Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
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Poeta: Rogério Martins Simões
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Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
A derradeira oração marca uma época da minha vida.
A guerra colonial estava a marcar profundamente a minha juventude e as cicatrizes nos corpos das vítimas inocentes enlutavam as famílias.
Católico praticante, militante na Juventude Operária Católica, não concebia, devido aos ensinamentos e à minha consciência, ter de pegar numa arma para matar. Daí as contradições. Por um lado o ensinamento Cristão - não matar; por outro lado era-se obrigado a pegar em armas para salvar a pele.
Ao longo da nossa vida tivemos momentos “tábua rasa”, abrimos os olhos e começámos lentamente a descortinar umas formas, talvez o peito do nosso crescimento e juntamente com um sorriso - o canto da nossa mãe.
Depois fomos olhando, reparando sem ver, os que estavam perto: algumas sombras mal definidas - a família - e, enquanto estávamos no berço, contemplávamos o que nos rodeava - as nossas mãos, os nossos pés, os cobertores, o compartimento do berço, as paredes, o tecto do quarto...e despertávamos, desta aparente letargia, nas vozes doces que, pouco a pouco, apreendemos a descortinar.
Foi aí que reparámos que se repetiam, muitas vezes, uns quantos vocábulos quando se aproximavam de nós. E, de tanto escutar palavras ditas com ternura, começámos a responder instintivamente ao chamamento.
Rogério é meu nome!
Tal como aprendi o meu nome, sem ter a consciência de que o estava a interiorizar, aprendi muita coisa nesse tempo em que tinha todo o tempo do mundo...
Nessa época, os meus pais, mesmo sem vagar, porque as suas vidas por vezes eram duras, tinham todo o tempo para mim. E os avós, quem os tinha, ensinavam aos meninos os contos mágicos, inscritos no livro do pensamento, que lhes tinham sido transmitidos oralmente pelos seus antepassados.
Há sempre tempo para tudo, digo eu, e na luz irradiante da família aprendi a amar e a ser amado; aprendi a respeitar e a ser respeitado; aprendi a ser feliz e a fazer felizes os outros; aprendi a acatar e a escutar os mais velhos; aprendi a dar valor às pequenas coisas, e, como os meus pais davam tudo o que podiam, aos seus parentes, aprendi a ser solidário.
Depois, ainda havia a minha madrinha.
Eu tive madrinha! Era a irmã mais velha de meu pai, a Nazaré, que trabalhava nos Hospitais Civis de Lisboa, no Hospital de Arroios, e como ela descobri que havia seres humanos que sofriam.
Mas, como era menino, corria pelos claustros do hospital e brincava com os meninos doentes às escondidas.
Foi aí que constatei que a minha madrinha era uma santa, pois consagrou toda a sua vida aos doentes.
Eu tive a felicidade de ter madrinha, e como madrinha substitui os pais, levava-me a visitar os acamados a quem emprestava o único rádio que tinha para lhes aliviar a dor.
Era assim: dava-me rebuçados (ficava todo lambuzado); aturava-me enquanto meus pais iam trabalhar e ensinava-me que até a dor pode ser aliviada escutando um belo fado da Amália...
(Parte ll)
“R” mais “o” é RO; “g” mais “é” GÉ; “r” mais “i” é RI mais “o” com o faz ROGÉRIO, assim me ensinava a escrever o meu a minha professora, a Dona Susana, da “Escola Republicana de Fernão Botto Machado”.
Gosto do meu nome embora seja invulgar. Aprendi que dava jeito, pois, quando era chamado a exame, éramos ordenados por ordem alfabética e sempre tinha mais algum tempo para estudar. Tinha os seus inconvenientes: estava sempre no fim da lista e em algumas situações, de tanto esperar, desesperava e aproveitava para roer as unhas...
Há sempre tempo para tudo - digo eu.
Existiu um tempo para ser desejado sem dar por isso; um tempo para ser amado sem dar por isso e, quando dei por isso, reparei que tive e ainda tenho, felizmente, todo o amor e carinho dos meus pais.
Vou parar por aqui esta minha meditação. A minha ascendência é significativamente a razão da minha conduta, da minha decência, da minha consciência.
Tive e todos nós tivemos tempo para tudo.
Errei, levantei-me. Escutei sempre o coração, empenhei sempre a alma controlada pela minha consciência. Voltei a errar e voltei a erguer-me aprendendo sempre com os meus erros.
Reconheço os disparates que fiz (todos os fazemos) ao longo das nossas curtas vidas.
Mas a minha glória está em reconhecer os meus defeitos, combater os meus erros, sublimando as minhas atitudes de comportamento que não se reviam ou revêem na herança do meu sangue ou e na educação que recebi dos meus pais.
Sou um humilde poeta! Nunca serei um homem pequeno...
Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado