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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

Desce a noite...

 

 

 

 

 

Desce a noite…

Rogério Martins Simões

 

Desce a noite

De seda fina

de fino trato.

A lua clama:

que a flama afoite!

Desce a noite!

Cai o pano!

Sobe o tacto…

 

23/9/2007

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Cântico - de José Régio

 

 

MODIGLIANE

 

José Régio

 

José Maria dos Reis Pereira, (José Régio), nasceu em Vila do Conde em 1901 e foi um dos fundadores da revista “presença”. Com uma vasta obra editada transcreve-se um dos seus sonetos.

 

 CÂNTICO

 

Num impudor de estátua ou de vencida,

Coxas abertas, sem defesa..., nua

Ante a minha vigília, a noite, e a lua

Ela, agora, descansa, adormecida.

 

Dos seus mamilos roxos-azuis, em ferida,

Meu olhar desce aonde o sexo estua.

Choro... e porquê? Meu amor, irreal, flutua

Sobre funduras e confins da vida.

 

Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos...

Enquanto o luar a nimba, inerte, gasta

Da ternura feroz do meu amplexo.

 

Cantam-me as veias poemas nunca feitos...

E eu pouso a boca, religiosa e casta,

Sobre a flor esmagada do seu sexo.

 

(Antologia de Poesia Erótica e Satírica)

(Edição de Fernando Ribeiro de Melo)

“Afrodite”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Regresso da escola

 

Lisboa, à direita a antiga escola Comercial Patrício Prazeres

 

 

Regresso da escola

Romasi

Rogério Martins Simões

 

Regresso da escola,

percorro os mesmos passos;

as mesmas ruas;

é rotina!

Por isso não ligo às ervas que crescem

entre as pedras da calçada...

Aos cegos que por mim passam…

Sou tal como eles: não vejo!

 

Ah! Agora, recordo:

As barracas amontoadas

ao fundo da escola

e aquelas crianças nuas,

brincando,

no gelo dos corações caridosos?!

 

Também há rosas!

Não! Havia!

Arrancam-nas

Põem-nas na lapela

e as pétalas caem

no odor que fica…

 

Depois, tudo se esquece,

Tudo passa!

Passa e gira na rotina

E, no limiar da porta,

tiro a chave,

acordo,

e vejo o mundo...

 

Lisboa, 30/01/1969

(Registado no Ministério da Cultura

Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.

Processo n.º 2079/09)

 

 

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Menina, seja onde for...



Menina, seja onde for

Romasi

Rogério Martins Simões

 

Terna e doce recordação

de uma certa menina:

luzia no meu coração

numa caixa pequenina…

 

Sonhava sempre contigo!

Nunca havia traição!

Apenas o injusto castigo:

Terna e doce ilusão…

 

“Terna e doce recordação

Nunca deixaste de me pertencer

É meu, o teu coração

Por favor ajuda-me a viver”

 

Menina, seja onde for,

Onde e quando Deus quiser.

Rio de seiva na tua flor…

Ontem menina, hoje mulher…

 

 

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Cinzas ingratas

 

Curiosa Lucerna, descoberta entre muitas outras, na localidade de Santa Bárbara dos Padrões

 

CASTRO-VERDE - ALENTEJO

Lucerna de época romana (século I -III d.C)

 

Museu da Lucerna - Castro-Verde

 

 

CINZAS INGRATAS

Rogério Martins Simões

 

Afirmo que as nuvens estão vazias

e os astros estão em chamas.

Afirmo que os poetas são pastores,

das noites vadias…

de estrelas e chamas…

Afirmo que os versos se perderam,

no meio das sílabas,

quando as sílabas silvaram soluços

de alfabetos longínquos…

Afirmo que os poemas incompletos

são retalhos intrínsecos

de soluços irrequietos…

 

Não voltarei a olhar para trás…

As cinzas ingratas…

fertilizam as noites frias!

Praia do Meco 06-07-2010

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Minha mãe que vai ser de mim?

 

 

Minha mãe que vai ser de mim?

Rogério Martins Simões

 

Minha mãe que vai ser de mim?

Passos os dias a cuidar do gado,

Implore à senhora do Bonfim,

Que me arranje um bom noivado!

 

Minha mãe está bem assim?

Lavei o rio no meu corpo criado…

Não visto cambraia! Visto cetim.

Seios de carmim e corpo rosado.

 

Minha mãe e se eu for ao baile,

Não precisa de vestir seu xaile…

Minha mãe! Vou ter cuidado:

 

Viço de rosa, cravo e alecrim,

Minha mãe reze por mim,

Que eu não tenho namorado!

 

Lisboa, 22-09-2007 23:36:37

 

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A vida cansa

 

A VIDA CANSA

Rogério Martins Simões

 

 

O telefone descansa…

A barriga pança,

E a vida cansa.

 

Sem desconfiança

Não há lembrança

De tanta “chança”:

O telefone descansa...

A puta dança…

Da vida que cansa.

 

Je parle français.

Vive la França

É tudo uma merda…

É tudo cagança:

Je faire pipi

Na mudança…

A vida cansa!

1989

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Nos espelhos do farol

 

 

Foto de Rogério Martins Simões - Olhares -

 

 

 

NOS ESPELHOS DO FAROL

Rogério Martins Simões

 

Maestro ou actor!

Nada!

Tenho a casa assombrada:

Sofrimentos meus,

Partem em debandada

Em passo de caracol…

 

Virei feitiço!

A minha agitação

É um constante compromisso

Entre a terra,

a lua e o sol…

Sementes de girassol,

Sem agiotas,

Alimentam toupeiras e gaivotas…

 

Estou louco!

Gritei!

Meu rumo é viajar.

Deixem-me levitar,

Açor nas tardes frias,

Nos espelhos de um farol…

 

De degrau em degrau,

Subo e quero ser:

Pássaro nocturno;

Silêncio ou profeta,

Nos confins do arrebatamento.

Vagabundo

das partidas adiadas.

Remador

de uma nave galáctica…

 

 

Toupeiras acenam à despedida.

Gaivotas perdem sementes.

O espanto é de espera…

Subo e vou ser:

Pássaro nocturno,

Silêncio ou profeta,

Argonauta ou asceta,

Nas asas de uma quimera…

 

Praia das Bicas - Meco

02-11-2009 21:38:24

“O direito de autor é reconhecido independentemente de registo,

 depósito ou qualquer outra formalidade,

artigo 12.º do CIDAC, aprovado pela Lei 16/08 de 1 de Abril”

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Regresso à aldeia

 

 



Meus queridos pais

 

 

Regresso à Aldeia

 

Chegaram pela manhã de uma longa jornada.

O tempo era ameno e, de repente, lembraram-se daquele… Verão onde tantas manhãs foram suas.

Pararam, nada disseram um ao outro, como esperassem que algo acontecesse e toda a Aldeia fosse ao seu encontro.

Já tardam tão cedo as manhãs que ainda só agora começam, e os pés, tão pesados, já não são da viagem…

Finalmente quebraram o silêncio:

- Lembras-te, Isabel, da queda… no musgo que crescia à beira do curral…

Olharam em redor!

Tudo parecia demasiado pequeno, distante, ao alcance de um braço.

Notei, na quietude, as fragilidades com que tentavam disfarçar a insegurança daquele breve momento.

Então, eu vi no rosto dos meus pais:

 

“olhos de água cristalina,

da mais pura nascente da serra,

correndo em levada...”

 

Cheios de recordações, como se mais nada existisse que os fizesse ficar, partiram.

Rogério Martins Simões

(A meus pais)

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amrosaorvalho.gif

MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado

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