Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
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Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
(Óleo sobre tela Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
MOMENTOS MÁGICOS…
Rogério Martins Simões
No lugar onde o meu pai nasceu existe um lema muito antigo, e seguramente bem conhecidos nas outras aldeias do Concelho da Pampilhosa da Serra: VAMOS TODOS COMO OS DA PÓVOA - expressa bem, e em poucas palavras, a união de um povo, nas boas e nas más horas.
“Que fascínio exerceu, em mim, a tia Emília, do Pátio do Carrasco!
- Rogério unge as mãos e os pés”!
E ali ficava sentado, num banco rente ao chão, costas direitas, joelhitos bem unidos.
- O rapaz tem “cobranto” e rezava…
Depois minha mãe fazia um defumadouro e eu respirava os cheiros ancestrais dos contos mágicos do meu pai…”
Se há algo que recordo são os lugares e as pessoas que me dizem qualquer coisa.
Recordo perfeitamente a Pampilhosa da Serra onde ia à feira, à missa e ao pão com minha tia Laura da Conceição Simões e a minha prima Almerinda Simões.
Lembro-me de irem todos juntos - juntos sempre como os da Póvoa.
Da Póvoa recordo tudo, ou quase tudo – menos os nomes dos mais velhos, mas, ainda os vejo como eram. É interessante que depois de tantos anos tiro parecenças aos mais novos que descendem daqueles que bem conheci.
Nunca vi uma porta de casa fechada à chave e não havia notícia de por ali alguém roubar. Roubar só se fosse algum coração de menina – e eu era e sempre fui um apaixonado…
Tinha e tenho muitos amigos, na Póvoa, desse tempo menino. Corríamos todos os poços, todas as hortas, todos os caminhos. Fumávamos às escondidas, cigarros feitos de capas e barbas de milho e juntos éramos uns saudáveis traquinas! Aprendi com os “meninos-homens” da aldeia a procurar restos de bombas de foguetes, que não tinham rebentado, e a sorte esteve pelo nosso lado quando as fazíamos explodir debaixo de uma pedra ou de uma lata.
Foi ali que aprendi a jogar às cartas e foram tão bonitos esses tempos.
Apesar de só lá estar três meses seguidos, em cada ano, sempre fiz muitos amigos entre os mais idosos. Gostava de trabalhar e de ajudar os outros. Às vezes estorvava! Mas… apreciava tanto uma viagem num carro de bois do Ti Manuel Mendes. Ele era tão meu amigo que chegou a emprestar-me um jumento para ir até à aldeia mais próxima “Moninho”.
- Oh Laura! O garoto é trabalhador! Dizia o avô do César.
Era de facto trabalhador e estava sempre pronto para regar as hortas e as leiras, tal como apanhar os girinos nas águas que escorriam da “Fonte Velha” a caminho de um lugar a que chamavam do “Polome” e tinha um poço.
“Polome” era o nome que se dava a um local da povoação, um largo, um local de encontro para quem chegava e para quem partia. Junto ao este local ferravam os animais de trabalho e ali por perto enterravam as tripas das cabras que matavam para fazerem a “chanfana” para a festa de Santa Eufémia - no dia 3 de Setembro.
Recordo a chegada ao Polome e a visitas “obrigatórias” que fazíamos aos que viviam naquele lugar a Póvoa da Pampilhosa da Serra. Lá estava sempre pronto para nos receber o TI António do Vale Serrão e foi perto da sua casa que vi, pela primeira vez, o grão semeado e um desactivado o forno da telha.
A vida era difícil, ninguém diria, ninguém lamentava a má sorte, pois as casas estavam quase todas ocupadas e as hortas bem tratadas.
O fumo das lareiras saía pelas telhas ou pelos “janelos”
O galo cantava e as galinhas passeavam-se pelo mato que cobria os caminhos da aldeia que viria a servir de estrume para as sementeiras do milho e outros produtos hortícolas. Ainda hoje sinto os cheiros, os sons, as cores, o calor do verão, a fonte velha e a sua água refrescante.
Ainda vejo o cântaro na nossa casa da Eira, as panelas de ferro, a caçoila em cobre, o borralho e a braseira.
Como era gostoso ir para a “Feteira” apanhar os melhores figos e os abrunhos que não mais comi! E os morangos que cresciam nas paredes da horta! As flores! Os cachos. As ginjas e as maças.
Como vêm estou marcado. Sou um poço de saudade!
Não! Não me entendam que a minha saudade é de um tempo que não volta, (mocidade perdida). É e será difícil entender quanto eu amo a Póvoa e as suas gentes – parentes.
