Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
MALFADADA HERANÇA
Rogério Martins Simões
Na senda desta vida quem descontente,
Do engenho da trama, ou da urdidura,
Procura esquecer o drama rilhando o dente
Bem cedo no cais… ou noutra ventura.
Ah inequívoca glória de ser herói num batel de pau:
Cansado, explorado e dobrado a preceito…
Lutando, com fantasia a varapau,
Contra a usura que nos lixa o peito.
Princesas encantadas por desencantar…
Monstros de muitas cabeças que tudo levaram;
Lobos em matilha que os bancos salvaram;
Cuidado com o papão que te vem buscar…
Repetem-se as desgraças a que chamam destino.
Tragédia grega sem corpo de delito.
Malfadada herança que perdeu tino:
É a voz de um povo que sem esperança grito:
Tac tac tac tac olha o passarinho….
Tic tic tic tac que nem sai do ninho…
Meco, 16-07-2013 21:29:17
De acordo com a Lei os direitos de autor estão protegidos, independentemente do seu registo. (A registar no Ministério da Cultura - Inspeção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. – Processo n.º 2079/09)
Diante dos meus olhos
Rogério Martins Simões
Diante dos meus olhos
Revejo as palavras concretas
Que me deixam colado à incerteza:
Será o frio razão suficiente para apreciar o calor?
A minha gratidão está sempre presente
Nas mais leves, e breves gotículas da natureza.
Passo lento e curto
No encalce de um percurso
Marcado
Limitado
Que, diante dos meus olhos,
Fixa distintamente o Universo.
O que vejo é um curto caminho
Que não me esconde as dúvidas de uma certeza:
Por cada passo que dou, mesmo devagarinho,
Percorro o caminho para alcançar a luz
Que se esconde por detrás do sol…
Meco, 3 de Dezembro de 2011
(Registado no Ministério da Cultura
Inspeção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
EMOÇÕES
(Rogério Martins Simões)
Passo os meus dias a soluçar:
Tenho açaimes no meu sorrir,
Correntes no meu andar,
Num corpo sempre a cair.
Carrego as minhas emoções.
Não distingo o indistinto.
Confundem-se as agitações;
Bebedeiras que não sinto.
Sou lembrança e pensamento.
Do que parece não mudar…
Penso a cada momento:
Tombo! O corpo vai tombar!
Noite, silêncio e solidão.
Solidão que me ergue e prende,
Que me sufoca, que me fende:
Aqui preso aturdido ao chão.
Chão que me agita e confronta!
Tristeza que me leva e me traz!
Dor que me derruba, e afronta,
E tanto sofrimento me dás…
Meco, 03/09/2011
(Diálogos da alma e do poeta – Diário de um doente de Parkinson)