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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

Na minha causa

(Foto da autoria do Padre Pedro - Pampilhosa da Serra)

 

Na minha causa

Romasi

 

Na minha causa

O meu pijama

O meu colete

A tua casa.

 

No ciúme…

A magra raça

Do meu queixume

 

Na tua carne

Ardor de lume

Que me encerra

Que me abraça

Mas que nos une.

 

1978

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Penetro na noite sombria...

 

(World Press Photo Contest 2004)

 

 

PENETRO NA NOITE SOMBRIA

(Romasi)

 

Penetro na noite sombria

e vejo gente ao lixo

apanhando o papel velho dos jornais.

Trazem notícias de guerra,

ânsia de paz…

arraiais…

 

Quantos só agora souberam da guerra:

Ou por que não a fazem!

Ou por que não aprenderam a ler os jornais...

Para quê?

Se não há dinheiro para os comprar!

Mas há, sempre uma mão

para trabalhar,

um saco vazio para encher

e a fome para matar…

 

Um carro desloca-se a pouca velocidade

O motor... parece falhar

com o frio que o arrefece.

 

Um gato afasta-se para salvar a vida…

O cão procura o osso…

que escondeu outrora…

para logo fugir

com medo de ser apanhado pela carroça…

 

O dia nasceu!

O sol já penetra nos vidros dos escritórios vazios

e os trabalhadores vêem pendurados nos eléctricos

superlotados de aumentos…

 

Agora já não andam ao papel

porque a vergonha chegou...

Agora gira tudo na monotonia do dia

E tudo faz parte da vida…

 

Lisboa, 1967

 

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DOM TESO - Poesia erótica e satírica portuguesa

 

Poesia Erótica e Satírica Portuguesa

 

Fui desafiado, por de um grande poeta e amigo do Brasil, para colaborar numa sua iniciativa sobre o tema

“HUMORES BREJEIROS EM FORMA DE SONETO (PERFEITO OU IMPERFEITO) “.

Resolvi participar, respondendo sim ao seu desafio, e escrevi uma simples brincadeira, brejeira, a que chamei “Dom Teso”.

Umas palavras mais:

Natália Correia foi a pioneira na divulgação deste tipo de poesia. Todos certamente se recordam e alguns até possuem (como eu) da sua “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”.

Fazem parte desta colectânea poetas consagrados, como Bocage e, ainda outros, como por exemplo: Luís de Camões, Martim Soares, Padre Braz da Costa Mendonça, Filinto Elísio, Abade de Jazende, Gomes leal, Guerra Junqueiro, António Nobre, Augusto Gil, Natália Correia, Alexandre O´Neill, Ary dos Santos, Eugénio de Andrade e muitos mais.

Desconheço se a Editora “Afrodite” já reeditou a Antologia que é uma referência na comunidade Luso-Brasileira, ou, como dizia David Mourão Ferreira:

- «Finalmente!» «Até que enfim!»

Esta é a minha humilde contribuição, brejeira, à memória da grande poetisa Natália Correia.

 

 

DOM TESO

Rogério Simões

 

Estava Dom Teso a descansar

No meio dos seus dois colchões

Quando uma moçoila ao passar

Deita a mão ao seus…melões

 

- De pé! Ao seu lugar!

Vamos à procura de luta

Não se pode assim deixar

Quem apalpa tão bem a fruta!

 

E se a atrevida era esbelta!

Tinha um corpo de atleta!

E um “papo” que nem um nabo!

 

E eis já todo aprumado…

Grita o dono transtornado

- Pára Dom Teso que é rabo…

 

12-12-2004 21:33

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Sempre mulher

Sempre mulher

(romasi)

 

Maria mijona

A caminho da horta

Abre as pernas

E mija sem cuecas

 

- Rosa do campo!

 

Maria fedorenta

Fede suor

 

- Fábrica de rolhas

 

Maria bigorna

Soprando fogo

Das pernas e das ancas

 

- Torno de homem

 

Maria gente!

Mulher a preceito

 

Maria valente

Suja

Fedorenta

Bigorna de jeito

Mas sempre mulher.

1976

 (memórias de infância - a caminho da horta)

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Pai parabéns

(Foto da autoria do Sr. Padre Pedro)

 

Pai parabéns!

Hoje, 20 de Maio de 2006, quis Deus que fosse o seu aniversário, e que aniversário meu Deus: 84 lúcidos anos!

Eu sei que no seu bilhete de identidade consta ter nascido a 19 de Maio de 1922. Mas a data está errada!

Pai, há tantas coisas erradas nos registos!

Se eu procurasse no Registo pela data do seu nascimento havia de ser o bonito.

E se eu insistisse, que o pai nasceu no dia 20 em vez do dia 19, chamar-me-iam teimoso ou louco varrido.

É por isso que há por aí tantos loucos, encarcerados na sua sadia loucura, e se verdades dizem não passam de uns insanos.

