Meu Pai
MEU PAI
Filho de Maria da Ascenção Ramos, (1882 - 1938) e de António Antunes Simões (1881 - 1934).
Descende das famílias Simões e Henriques da Pampilhosa da Serra; dos Antunes e Ramos da Póvoa e dos Almeidas de Moninho. Teve duas irmãs, Maria da Nazaré Simões, empregada nos Hospitais Civis de Lisboa - Hospital de Arroios e Laura da Conceição Simões.
Foi um aluno brilhante na escola da Pampilhosa da Serra onde ganhou diversos prémios escolares: o 1º prémio escolar de 60$00, na passagem da 2ª para a 3ª classe, tendo obtido a nota final de 18 valores e o 1º prémio escolar, também, os 60$00, na passagem da 3ª para a 4ª classe, tendo obtido como nota final 19 valores.
Ingressou na 1ª classe em 1930 que concluiu em 1931. Concluiu a 2º grupo em 1932; a 2ª classe em 1933; a 3ª classe em 1934 e terminou os seus estudos primários, a 4ª classe, em 1935 com a nota final “brilhante com distinção”.
Da 1ª à 3ªclasse foi ensinado pelo Professor Anselmo Ferreira e na 4ª classe pelo Professor Gil.
Apenas pôde concluir a 4ª Classe, porque as vicissitudes da vida o impediram de prosseguir os seus estudos.
O seu maior trauma da infância foi a morte prematura do seu pai e a doença e morte de sua mãe, que, aliado à falta de recursos, tão normal nessa época, o impediu de realizar o seu sonho: “concluir um curso superior”.
Ficou órfão de pai aos 12 anos e de mãe aos 15 anos de idade, tendo migrado para Lisboa onde trabalhou, desde muito cedo, como caixeiro de mercearia até à data em que foi incorporado no serviço militar.
Trabalhou, depois, como “caixeiro-viajante” tendo conhecido todo o país ao serviço da firma “Francisco Simões” que comercializava sacos, batatas e outros legumes.
Em 21 de Abril de 1948, fundou, com seu tio Jaime Rodrigues, natural do Pessegueiro, uma pequena empresa de sacos usados, a firma Jaime Rodrigues & Simões, Lda., que foi a base de sustentação de toda a família, bem como de muitos parentes, amigos e conhecidos.
A sua “sacaria”, na Calçada do Forte em Lisboa, foi sempre ponto de encontro e de reunião entre os conterrâneos e amigos.
Esteve na reorganização da Comissão de Melhoramentos da Póvoa onde foi 1º Secretário nos anos de
Casou com Isabel Martins de Assunção, natural da Malhada, Colmeal, prima direita do actual Presidente do Tribunal Constitucional, Luís Manuel Nunes de Almeida.
Do seu casamento nasceram 5 filhos. As duas filhas faleceram precocemente e estão vivos os restantes filhos do sexo masculino.
Acolheu na sua pequena casa de Lisboa, na Rua do Mirante, parentes ou simplesmente conhecidos. Recordo-me de meus pais cederem a sua cama aos familiares e de terem dormido, em cima de sacos, no seu estabelecimento comercial.
É um homem com um “H” muito grande, dotado de uma memória prodigiosa colocando a honra e a honestidade no cimo do seu pedestal.
Foi brilhante na matemática e em outras ciências tais como a Geografia, as Ciências Naturais, a História e a Aritmética. A sua letra era muito bonita e por isso era o “miúdo” que escrevia e lia as cartas aos seus conterrâneos.
Mas a sua memória não é passiva.
Conseguiu passar para o papel, reconstituindo, a árvore genealógica de quase toda a sua ascendência: Simões, Ramos e Antunes (esta desde 1822).
Parte desta reconstituição familiar foi-lhe transmitida, oralmente, por sua mãe Maria Ramos (ti Mariquitas da Póvoa) e conservada na memória do meu pai até à data.
Foi sempre um grande comunicador. Lembro-me de o ouvir contar histórias de fantasiar e de encantar que tanto preencheu o imaginário da minha infância.
Escreveu poesia, pois li alguns dos seus poemas, que expressam bem as amarguras da vida, as coisas boas e simples e o seu amor pelo próximo.
Para que perdurem as lembranças da sua brilhante memória, que podem contribuir para escrever ou rescrever a vida difícil de um povo implantado na Beira Serra, vou trazer alguns artigos que escreveu e continuarei a incentivar para que escreva, pois neles se encontram alusões, menções a pessoas e factos, que fazem a história de uma aldeia a Póvoa da Pampilhosa da Serra e das suas gentes.
Homenagem do seu filho
2004