A minha saudade são os afectos, as recordações de tanta gente boa que nem me atrevo a citar um só nome.
A minha saudade é de ter vivido em liberdade cimentando a minha formação e alicerçando em valores a minha vida.
- Bom dia senhora Maria!
- Bom dia Rogério!
- Obrigado Rogério!
- Obrigado senhora Maria.
Aquela gente ensinou-me a dar e a receber. Ensinou-me a repartir e a não estragar o pouco que tinham. Aquela gente ensinou-me a amar e a lutar pela vida.
Vou terminar esta pequena incursão nos percursos vivos e saudáveis da minha memória…
Convidem-me para provar as filhós da aldeia do meu pai, dos meus avós.
Redescubram o bolo doce cozido num qualquer forno comunitário, com uma folha de figueira a servir de forma, e eu lá estarei para vos dar a provar a deliciosa marmelada caseira cristalizada na casa dos meus avós.
Comerei a sopa de feijão atulhada com couves, abóbora, feijão seco e faceira de porco.
Derreter-me-ei com o lombo de porco retirado da panela de barro e com um pedaço de broa com presunto.
E se tiver frio dormirei num palheiro ou no sobrado por cima do curral das cabras!
Agora tenho de ir!
Não posso nem devo fazer esperar o povo.
O povo não parte sem mim,
nem eu parto sem o povo!
Vamos todos com os da Póvoa!
(memórias de um poeta. Dedicado a todo o povo da Póvoa – Pampilhosa da serra)
Se é verdadeiro e solene o amor com que me desejas, tornando-me a primeira entre todas as mulheres, eu nada mais desejo neste Mundo!...
Senhora de um afeto tão profundo, certo suportarei as horas duras e infindas, ditosas e altiva até nas amarguras impostas pelo tempo!
Balneário Camboriú 19 de Junho, 2008
A grande poetisa e minha amiga, Efigénia Coutinho, deixou aqui um poema intitulado “verdadeiro”, poema este dedicado ao ser amor. Como aprecio muito a sua poesia, fui atrás do seu poema e escrevi umas quantas palavras. – Palavras verdadeiras.
Desejo a todos que, pelo menos, sejam tão felizes como o sou com a minha companheira há quase 20 anos. É por isso que os poemas de amor lhe são dedicados. A Parkinson que se atravessou na minha vida não foi suficiente para quebrar o seu amor por mim, pelo contrário, graças ao seu amor vou resistindo fortalecido na esperança de um dia poder dizer: estou curado.
As três enigmáticas cadeiras da Alfândega de Lisboa.
Desde há uns anos que me interrogo sobre a simbologia de três antigas cadeiras que andaram pelos corredores do edifício da alfândega de Lisboa, o antigo Celeiro Real do Terreiro do Trigo.
Dada a minha natural sensibilidade arqueológica e o modo como participo na comunidade – na salvaguarda do erário público – fiz para mim a promessa de não as perder de vista; não as “deixar ir” em troca de mobiliário novo e de conseguir que elas se integrassem no Museu Aduaneiro.
Há uns meses consegui, finalmente, sensibilizar os meus dirigentes e graças à competência e zelo da nova responsável da Biblioteca Aduaneira as cadeiras estão finalmente em segurança, isto é, recolhidas no espaço da biblioteca.
Reparto com os leitores deste blog esta minha pequena felicidade mas continuo a interrogar-me sobre o significado que o carpinteiro pretendeu dar ao encosto das cadeiras, e de tanto as olhar construí, e reservo para mim, uma teoria sobre o significado do conjunto simbólico.
Se olharem para as fotografias podem constatar, sem grande imaginação, que o autor gravou na madeira uma grande cruz judaica e dentro da mesma se encontra o desenho de um cálice. Outros símbolos se encontram ali, porém, como não sou especialista em simbologia deixo para eles esse possível estudo.
Uma nota final: pelo entalhe parecem anteriores ao século XIX .
Dedico ao Poeta que mais admiro, a FERNANDO PESSOA, esta minha pequena felicidade
Fernando António Nogueira Pessoa era filho de um crítico musical, descendente de cristãos novos, que morreu em 1893.
É de Pessoa este poema:
“Multipliquei-me, para me sentir, Para me sentir, precisei sentir tudo, Transbordei, não fiz senão extravasar-me, Despi-me, entreguei-me, E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.”
(Foto tirada pelo autor deste blog no Panteão Real da Casa de Bragança
Túmulos do Rei D. Carlos primeiro e do Príncipe Luís Filipe
Mosteiro de S. Vicente de Fora - Lisboa
Estátua da DOR da autoria de Francisco Franco
Ao fundo o túmulo do Rei D. João IV)
O REVIRALHO
1931: ano de todas as revoltas
A Ditadura
Sabes a vida que levo
desde o dia em que te vi:
ou preso, ou então na rua,
a conspirar contra ti.
