PINGA NO MEU OLHAR...
PINGA NO MEU OLHAR...
Rogério Martins Simões
I
PINGA
Pinga no meu olhar desterrado.
Quem me dera ver!
Já não sei se quero.
Que importa,
se a porta está ferrugenta.
Arrasto esta casa que me encolhe
e confina ao meu espaço melancólico.
Optassem por mandarem-me embora.
Espere! Faltam-me os óculos
e não almejo o dia seguinte
sem chorar.
PINGA NO MEU OLHAR...
Rogério Martins Simões
II
NO MEU OLHAR
Emparcelo os meus precipícios
em suplícios esquartejados...
Soluço degredos,
antigos medos, esconjurados…
Trago nesta única mão
estas letras esfareladas.
Trago duma só vez
todas as ingratidões…
Trago o acre do sofrimento…
a agulha pica e não sinto.
Sinto pingar o chão deste desterro
onde me estreito e deito…
Optassem por me deixar partir!
Espere... agora não quero ir…
PINGA NO MEU OLHAR...
Rogério Martins Simões
III
DESTERRADO...
Piorei antes e depois por estares pior.
Melhoraria se soubesse que estarias melhor.
Que melhoras terei se não estás bem?
Volto a estar só!
O cão faz tanta falta
e ainda só agora começou a chover!
Espere! Não quero ficar só!
PINGA NO MEU OLHAR...
Rogério Martins Simões
IV
AMO-TE TANTO MEU AMOR
É tarde! Estou gelado!
O frio tomou conta deste espaço
que derruba as minhas preces.
Amo-te tanto meu amor!