É tarde amor...
DEGAS
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DEGAS
Fonte de esperança
Minhas palavras ocas
Lançadas ao vento!
Adeus
Minhas palavras velhas
Ao sabor da corrente.…
A Deus
Minhas palavras novas
Crepitando por aí
Da nascente…
1973
(óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
AGITAM-SE DE NOVO AS MARÉS…
Agitam-se de novo as marés…
Estou inquieto
No desespero aflito
Prefiro não me ter…
Não! Não quero!
Ouvir de novo o meu grito.
Tremo
Temo soluços e muita dor.
Que se afundem as minhas mãos
Depois destas marés profundas…
E não te perca
Pois quero ver-te
Pois quero ter-te
Para sempre meu amor!
Sufoco
Quase sufoco
Por quem me tomas má sorte?
Que a felicidade não secundas
Por quem és?
Escuta!
Não me confundas
Sou força bruta!
Que não se joga a teus pés!
E se eu for à luta?
Para que não te perca!
Pois quero ver-te
Pois quero ter-te
Para sempre meu amor!
Hospital de S. José, Lisboa,
14 de Setembro de 2006
(16,42 horas)
(Foto minha com 22 meses, 1950)
ARREPIAM-ME AS LEMBRANÇAS Rogério Martins Simões Arrepiam-me as lembranças Das manhãs descalças… De um corpo fino De um bibe com alças: Memórias de um tempo menino. Sou alérgico às memórias ingratas! Clarabóias deixam passar a luz, Que derrete o gelo indeciso Por onde passou um tempo preciso, Das coisas belas e gratas. Sou um vestígio dos umbrais Que sustêm o peso dos meus sonhos. Tento viajar com os olhos cerrados Por um campo milho verde Com bandeiras a tocarem o céu… Vou jejuar! Não comerei os figos Bicados pelos gaios… Procuro na horta os abrigos Onde a distância dos Maios, Dissipam as canas dos trigos… Toquei na colmeia por querer! Sou um sopro de saudade Favo de mel com a minha idade Picado de abelhas ao alvorecer… Cheguei ao fim dos silêncios Onde as memórias são silenciosas. E os silêncios para contemplar… Quem vos disso Que tinha de atalhar os caminhos Na horta adulta… Se me resta um pedaço de água pura E um púcaro vazio para a apanhar…. Lisboa, Tejo, 18 de Outubro de 2007 UM NOVO ANO DE 2008 MUITO FELIZ PARA TODOS OS POVOS DO MUNDO Deseja, Rogério Martins Simões. Visitem o site que criaram para a minha poesia e vejam a arte do amigo Luís Gonçalves. Deixem um comentário ao autor do site que teve e terá imenso trabalho. Obrigado a todos! http://www.romasi.netpampilhosense.org
(óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
RECORTE NA PLANÍCIE
Venho de um tempo de Inverno,
Quando a noite mais tempo toma.
Sou fruto de um vagar eterno
Quando o trabalho não retoma.
Do frio, a cortiça protege o sobreiro…
À lareira cerzia panos de linho
Chovia lá fora, era Fevereiro.
Sou filha do amor; lenha de azinho.
Foram longos os meses de espera
- Seara! Aprendi a bailar contigo
E foi a mais linda Primavera
E minha mãe cantava comigo:
“Semeei este amor de Inverno,
Papoila! Ventre da Primavera
Bago de trigo; Verão eterno,
Outono! Vida! Minha quimera.”
E o Verão foi ainda mais quente!
Mas o Outono é a minha estação…
A minha mãe carregou a semente
Verde foi o fruto do seu coração.
Ceifa-se no Verão
O que Outono é servido
Sinto dar a mão…
Que lindo vestido!
Se voltar a
Que me viu nascer
e beija
Estarei ao postigo!
Sua bênção, minha mãe.
Sei que estás comigo!
19-10-2006
(Poema dedicado a minha doce e linda companheira, Elisabete Sombreireiro Palma, que nasceu em
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
O TEMPO VOA
Rogério Martins Simões
O tempo voa.
Que voe,
e nos deixe amanhecer mais tarde…
com os nossos corpos colados
no tempo.
Na leveza deste tocar breve,
que roça os nossos sentidos
e tem tanta beleza.
O tempo voa.
Que voe,
mas não apague
este ardor que arde
Prazer incontido que nos torna carne,
Com os nossos corpos molhados
Entre lençóis de linho.
O tempo voa.
Regressam as nossas recordações
de mansinho…
15-08-2006 22:15:18
(Poema inédito neste blog)
(Elisabete Sombreireiro Palma
a
pintar
Meco - Campimeco)
(Óleo sobre tela
Elisabete Sombreireiro Palma)
(Elisabete Sombreireiro Palma a pintar sobre tela)
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
FORA DE TI SOU UM NOVELO
Rogério Martins Simões
Erguem-se as montanhas.
Perfilam as imagens.
Vêm através de mim,
ensina-me o caminho das margens…
Meu amor volta depressa
Tenho as minhas mãos tão pesadas
Que nem as mando poisar
Meu amor regressa
Tenho as mãos tão cansadas
E não as posso libertar.
Fora de mim sou um novelo,
que se desprende,
entre os dedos alinhados.
Fora de ti sou um elo,
que se prende,
entre os dedos desalinhados
Tenho as mãos tão pesadas
não as consigo desapertar.
Tenho as mãos tão cansadas
Que não as consigo soltar….
Salta para o meu cavalo de chuva
que se ergue à porfia.
Vem de um pulo só.
Leva-me contigo depressa
Meu amor regressa
Tenho as minhas mãos tão pesadas
Que nem as mando poisar
Meu amor volta depressa
Tenho as mãos tão cansadas
Que nem as posso libertar.
03-05-2006 15:30
(À minha companheira BETE que pinta
e com a tinta do seu amor suaviza a minha Parkinson)
BETE Amor da minha vida, minha companheira, esposa e pintora. Não existem palavras suficientes e bonitas, (pois linda és tu!), para te expressar o que sinto neste instante, pela tua dignidade, pelo amor demonstrado ao longo destes anos de enorme sofrimento que ainda agora começa… Este é o teu mês - balança que equilibra o que resta de mim. Até ao dia do teu aniversário, 19 de Outubro, voltarei a colocar aqui alguns poemas que te escrevi. Começo por este poema, “fora de ti sou um novelo”, que te dediquei quando estiveste internada e me sentia perdidamente à deriva… Sempre Rogério Bete Bete Janela aberta Sol penetrante, o teu, Na hora certa: Tão radiante e meu! 19/10/1999
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
ESTAMOS A TEMPO?
Rogério Martins Simões
Estamos no tempo,
Em que o tempo passa,
Sem dar tempo
Ao tempo do amor.
Estamos a tempo,
Se tempo houver,
De parar no tempo
E escutar a dor.
E se todos virassem tempo
E escutassem o grito,
Dos que nada dizem
Em silêncio
Na revolta,
Para viverem o tempo.
Será que iremos a tempo,
De sermos solidários?!
5/4/2004