O poema que hoje levo ao vosso conhecimento foi escrito em 1974. Nem sequer pensava em o voltar a colocar aqui. Porém, como abomino os crimes praticados contra as crianças e os mais idosos – INDEFESOS – face às imagens e constatação de factos detetados numa reportagem da TVI aqui vai
AFASTAMENTO
Rogério Martins Simões
Separaram nossos corpos, mulher,
Na idade em que preciso de ti!
Cresceram os nossos filhos
Cresceram, levou-os o vento,
Agora estamos sós:
Os velhos do nosso tempo.
Apartaram nossas vidas
Em lares da terceira idade
Vivemos a longa distância
Indiferentes, por caridade…
Pareço namorar-te
Agora que bem te conheço
Tenho-te no pensamento,
Longe de ti, não te esqueço
Separaram nossos corpos, mulher,
Espero todos os dias por ti!
Se ao menos viesse o dia
Da nossa partida final,
Haveria mais alegria
No nosso amor imortal.
Juntos na mesma terra...
Tu e eu a recordar…
Os tempos em que lá na serra
Começámos a namorar.
Juntaram nossos corpos, mulher,
Às alfaces verdejantes…
10/1974
Desculpem-me, por aqui voltar a colocar um poema que escrevi quando tinha 25 anos. Confrange-me esta indiferença para com os mais idosos onde já me começo a “chegar”.
Decidi depois de escutar o que escutei sobre os doentes com doenças neurodegenerativas – neste caso Alzheimer. Também a minha Parkinson é uma doença neurodegenerativa.
Tal como ouvi a uma senhora mais idosa também eu prefiro morrer… E se o digo é por estar à vontade para o dizer: sempre assim pensei e por isso ressuscitei este meu humilde mas muito sentido poema.
ROMASI