ESTRELAS PARA MINHA MÃE
Rogério Martins Simões
Mãe! Que não sabe ler nem escrever:
Onde aprendeu a ler, todos, os meus ais?
Mãe! Que bem cedo teve de sofrer.
Mãe que tanto nos deu, e tanto me dais.
Mãe! Por que não a deixaram aprender,
Se está sempre tão atenta aos sinais…
Mãe que doando me ensinou a viver,
Para que amando nos amemos mais.
Se o amor é o néctar da poesia,
Minha mãe, lhe dedico neste dia,
Estes sentidos versos do meu amar.
Mãe! Passe suas mãos pelo meu peito,
Que este seu filho até já perdeu o jeito:
E tinha tantas estrelas para lhe dar…
Meco Café, 02/03/2016 22:14
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:29
Versos de amor
Rogério Martins Simões
Logo! Logo muito cedo,
Irrompe a luz, sem medo,
E descobre meu olhar.
Entra, sem bater à porta,
Quando o sol conforta:
Lembranças a despontar.
Em cima da velha mesa
Eu tinha a roupa presa
Com o prato da merenda:
Manteiga e pão escuro;
Que o branco era duro,
E só pela encomenda...
Solto os meus pés à légua
Que, na escola, a régua
Não aceita a demora...
Quisera, então, aprender,
A ler, para escrever,
Os meus poemas de agora.
Revejo, neste caminho,
Meus pais, com tanto carinho,
Neste nosso trilho em flor.
Volta o sol, que me beija,
Nesta manhã, que cereja,
Em meus versos de amor.
Lisboa, 30-10-2010 22:33:19
Simões, Rogério, in “POEMAS DE AMOR E DOR”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2019)
1ª edição: Agosto, 2019
ISBN: 978-989-52-6450-6
Depósito Legal n.º 459328/19
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:17
O MEU FADO MAGOADO
Rogério Martins Simões
O meu fado magoado
Passa o dia a noite inteira
A trinar numa guitarra
O meu fado que é tão triste
Percorre as velhas tabernas
Bebendo por todo o lado.
Se tarde tarda a noite
Acorda num sobressalto
Toda a minha fantasia
Das ruas do Bairro Alto
Corro a ver ao Castelo
Para de lá nascer o dia.
Há sempre numa viela.
Há sempre no meu olhar
Tanta vida, tanta fama
Um pintor com sua tela.
Um puto no seu andar
Nas ruas tristes de Alfama.
Agora que rompeu o dia
Adormece num vão de escada
Este fado madrugado
Desde a Bica à Mouraria
Escrevem mais poesia
Porque afinal à noite há fado.
Lisboa 9/2/1979
(O direito de autor é reconhecido independentemente de registo,
depósito ou qualquer outra formalidade
artigo 12.º do CDADC. Lei 16/08 de 1/4)
(A registar no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:57
MOIRA TÃO BELA
Rogério Martins Simões
Moira encantada, e tão bela.
Assim recordam aquela
Que tanta beleza escondia…
Dizem que as águas do mar
Pararam p´ra a ver passar
Enquanto o Tejo dormia.
Quando da barca desceu,
Lisboa em festa lhe deu
Um castelo com mesquita.
Daí que se diga agora:
Numa colina lá mora
Essa moira tão bonita.
Junto à cisterna do monte
Corre sempre água da fonte
Ninguém sabe d´onde vem.
Dizem que nasceu no rio:
A letra de um fado vadio
Que as mouras cantam também…
Onde o Tejo beija o mar,
Alguns param p´ra escutar,
Sete colinas de fadas.
São beijos desta cidade:
Sete morros de saudade
E mouras tão encantadas…
Meco, 05/08/2017
24/10/2019 21:13:18 (Direitos de autor reservados)
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:52
MOIRA TÃO BELA
Rogério Martins Simões
Moira encantada, e tão bela.
Assim recordam aquela
Por quem tantos sofreram.
Diz de quem a ouvia cantar,
O seu canto de embalar,
Que por amor se perderam.
Quando no Tejo desceu,
Logo Lisboa lhe deu,
Um castelo com mesquita
Daí que se diga agora:
Numa colina lá mora
Essa moira tão bonita.
