Respiro Poesia (dedicado ao grande poeta Daniel Cristal)
Foto do Século XIX
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Foto do Século XIX
O QUADRO DA GUERRA
(
Pintor
Pega na tua tela e pinta.
Mostra a beleza da paisagem,
mostra os horrores da guerra.
Não tens tinta,
Mas pinta!
Serve-te do sangue que corre
nos corpos que jazem por terra…
Não queres pintar!?
Só sabes desenhar,
pintar,
As belezas da serra!
Vá lá!
Porque não queres tu agora
se à tua frente
há montes sem terra!
Se à tua frente há desgraça!
Ah! Já pintas!
Então pinta
O quadro da guerra.
Lisboa, Escola Secundária Patrício Prazeres,
15/9/1968
(Homenagem aos mártires de Guernica)
Mistérios da fé
Alexandrina de Balasar
Desloquei-me neste fim-de-semana a Balasar, uma aldeia que fica perto da Póvoa do Varzim a caminho de Famalicão (no norte de Portugal), para assistir ao casamento do filho de uma amiga.
O casamento realizou-se na Igreja de Balasar, Aldeia pequena e muito conhecida de “crentes e peregrinos” pois, na capela dessa igreja está sepultada a Beata Alexandrina de Balasar.
Alexandrina de Balasar, seu nome completo: Alexandrina Maria da Costa, mais conhecida pela doentinha de Balasar, foi canonizada recentemente pelo Papa. Alexandrina de Balasar foi elevada aos altares, como Beata, por existirem, posteriormente à sua morte, vários milagres comprovados, nomeadamente, a cura de uma doente em estado avançado de Parkinson.
A visita que fiz à casa onde ele viveu “amarrada” a uma cama durante mais de 30 anos tocou-me seriamente.
Confesso, que sempre senti uma enorme vontade em lá ir. Porém, foi tudo por acaso - se acaso o acaso existe.
No dia que antecedeu o casamento, o dia 17/9/2004, ao visitar a casa onde ele esteve entrevada, senti no corpo e na alma uma enorme presença espiritual para a qual não encontro explicação ou razão racional.
A Beata Alexandrina, segundo rezam as crónicas, esteve entrevada durante 30 anos, desde o dia 27 de Março de 1942 até falecer em 13 de Outubro de 1955, sem tomar alimento de espécie alguma, com dores constantes do corpo e torturas indizíveis da alma mas sempre generosamente resignada, sempre sorridente, a todos acolhendo com bondade impressionante.
«Alexandrina era portadora de compressão medular alta só, ou complicada de outros focos compressivos baixos» «A história da doença, os sintomas de que anteriormente se queixava e que hoje (Maio de 1942) apresenta, fazem crer que se trata de uma espécie de vários focos, mas principalmente lombo-sagrada, em compressão medular de um ou mais focos. É portadora também de uma cistite possivelmente devida aos cateterismos efectuados, durante longo tempo, mas o que principalmente avulta, na sua sintomatologia, é a compressão medular, ou mielite que a impossibilita de mexer-se, atento o grau que ela atingiu, na sua evolução de anos» (exames de 1941, rectificados em Maio de 1942 e anotados em 19 de Janeiro de 1943 pelo Dr. Gomes de Araújo e confirmados pelos Drs. Carlos Alberto Lima, professor Laureado da Faculdade de Medicina do Porto, e Dr. Manuel Augusto de Azevedo formado na mesma Faculdade).
Custa a acreditar que alguém sobreviva durante 13 anos sem comer, alimentada, apenas pela hóstia da comunhão.
Alexandrina ofereceu o seu sacrifício ao seu Deus, sempre com um sorriso, pela salvação das almas de todos os povos do mundo e é dela este pensamento:
«Queria consolar e confortar todos.
Queria dar alegria a todos os corações.
Queria tirar a fome aos famintos.
Queria vestir todos os nus.
Que pena eu experimento por todos os pobrezinhos»
Do seu diário a seguinte passagem (Diário da Alexandrina, 21.03.1947)
«Eu vivo com todo o amor,
porque com todo o amor por ti sou amado.
Amas-Me quando choras,
quando sorris;
amas-Me na dor
e na alegria;
amas-Me no silêncio
ou falando:
amas-Me em tudo».
(Beata Alexandrina de Balasar)
Nasceu: 30/03/1904
Faleceu 13/10/1955
20-09-2004 1:15:38
(CEZANNE)
editado em 2008