Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
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Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Mãe! O Menino Jesus não veio, onde está a minha trotineta?
- Meu filho Ele deixou-te um presente, no sapatinho, dentro da chaminé!
Mãe! Mas… eu pedi uma trotineta igualzinha à dos outros meninos!
- Meu filho, as meias fazem-te falta e a mãe tem “sonhos doces” para ti!
Mãe para o ano o Menino vai pôr a trotineta no sapatinho, não vai?
Sim meu filho! Prova os sonhos!
Avô, quando é Natal?
- Netinho, hoje é dia de Natal e a bisavó fez-te sonhos!
Avô, o Pai Natal não veio, onde está o jogo que pedi?
- Netinho, ele deixou-te muitos presentes e até uma trotineta…
Mas, avô, não era aquele jogo que queria e para que serve a trotineta?
Avô vai trocar o jogo, não vais?
- Sim netinho! Saboreia agora os sonhos…
(Diálogos da alma e do poeta)
(Foto de um quadro meu de autor desconhecido)
MENSAGEM DE NATAL
Natal, tempo de preparação para uma festa muito especial – comemora-se precisamente nesse dia, o dia 25 de Dezembro, o nascimento de um Menino que permaneceu menino através dos tempos.
É por isso que o Natal é das crianças e a festa é toda delas.
Natal é um tempo de paz e de harmonia em que os adultos se recordam que já foram meninos, mas, também, querem entrar na festa esforçando-se por realizar os sonhos dos meninos.
Ou porque O tal Menino tudo fizesse para haver paz entre os homens, todos nós, crentes ou não crentes, aproveitamos este tempo para expressarmos, uns aos outros, o nosso amor pelo próximo e, quiçá, tentando apagar das memórias momentos menos felizes nas nossas relações interpessoais.
Que o verdadeiro espírito de NATAL prevaleça na nossa amizade, nas nossas diferenças, nas nossas casas, no nosso trabalho - com quem passamos a maior parte da nossa vida e, unidos, tudo faremos para construir um mundo melhor para todos.
(Um agradecimento muito especial para aqueles que me ajudaram a suplantar as barreiras que a vida me colocou na pista… Não preciso de citar os nomes, eles bem o sabem, obrigado.)
Vou concluir desejando a todos, sem excepção, um Natal de partilha e muito amor e que 2007 nos dê tudo o que de bom desejamos, ou devemos desejar.
Tens um olhar sublime como o mar um gesto sereno como a brisa do vento um abraçar como a luz do sol as palavras como água de nascente. Num gesto transformas muito porque tens alguém junto a ti que é como a areia molhada pelo mar como o doce cheiro da terra no Outono como um campo de flores quando a Primavera chega.
17/12/2006
(obrigado Tiago, meu sobrinho, pelo poema que deixaste em forma de comentário. A Bete e eu agradecemos as tuas lindas palavras.
Fico à espera de poemas teus e de fotos dos teus quadros.)
E para que conheçam um pouco da sua arte - eis este belo quadro, que adquri em 2000, em que o Tiago foi co-autor)
(Todas estas fotografias foram cedidas pelo Sr. Padre Pedro da Pampilhosa da Serra)
O BARBEIRO
Maria.
Espero que ao receberes esta carta estejas bem que nós por cá vamos na graça de Deus.
Recebi a tua última carta onde me dizias palavras lindas, como só tu sabes dizer, e com ela vinha a senha para levantar o cabaz das mercearias que nos mandaste pela camioneta.
Já recebemos a encomenda, estava tudo bem, mas escusavas de te incomodar.
Aqui na terra tudo vai como no costume.
A cabra da Ti Rosário entrou na horta e foi dar cabo da vinha do tê pai.
Ouvimos dizer que o Ti Chico fugiu para França. Que raio é que deu ao homem que tinha aqui tanto mato para roçar.
O Zé do fundo do lugar, coitado, é que não teve a mesma sorte. A família dele está de luto! Morreu de uma bala ao atravessar a fronteira. Mas esse, coitado, não tinha aqui nada para comer. Agora que vai ser dos filhos dele. É assim! Temos de nos conformar…
Maria! Vieram-me contar, (aqui na terra há cá umas mexeriqueiras), que estás apaixonada e que até lhe escreveste, numa carta, umas sem vergonhas.
Vê lá que eu nem queria acreditar. A TI Aninhas, que é cá uma coscuvilheira, pediu ao primo que trabalha aí em Lisboa para descobrir se era verdade.
Sabes lá: o Ti Manel da estiva, que é um magano, roubou a carta ao teu namorado.
Maria - nem sabes a vergonha por que estamos a passar. Ainda se fosses um rapaz... mas logo uma menina tão bem educada que fez a comunhão e tudo
Aproveito para te mandar uma cópia da carta que o barbeiro copiou.
Vê lá se foste tu que a escreveste, pois quero desmentir o povo.
Desculpa a letra mas o Ti António barbeiro cortou-se na navalha.
Por hoje não tenho mais para te dizer. Espero a tua resposta na volta do correio.
Beijos da tua mãe
Estes desenhos da alma foram construídos a partir de um comentário que escrevi directamente a um texto, lindo de amor, que a amiga Maria do saudoso blog “Cumplicidades” escreveu.
Só por falta da sua autorização para transcrever o seu poema de amor escrito para a sua alma gémea, fez com que eu, narrador, não mostrasse o texto que o bom António “Barbeiro” copiou e que juntou à carta que foi remetida à Maria por sua mãe.
Ora vejam:
“Maria desculpa a letra e não ligues, tudo vai passar.
Ouvi dizer na Rádio Moscovo que a PIDE vai ser corrida pelos comunistas e que as mulheres irão votar.
Por favor queima a carta e manda-me um frasco de “Pitralon” que depois pago.
Este que se assina
António Barbeiro.
Mas a Maria já respondeu! E escreveu à sua mãe uma linda carta.
Afinal, porque estava na Cidade, não se preocupou com as “linguareiras”
Resposta da Maria na volta do correio
Mãe, Sim estou apaixonada. A carta que te chegou às mãos, minha querida mãe, fala de um amor imenso, puro e que me faz tão feliz. Por isso minha mãe te peço, fica feliz por a tua filha conhecer o amor, por a tua filha se viver em felicidade.
Sabes mãe, não conheço outra forma de viver que não através dele, e isso minha mãe, aprendi contigo. Por isso te peço, ignora o povo, e não sintas nunca vergonha. O amor não se vive dela. Nada do que consta nessa carta são sem vergonhas, minha mãe.
Lê, repara em cada palavra, em cada sentir que elas revelam, não é isso que é a vida minha mãe?
Não é assim que deveríamos todos viver, no amor? Acredito que se todos se vivessem nele, saberiam compreender, e com toda a certeza o mundo seria muito mais humano, estariam todos muito mais disponíveis para os outros. Não concordas? Não desmintas, mãe. Confirma que foi a tua filha que a escreveu. E não ligues à voz do povo, o importante não é que saibas que a tua filha, está bem? Da filha que te ama...
(Resposta escrita por Maria Branco, Blog Cumplicidades, a quem agradeço)
-Maria esqueceste o “Petralon” para a barba e que o Ti António Barbeiro pediu.
Mas o bom António quando a carta chegou já não a leu.
O narrador volta a chamar pelo poeta
P.S:
Aos Homens grandes
O António que escreveu as cartas à Maria era um homem notável: barbeiro de profissão; médico-enfermeiro nas horas vagas.
António foi buscar o saber aos velhos livros de medicina, e, porque era letrado - poucos na sua Aldeia aprenderam a escrever - lia e escrevia as cartas do povo que não sabia ler nem escrever.
