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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

Chamaram-me comunista...

 

 

CHAMARAM-ME COMUNISTA

romasi

 Rogério Martins Simões

A pouca luz dos candeeiros

escondiam a raiva cerrada

nos dentes dos prisioneiros.

 

Ai se eu pudesse falar

Beijar os seios nus

da liberdade

Ai se eu pudesse romper

 os cadeados da injustiça

e tingir de sangue

Os lençóis de linho dos cobardes.

 

Por aqui vou andando

meu pai.

Escrevo esta carta

que não irá receber

Carta imaginária 

sem papel ou tinta

Acabei por confessar

o que nunca pensei!

Acabei por assinar

o que não sei!

 

Chamaram-me comunista!

Que é isso meu pai?

 

1973

 

 

 

Poemas de amor e dor conteúdo da página

Na revolta do cajado...

 

 

Na revolta do cajado

ROMASI

 

Sobem o monte

O pastor, o cajado e o cão!

Quanto mais se vergam

Maior é o trambolhão!

 

-EH farrusco!!!

Ah! cão de uma figa

Vai... dar a volta aos porcos.

 

Dizem pelos montes

Queixam-se os antigos

Que os donos dos porcos

Só dos porcos são amigos…

 

- Vai-te a eles Sereno!

- Anda varrão oooooo

Maldito javardo…

Marrano ladrão!

 

Fala-se por estas andanças

Que os porcos

São delícias nas matanças…

 

- Volta Sereno!

Anda Farrusco!

Venham cá roer do nosso!

Merenda de pastor

Fome de cão!

Toucinho cru

Naco de pão

 

Diz-se e não se enganam

Gado gordo,

E pele tostada

Pastor seco

Liberdade castrada.

 

Dizem agora no monte

Quando os pastores se juntam

Que amanhã irão comer o porco

Na revolta do cajado…

 

27/01/1971

 

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MORSE...

 

MORSE

Rogério Martins Simões

 

Traço, traço, traço, ponto

Morse, morse, morse morte…

Mais homens, mais gente.

Traço, traço, pouca sorte

Vai partir um contingente!

 

Pouca terra, pouca terra…

Lenços e preces agitam o ar

O pranto fustiga todo o cais…

Partem os noivos; chora o mar…

Os filhos, os amigos e os pais!

 

Traço, traço, traço, pronto

Regressa de novo o transporte

Beijam-se os filhos e os maridos

Agitam-se os lenços garridos

Traço, traço, traço, sorte…

 

Morse, morse, morse morte

Apita o barco engalanado

- O soldadinho vem no porão

Marido e o filho tão amado

Que regressa… num caixão!

 

Lisboa, 14/02/1969

 

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Renovação

 

 

 

RENOVAÇÃO

ROMASI

 

Se há algo que não concordo

É da injustiça e do medo

Das torturas que me recordo

Dos homens que partiram cedo

 

Atraídos à cilada

Despedaçados com matracas

Por discordarem da vida

Que levavam nas barracas

 

Só pediam pão, só isso!

E um pouco de educação

Só queriam paz e justiça

E o fim da opressão!

 

Fugiram, os que puderam,

Para França ou para qualquer lugar

E foi lá que souberam

Que podiam regressar.

 

Aqueles que escaparam à morte

Que para África foram lutar

Desfilaram cantando a sorte

Por poderem regressar

 

E no 1º Maio fizeram a festa

Que há muito estava proibida

Não há festa como esta

De chegar à liberdade com vida:

 

“Maio dos bravos,

Maio primaveril

Nascem viçosos os cravos

Do vinte e cinco de Abril.

 

1974

 

 

 

 

 

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Voltei a escrever e já não queria

 

 

(Óleo sobre tela ELisabete Maria Sombreireiro Palma)

 

 

 

 

Voltei a escrever e já não queria
Rogério Martins Simões
 
Voltei a escrever e já não queria.
Pensava ter esquecido este meu versejar.
Ser poeta é criar e sofrer todo o dia,
Passar ao papel o que a alma encontrar.
 
Este estado de alma que já não ousaria,
Que nos faz sofrer, para me encontrar,
Deixa o meu corpo quando escrevo poesia,
Nos poemas que ela cria, para me libertar.
 
A ti que mais amo e sem querer,
Se fico triste e te faço sofrer,
Rosa eu te quero, rosas eu te dou.
 
E se tu me vires distraído ou disperso,
Uma única coisa eu imploro e peço,
Espera! A minha alma não regressou.
 
Lisboa, 16 de Abril de 2004

 

 

 

 

 

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Quanta diferença!

 

 

QUANTA DIFERENÇA

Romasi

 

Qual é a diferença

Que vai em mim?

Qual é o gozo que me torna

Num homem morno

E me transforma

Em pasquim…

 

Qual retrato!?

Qual dilema!?

O meu cinema

É movimento…

É a minha vida.

Esta certeza,

Este calhar

Esta tristeza

No meu olhar.

 

Qual é a diferença

Que vai em mim

Que me transforma

Num fracasso…

 

E neste dilema

Posso ser, até, pasquim…

Mas não palhaço!

23/08/1966

 

 

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amrosaorvalho.gif

MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

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