Às vezes penso: se existem certos actos ditos de loucura, encarados e vistos como tal, eles têm como sublime vantagem de se concretizarem nos sonhos.

Não foram loucos os Santos, e tantas pessoas nobres que se despiram para oferecerem os trajes aos pobres!

Não são loucos os sonhadores de um mundo melhor, os que oferecem toda uma vida a uma causa maior!

Foi loucura viajar no espaço da incerteza e aterrar no império do esplendor como o fez São Francisco de Assis!

Eu sei que sou um sonhador: nem sempre sou o que pareço! E se pareço ser o que não sou, sou aquilo que bem conheço.

Dizia Pessoa que ser poeta é ser fingidor!

 

- Mas eu não finjo, obrigam-me a fingir!

- Eu não morro, obrigam-me a morrer!

- Eu não sofro, obrigam-me a sofrer!

 

E se sofrer tanta dor não compensa, ser solidário recompensa exigindo que a vida seja melhor onde a ela exista e aconteça.

Pai! Estas palavras são hoje inteiramente para si apesar de me ter perdido em deambulações.

Quando comecei a escrever, sem ter a menor ideia do que lhe iria dizer, sobravam-me as palavras. Agora, faltam-me as palavras que às vezes tanto me sobram.

Mas tenho tantas palavras para si, meu pai!

Ainda há pouco, enquanto conduzia, latejavam-me os sentimentos e tinha na cabeça searas de pensamentos deambulando em movimentos.

- Brotavam-me tantas emoções!

- Tantas lembranças!

- Tantas recordações!

Sabe, meu pai, herdei de si esta enorme fortuna que agora sei que desprezam: O sentido da honra; a sensibilidade; a humildade e acima de tudo a honestidade e se rico não fico, com esta tamanha riqueza, é porque me vejo aflito, quando aflito eu fico, para ajudar os seus netos.

Pai parabéns! Porque hoje completa 84 anos.

Como vê, desta vez, não me esqueci, se alguma vez esquecer o esqueci.

Que filho poderá esquecer um ser tão precioso como o pai!?

Recorda-se, meu pai, de nos declamar tanta poesia!?

Tantos poetas! Como este poema de dia de anos (ou desenganos), de João de Deus, que o pai recita quase sempre em seus anos:

 

DIA DE ANOS

(João de Deus)

 

Com que então caiu na asneira

de fazer na quinta-feira

vinte e seis anos! Que tolo!

Ainda se os desfizesse...

Mas fazê-los não parece

de quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse

que fez a mesma tolice,

aqui o ano passado...

Agora, o que vem, aposto,

como lhe tomou o gosto,

que faz o mesmo. Coitado!

Não faça tal; porque os anos

que nos trazem? Desenganos

que fazem a gente velho;

faça outra coisa; que, em suma,

não fazer coisa nenhuma,

também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia nessa!

Olhe que a gente começa

às vezes por brincadeira,

mas depois, se se habitua,

já não tem vontade sua,

e fá-los, queira ou não queira!

 

Como sei que continua a gostar de poesia, transcrevo o meu poema Memórias” que lhe dediquei há uns anos:

 

Memórias

(Rogério Simões)

 

Voo nas memórias de meu pai!

Que conta sem conto,

Os contos da nossa aldeia.

Era menino!

E certa noite ao luar,

Minha avó,

De nome Maria,

Ensinava meu pai a contar.

 

Pairo nas memórias de meu pai!

Que conta sem conto,

Os contos da nossa aldeia.

Era menino!

E todos os dias ao jantar

Contava para mim,

Histórias de fantasia e de encantar:

 

Irmãos éramos três,

Nazaré, Laura e José.

Minha mãe a todos nos fez

De força, coragem e muita fé!

 

Recupero aqui

As memórias de meu pai

Que hoje conto

Porque me encanta!

Era uma vez, na nossa aldeia,

Na Póvoa ao fundo do lugar,

Minha avó que era uma santa,

Ensinava meu a pai a rezar.

 

Ave-maria.

 

Acabo como comecei se acabar eu queria:

Faltam-me as palavras sobra-me a poesia.

 

Mil beijos deste seu filho,

Rogério Martins Simões

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Vontade do sol...

(foto da autoria do Sr. Padre Pedro)

Vontade do sol
Romasi

 

A nuvem é forte

Tem a força da chuva

Pois a chuva

É o peso da vontade do Sol

Por isso, dizem,

- O sol dá abrigo

Aos puros da estrada…

E que os nus morrem afogados…

15/02/1975

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Parkinson é assim

(foto cedida pelo Sr. Padre Pedro)

Se esta mão com que escrevo

Escrevesse como escrevia

Certamente eu ousaria

Visitar-vos

Com a fórmula mágica

Com que alindava os meus versos.

 

 

Agradeço a todos quantos lêem os meus poemas e me incentivam para continuar. Agradeço a todos, incluindo amigos pessoais, a forma carinhosa como me recebem em vossas casas.