Mais uma que se perdeu,
Não vale a pena chorar.
Tanta vez hei-de bater-me,
Que acabarei por ganhar. (*)
(*)Versos escritos no tecto de um dos quartos da fortaleza-prisão de São João Baptista, Angra do Heroísmo, em Abril de 1931, cit. in A. H. de Oliveira Marques, A Literatura Clandestina em Portugal, vol. II, editorial Fragmentos, 1990, p. 260.
O autor deste blog, para além de escrever e gostar de poesia, dedicou, também, parte significativa da sua vida à Arqueologia sendo o primeiro companheiro de Fernando Eduardo Rodrigues Ferreira nas escavações levadas a cabo, desde a década de 60 do Século passado, na Igreja de S. Vicente de Fora em Lisboa.
Fernando Eduardo Rodrigues Ferreira, meu amigo de longa data, é um ilustre arqueólogo: Mestre em Arqueologia Medieval, Doutorando em Arqueologia Forense, Arqueólogo do Município de Barrancos, conservador da Exposição Permanente de Arqueologia do Patriarcado de Lisboa.
Fernando E. R. Ferreira em conjunto com outros autores publicou diversos trabalhos entre os quais “CAUSAS DE MORTE DE DAMIÃO DE GÓIS” editor: Câmara Municipal de Alenquer; “Vida e Morte na Época de D. Afonso Henriques” da Hugin Editores.
Com a sua devida autorização darei conta, sempre que puder, de parte dos seus trabalhos, nomeadamente o que está no prelo a ser editado pela Câmara Municipal de Lisboa sobre provável causa da morte de Dom João VI.
Já agora visitem o Mosteiro de S. Vicente de Fora, com tempo, demora no mínimo 2 horas, e espreitem na parte da arqueologia onde estão bastantes peças encontradas por este vosso amigo.
A par da arqueologia que espero retomar, se a Parkinson me der um pouco de descanso, reproduzirei alguns documentos históricos que estão ligados à minha profissão, nomeadamente documentos que não se encontram referenciados no Google e são bem interessantes: Fonte Os livros da Casa da Índia e os livros do “celeiro do Terreiro do Trigo”
Hoje extraordinariamente vou falar de facto da História contemporânea, que alguns podem ainda desconhecer, e a que deram o nome de “O Reviralho”.
Em qualquer motor de busca podem localizar documentos sobre este assunto, no entanto chamo a atenção para um documento on-line que pode e deve ser lido - “1931: ano de todas as revoltas” da autoria de Francisco Lopes Melo é o trabalho que se encontra disponível na internet
Este é um importante estudo sobre todas as revoltas que ocorreram em 1931 contra o Regime de Salazar. Só o facto de no estado actual se viver em democracia, em liberdade, me impede de ser mais pessimista. Mas, na verdade, existem factos históricos que devem ser tidos em conta para que não emerjam graves acontecimentos como os que aconteceram de 1931. Siga o link e leia atentamente este trabalho.
"Ao cair da noite desse mesmo dia 26 de Agosto de 1931, o Governo detinha já o pleno controlo da situação em Lisboa, regressando-se ao «viver habitualmente» na manhã seguinte, exceptuando-se um rasto de destruição e violência principalmente por acção do bombardeamento aéreo sobre áreas circundantes do forte de Almada, os 40 mortos, os cerca de 200 feridos e mais de 600 prisioneiros. Destes, 358 embarcarão, uma semana depois, sem serem julgados nem autorizados a ver as famílias, para a deportação em Timor a bordo do navio Pedro Gomes".
Procuro mil maneiras ao teu sonho ajustar-me, o coração começa a ansiar... na formosura dos teus abraços e beijos, com que me dás na matinal saudação deixando o peito palpitar de emoção!
Tudo é paz nesta hora transparente, sendo melodia que nasce pura de nós mesmos, e volteia entre brumas encantadas. O corpo, enamorado de nossas almas ... Numa beleza horizontal de mundos quietos!
Contempla o céu, puro na explosão do novo, a ressurreição misteriosa do bem imenso, numa singular embriagues da
comunhão Universal de todos os astros! Melodia dos pássaros líricos e dos Poetas!
Vislumbro o amanhã nascer, para sentir o chão que tocamos de leve nossos pés Há tanto tempo que caminhamos ao mesmo lado, num ir continuo para cada vez mais distante, onde os pensamentos se misturam!
Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado