FELIZ ANIVERSÁRIO Maria Efigénia Coutinho Mallemont
15 de Julho de 2007
Aniversário
de
Maria Efigénia Coutinho Mallemont
Querida amiga Efigénia parabéns pelo seu aniversário.
São os votos deste seu amigo e humilde poeta,
Rogério Martins Simões
Como somos poetas nada melhor que um poema do meu poeta preferido - Fernando Pessoa:
ANIVERSÁRIO
Álvaro Caeiro
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai, meu Deus! o que só hoje sei que fui...
A que distância!
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minha lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muita coisas - doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado -
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me os dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
Efigênia Coutinho
um Amor Futurecido, vou sonhando
encontros certos, abraçando todo
este Universo de versos sentidos!
do salmo da vida, presa estou neste
Cristal, entre enigmas, dum sonho
livre, bordando pelos ares anêmonas
tênue véu de Esperanças, adornando,
secretas nuvens de fogo e incenso
encontros das almas que dançam
enamoradas, roçar de beijos noturnos,
traçam seu Futuro na esfera Esperança!