Digo-vos que não tenho por hábito desistir. Estes últimos meses têm sido muito difíceis para mim. Quase desisti…

Não me vou para aqui lamentar pois há quem muito mais sofra e não chore. Sem lamechas dir-vos-ei que stress mina e domina a minha doença e o resultado está à vista: não durmo, os medicamentos já não produzem qualquer efeito e por via disso, falha a voz, o cérebro deixa de comandar o braço e a perna esquerda.

Agora tremo e temo – dizem que a Parkinson é assim.

O pior sofrimento é a solidão. - Sempre que possa e enquanto Deus me der forças continuarei.

Deixo-vos com os poemas que habitam no meu coração

Saudades

17-05-2006 23:09

Rogério Simões

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MARESIA

convento.JPG 
MARESIA
 
Não resisto à tentação de vos fazer perder algum tempo, um tempo carregado de teclados, para vos dar conta dos meus conflitos.
Às vezes pareço adormecer numa enorme letargia, apenas aparente, e dou por mim misturado, baralhado, mergulhado entre papéis e pensamentos. A cabeça tritura interrogações - como seria mais feliz se as libertasse.
As nossas vidas estão repletas de salões desconfortáveis que nos encerram, nos conflitos internos, entre quatro paredes.
Prefiro meter as mãos na terra que andar aos papéis perdendo tempo.
Já perdi tantas horas!
Tenho numa varanda, virada ao Tejo, dois canteiros cheios de plantas que sorriem para as águas. Ontem reparei que as roseiras estavam carregadas de botões e as águas, nas marés, espreitavam de espanto para a minha janela.
Adivinham-se fenómenos estranhos
quanto o perfume das rosas se misturar com a meia maresia do meu Tejo.
Até lá vou perdendo tempo,
Lisboa, 18 de Abril de 2006
Rogério Martins Simões
 
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Debaixo das árvores

 

(Foto cedida pelo Sr. Padre Pedro)

Debaixo das árvores

 

À sombra de grandes árvores

Na rua, jogando a bola por vez,

Brincando pendurado nos carros,

Um menino homem se fez!

2005

 

Eram os meus primeiros passos, em linha angular, nesses tempos de sete anos.

As casas eram pequenas. Todos se amontoavam -dormia-se por turnos e não sobravam os espaços

As ruas, que conduziam à feira-da-ladra, eram "povoadas" de vendedores ambulantes que ganhavam a vida num tropel de "quatro patas".

Havia fava-rica a cinco tostões! E ouvia minha mãe dizer que tinham cabelos - pois não as podia comprar...

Nas pedras da calçada, redondas sem alcatrão, havia burricadas e os garotos da minha idade jogavam à bola, com bolas feitas de trapos.

Como ansiava e esperei por uma bola a sério! Como a dos jogadores e, quando tinha algum tostão, comprava rebuçados enrolados em cromos à espera que me saísse do jogador mais "custoso".

Certo dia meu pai jogou de uma só vez e saiu-lhe o boneco que dava direito à bola. Aí pensei. O dinheiro compra tudo!?

 

Os ponteiros dos relógios fazem corridas de horas, minutos e segundos!

Na minha rua havia garotos com horas a brilharem ao sol!

Na minha cabeça, fantasia de sete anos, abriam-se espaços ocos com imagens sucessivas de relógios com correias de nylon coloridas.

Conheci os meus novos companheiros de aventura e por estranho que pareça já os adivinhava há muito! Filhos de mães trabalhadoras que aliviavam os braços deixando os meninos entregues ao destino.

Os seus rostos eram iguais a tantos meninos: Viviam e cresciam na rua: jogavam a bola, partiam os vidros, fugiam da polícia pendurados nos eléctricos e nos autocarros.

Era o começo de uma geração desprovida de laços.

 

-Ó pá! O que andas aqui a fazer?

Perguntou-me o "Zarolho" quando me viu pela primeira vez, como menino, levado para a escola pelo braço de minha mãe.

Encolhi os ombros! Era o indício da minha geração, pois, no queimar dos anos, vi muitos a "encolherem os ombros"

- Sabes?! Isto aqui é da "malta"

Fez-se silêncio - de um vazio contínuo e assustador.

- Para seres dos nossos - e eu sou o chefe, é preciso que lutes comigo!

E lutei!

Nesse dia um menino de sua mãe chegou a casa - com as calças rotas e sujas.

- Rogério, que fizeste às calças que estreaste?

- O teu pai, logo, vai bater-te! (Ameaçava minha mãe dando-me um tabefe).

Chegou a noite!

O meu pai chamou a si a difícil tarefa de um pai trabalhador.

Chorei! Aqui começaram as minhas primeiras lágrimas, unidas, lado a lado com a minha primeira aventura.

Rogério Simões

1974

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MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado

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