Bale o cordeiro zumbe o mosquito
(Foto do World Press Photo Contest 2004)
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(Foto do World Press Photo Contest 2004)
Nos anos 60 do século passado, talvez em 1965, frequentei, em Sagres, o “Curso de Formação e Cultura Portuguesa” e, durante o tempo que permaneci naquele promontório, tive a felicidade de conhecer, na praia, um casal de franceses que tinham uma filha linda.
Finda a formação diária corria à praia para rever estes novos amigos. Foi assim que fiz esta amizade, misturado com um amor passageiro, impossível e adolescente. Mas foi tão lindo!
Certo dia recebi um postal de França convidando-me a visitar o seu castelo que assinalava no postal. Sim! Um castelo e não era sonho! Não fui! Nem podia ir!
Passados poucos anos revisitei Sagres e de lá escrevi esta mensagem que, então, remeti ao Sr. Max para França.
Os amores de estudante passam! As mais belas e puras recordações permanecem para sempre.
(Romasi)
Bravo, Rogério, tu as gagné bien mes amitiés
« Max »
Et avec une boule
Nous avons fait amitié !
Si tous le monde
Joue la boule
La boule d’amour
d´amitié
nous serions toujours amis
et dans la vie ferions
un nouveau lien d´amour.
Nous jouerons encore la boule !?
OUI !
Je vais jouer avec vous,
toujours !
Parce que je vous aime
Et j´aime la boule.
Sagres, 30/01/1969
DESEJO
Rogério Martins Simões
Fui ver o pôr-do-sol
As ondas do mar
Fui e encontrei
Em cores de arco-íris
Com que sonhei
O teu amor.
Fui e encontrei
A tua vida.
Era noite
Olhei teu manto
De virgem
De natureza pura
E a única loucura
Que encontrei
Foi o luar
Que te beijava com ternura.
1969
Ex-Votos (Nossa Senhora da Atalaia, Portugal)
46 anos a escrever e a rasgar poesia
Já escrevi neste blog - comecei a escrever poesia na década de 60 do século passado. Um poeta só atinge a maturidade poética escrevendo - mesmo rasgando.
A poesia desse tempo, até ao ano de 1986, foi quase toda rasgada. Porém, ao longo destes anos ia-os distribuindo por colegas, familiares, amigos, e foram eles que me fizeram chegar os que desse tempo me atrevo a editar.
Católico praticante, dirigente Diocesano da JOC (Juventude Operária Católica), não podia deixar de olhar o que me era permitido ver e fingir não ver o que não queriam que visse. Daí que a poesia expressasse a falta de amor, a ausência de liberdade, a difícil vida dos trabalhadores, a injustiça social e a emigração, enfim, o sofrimento de um povo que via os seus filhos perecer, ou serem feridos, numa guerra desnecessária. (como desnecessárias são todas as guerras).
Os poemas desse tempo eram assinados com o pseudónimo de ROMASI. Por vezes arriscava mais na construção poética e na sorte…, outras vezes escrevia por metáforas, com palavras “encalhadas”... alguns compreenderão o que quero dizer.
A minha evolução como poeta fez de mim um crítico, da minha poesia, razão suficiente para ter evitado dar a conhecer alguns dos meus poemas, ou ensaios poéticos, em verso branco, muito embora já tenha colocado aqui poemas desse tempo – aqueles que considerava melhores.
Na passada 5º feira, em Queluz, dedicaram à minha nova poesia uma tertúlia poética e estive presente. Estranhamente, para mim, uma amiga levava um poema da minha primeira fase poética, que vai até 1974, e fez questão de me dizer que gostava desse poema. - TRAÇO, TRAÇO; TRAÇO; PONTO. Foi esta amiga que me fez repensar e tomar a iniciativa de os editar.
Voltei a ler esses
Lisboa, 06-04-2008 22:20:35
Saudades,
ROMASI
CONTRASTE
Romasi
Era imponente
e erguia-se majestoso
naquela verde colina.
Era miserável
e perdia-se na sombra
do colossal palacete...
Havia fortuna,
luxos, aparatos,
grande riqueza.
Havia fome,
desgraça,
amarguras sem fim.
A chuva caiu.
Os canos a escoram
e os senhores
continuaram a dormir...
Mas a chuva não pára,
continuou a cair.
A lama escorregou!
A chuva passou
pela madeira podre
e a barraca inundou.
Foi a desgraça tudo levou
Somente por lá ficou
O local da barraca
E o grande palácio...
25/09/1968
- Menino cor de lama
Porque quem toca o sineiro?
-Foi a água que me atirou da cama
Pela encosta do ribeiro.
Rogério Martins Simões
20/07/2005
DARFUR - SUDÃO
Rogério Martins Simões
Era uma noite, tão noite,
nem uma só luz existia,
as velas, acesas, não brilhavam.
Lá fora nem luar havia…
Metia medo!
Ninguém dizia!
Ninguém murmurava…
O silêncio era gélido!
Esperavam o dia,
e os corações sangravam…
Medrosa agonia,
Metia medo!
Ninguém diria…
Vieram os cavaleiros de negro…
Despedaçaram as portas!
Violaram! Mataram!
Derramaram o sangue!
Verteram-se as lágrimas!
Levaram os moços!
Incendiaram o chão!
Queimaram os corpos em pira!
Envenenaram os poços!
E partiram sedentos de ira!
Que tragédia é essa - Sudão?
Voltou o dia!
Fez-se noite!
Viram-se de novo as estrelas!
Que é do teu povo Sudão?
4/4/2005
(Dedicado a João Paulo II)