E se cantando chorava,
Os seus cabelos lavava,
Nas margens deste meu rio
E o rio que tudo levou
Disse ao Tejo que a deixou
Neste meu fado vadio.
Onde o Tejo beija o mar
Alguns dizem escutar
Sete colinas de fadas
São beijos desta cidade:
Sete morros de saudade
Pelas mouras encantadas…
Meco, 24/10/2019 21:13:18
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:53
“Quando se chega à minha idade, sei que o comboio está a chegar à estação. Não sei se vai com grande atraso ou com grande avanço.”
(Alexandre Soares dos Santos – Empresário faleceu 16/8/2019)
NA ESTAÇÃO DOS ACENOS
(A CAMINHO DA LUZ)
Rogério Martins Simões
Na estação dos acenos
Regurgitam como lapas:
As memórias;
Os gritos de desespero;
Ou as luzes da ribalta.
Na estação dos acenos
Onde a ventura por ali passou
Existem sombras e visões
Que metem medo
E as paredes,
Por mais que as pintem,
Não limpam
Os risos ou os prantos.
Na estação dos acenos
Há sempre um túnel de silêncio
Onde se guardam
Recônditas lamentações,
Ou, na glória, o fim dos sonhos.
Se não imaginasse o trajeto desta linha
Não teria viajado tão depressa:
Ficaria por aí gerindo a pressa
Que pressa ele não tinha...
O comboio não chegou atrasado…
“Quando se chega à minha idade,
Sei que o comboio está a chegar à estação”
Ontem, na estação dos acenos
Um comboio levou consigo um sonhador…
A caminho da Luz
Meco, 17/08/2019 16:53:03
(20/11/2011)
Poemas de amor e dor
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publicado às 18:00
CONTINUO MINHA MÃE A CRESCER
Rogério Martins Simões
Continuo minha mãe a crescer,
Cresço e já não posso desistir.
Continuo, minha mãe, a erguer
Os caminhos por onde quero ir.
Não chore que eu irei escrever,
Quanto me ensinou a sentir:
Neste corpo que o viu nascer;
Nestes olhos que os viu abrir.
Tudo deu! Mais não me pode dar.
O menino cresceu, e de tanto amar,
Escreve versos com sua doçura.
Meus versos são o leite materno,
Gerados no ventre do amar eterno.
Mãe! Seu coração é de seda pura.
12-05-2011 19:27:26
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:33
O barco partia à vela
Rogério Martins Simões
Éramos dois loucos
Apaixonados!
E descobríamos na noite
O que perdemos
Desencontrados.
O dia não passava.
Ficávamos dispersos…
A noite desesperava
Entre danças, copos
E ficávamos submersos
No fogo dos nossos corpos.
E soprávamos as areias do deserto,
Para esconder a cidade
Que espreitava à janela…
Não havia tempo para as estrelas...
E o ardor soprava tanto:
Que o dia cinzento era branco
E o barco partia à vela…
01-11-2006 22:56
(Registado no Ministério da Cultura
Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
(Próximo livro)
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:28
Nem uma só palavra perdida
Rogério Martins Simões
Nem uma só palavra perdida!
Nem um só gesto desmedido!
É como um encanto, que encanta.
Vou ter saudades da vida.
Que bonitos nós vamos!
Será que nos veremos depois?!
Que pena não termos nascido mais tarde,
Para mais cedo nos conhecermos os dois.
Assim vou ter saudade,
Deste encanto que encanta a vida.
O teu amor me renova e cativa:
Nem uma só palavra perdida…
Que lindos nós vamos
Neste percurso tão curto de vida.
25/10/1996
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
A publicar no próximo livro
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:53
PERSEGUIÇÃO
Rogério Martins Simões
Não! Não me soltem as letras destes versos
Nem me pendurem num tempo breve
Basta o que não escrevi, e chorei,
Tudo se alagou no que não sei...
Que Deus te perdoe
E que seja leve.
Não! Não me prendam nas letras dos versos,
Deram-me setas afiadas na ilusão:
Ligeiras e tão lestas.
Quem lhes afiou as arestas?
Quem me retalhou o coração?
Não! Não me soltem as letras destes versos.
Nem a insensibilidade de quem se atreve
A distorcer, sistematicamente, a razão…
Antes tivesse perdão.
Que Deus te perdoe e te leve.
Lisboa, 28 de abril de 2011
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:40