruz.
De branco se vestiu
Seu nome era Luz.
Era poeta.
Era sonhador.
Filho e profeta.
Deus do amor.
Cordeiro imolado:
Quem tanto amou!
Da morte libertado
Ressuscitou.
 
Voltou! Da luz:
De luz revestido
De branco cingido,
Seu nome, Jesus.
 
MECO sexta-feira, 10 de Abril de 2009
(ao amigo: Padre José Correia da Cunha)
 
 
Poemas de amor e dor conteúdo da página

amrosaorvalho.gif

MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado

Copyright © 2017. Todos os direitos reservados. All rights reserved © DIREITOS DE AUTOR

Em destaque no SAPO Blogs
pub