O gato bond
O BOND
Nunca escrevi um poema sobre animais, apesar de todos os dias escutar... histórias ao nosso cão.
Hoje, quando vi uma fotografia de um gato, recordei-me do nosso gato “O Bond”.
O Bond entrou em nossa casa depois de ter sido abandonado... Mas a história começa assim:
Certo dia a minha esposa, que gosta muito de animais, chegou a casa transportando numa caixa, um enorme gato, “O Bond”.
Confesso que não queria ter um gato com medo… dos nossos dois cães, “podengos anões”.
Para mim, cão era cão e gato era gato.
Preferia os cães, porque contavam histórias… e eu gosto muito de ouvir contar histórias sobre animais.
Só que pela minha cabeça nunca tinha passado… ter um gato.
Então o gato que sabia - que eu sabia - que nas histórias de cães há sempre gatos, começou a conquistar-me:
Saltava para a secretária do computador e colocava-se entre o teclado e o monitor para dar nas vistas...
Perdi-me pelo gato! Ou melhor, o gato conquistou-me e comecei a escutar contos de gatos onde, também, havia pássaros e cães.
Após um dia de trabalho era com imensa alegria que encarava o regresso a casa. Vinham todos à porta para me receberem - os cães e o gato.
É engraçado! Nunca faziam queixinhas...
A par destes três animais domésticos existem bandos de pardais, que a minha esposa recebe, na varanda virada ao Tejo.
Todos os dias os pássaros vêm em bando para comer arroz partido, a que chamam “trincas de arroz”, e é uma algazarra.
É nesta história que entra o Bond.
Já tinha avisado a minha companheira que o gato se lambia muito quando o ouvia contar histórias sobre pássaros.
Por isso, o Bond, quando apanhava a varanda aberta passeava-se pelo parapeito do 8º andar numa passada precisa e, como era grande, para não espantar a passarada era logo recolhido.
Era uma alegria ver o gato, sentado na mesa da sala, contemplando os pássaros, pela janela, numa varanda virada ao Tejo.
Quem olhasse para o gato nunca adivinharia outra intenção, senão, apanhar os pássaros.
Certo dia a minha esposa deixou a janela do nosso quarto aberta e o Bond quis voar como um pássaro...
Chorei!
Mas, como nesta história real entram cães, posso afirmar que não mais os ouvi falar mal dos gatos.
Acabo como comecei.
Nunca escrevi qualquer poema sobre animais. Escrevo e sempre escrevi “poemas de amor e dor”, porém, não irei esquecer, tão depressa, as fábulas que ouvia contar ao nosso gato e à nossa cadela que já partiram.
Resta-nos, agora, um podengo anão. Está velhote, dorme que nem um cão e repete sempre as mesmas histórias que já conheço...
Não disse o nome do nosso cão.
É segredo!
Sabem! Quando sussurram o seu nome ele acorda!
Rogério Simões
29-12-2004 23:38
(reposição)
(Retratos da alma e do poeta no éden do encantamento)