Mas o António “Barbeiro” gostava de ouvir!
(Os barbeiros escutam sempre e nem sussurram as confidências!),
E mal tarde tardasse a noite, pé ante pé como se fosse um salteador, acendia o velho aparelho e de novo sintonizava a Rádio Moscovo.
António era um homem prevenido.
À noite colocava por cima do rádio um copo de água e se, no silêncio das quatro paredes, a telefonia emitisse uns silvos esquisitos, baixava o som até quase não se ouvir.
- Não viesse por ali algum “bufo” para o denunciar e agente da polícia política para o levar.
Mas o “Barbeiro” que sabia tanto procurava descobrir na onda curta, da telefonia, o que as emissoras oficiais não lhes contavam.
Foi assim que ouviu dizer, aos comunistas, que iriam libertar o povo e que as mulheres iriam votar
Talvez por isso, o António, barbeiro de profissão, enfermeiro e escritor nas horas vagas, escrevia abusivamente nas entrelinhas, algumas linhas, com recados pessoais para quem eram dirigidas as cartas.
Certa noite de intensa tempestade o António Barbeiro desapareceu e ninguém mais o viu vivo!
Dizem na Aldeia que conhecia os caminhos como ninguém!
(Desenhos da alma e do pensamento do poeta ao sabor da pena)
À Maria Branco o meu agradecimento por completar este diálogo.
Rogério Simões.
(Homenagem póstuma ao Ti João Barbeiro da Póvoa, amigo de meu pai e que ainda conheci)
Deixo-vos com um belo momento de bem recitar poesia.
Gratidão é a palavra que aprendi a pronunciar em momentos como este.
Para que possam acompanhar declamação do Luís Gaspar deixo aqui esses dois poemas que muito gosto. Aproveito para expressar a minha admiração à jovem poetisa que o Luís Gaspar nos dá a conhecer.
Saudades. Rogério
VOLTEI!
(Rogério Martins Simões)
Venho dos limites do tempo
De uma galáxia qualquer
Já fui mar, já fui vento
Agora sou pensamento
Aparado em dado momento
No ventre de uma Mulher!
Meu corpo é magistral!
Brutal! Perfeito! Soberbo!
De início não era verbo
Agora sou o verbo ser
Tenho comigo segredos
Segredos do universo
Transporto no corpo recados
Escrevo em forma de verso.
Venho dos limites do tempo
Não sei o que fui e sou:
Deserto? Nascente?
Já fui Norte, já fui Sul
Pó astral, mar azul!
Luar, estrela cadente.
Eu me vou!
Partirei num cometa qualquer
E serei novamente pôr-do-sol.
Cor-de-rosa, aloendro, malmequer!
Voltei...Já cá estou…
Agora sou pensamento
Nascido em dado momento
Do ventre de uma Mulher!
23-09-2004 18:39
Aldeia do Meco
QUISERA ANDAR DE CARROSSEL
Rogério Martins Simões
Quisera andar de carrossel
Com um sorriso de criança que ri
Rosto rebuçado, melaços de mel
Laivos da festa que resta em ti…
Num dedo prendo o balão,
Com outro seguro o corcel
Soco a bola com a mão
As mãos, o rosto e a testa
Besunto-me todo com mel.
Solta-se dos dedos o balão
Que voa a caminho do céu
-Mãe! Vai-me apanhar
Um sorriso igual ao seu…
-Meu filho a mãe não sabe!
Ler, nunca aprendeu:
A mãe vai procurar
O balão que se perdeu…
-Mãe que sabe escutar,
Meus choros em seu coração
Abençoada o seja minha mãe
Por tudo o que foi e me deu!
Rodopiam as lembranças da festa
Pára o movimento ondulante
Sujo-me de novo a cada instante…
Sem rebuçados com sabor a mel
Mas… Brinquei tanto no carrossel….
2005-10-20
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 12:08
MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975
Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado