(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
POESIA, LÁGRIMAS E SORRISOS
Rogério Martins Simões
Tudo mudou!
Sem poesia
O mundo é menos sonhador,
É mais desumano!
Quando se escreve poesia
Não se está só,
Não estamos sós!
A poesia enche-nos a casa
De lágrimas ou de sorrisos!
A Poesia reverte os sonhos desfeitos
Em estrelas cadentes
Para voltarmos, de novo, a sonhar.
Estaremos sós
Quando as paredes
Emparedarem
Os pensamentos
E nem uma só lágrima se verta.
A poesia é a magia
Que espreita a ponta dos dedos
Esborratados de tinta…
Ser poeta é quase morrer
E renascer
Num canto ou num verso.
Paro! Tenho de parar!
Porque amanhã terei de voltar,
E sem rotina
Não podemos viver.
Andamos num carreiro,
Para cá, para lá
Sem saber ao que vamos.
Andamos,
Corremos,
Pensamos.
Que fazer para sobreviver
Se não vemos!
Como podemos ver,
Se nada há para ver…
E se vemos?
Poderemos parar para refletir?
Deixam-te refletir?
Que reflexão,
Fazemos das nossas vidas?
Quantas televisões temos em casa?
Quantos tabuleiros se enchem de pratos
No desconforto da mesa vazia,
Que esfria,
Na espera?
Crescerá o bolor no pão que não sobra?
Que desconforto quando não há poesia!
03-03-2008
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:19
PELA NOITE FORA
Rogério Martins Simões
Pela noite fora
Sento no meu colo de sonho...
As minhas duas crianças de oiro
O meu tesoiro
Os meus meninos.
Pela noite fora
Os meus pensamentos
Percorrem a minha fronte molhada
Em mil beijos de nada
Aos meus meninos.
Onde estais?
E se adormeço
Logo acordo em sobressalto
E estremeço:
Onde estão os meus meninos?
Acordo
Sinto e vejo apenas
Suores frios
Correndo
Pela minha fronte abalada.
Onde estão os meus meninos?
Lisboa 6/1/1974
Poemas de amor e dor
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publicado às 17:23
FELICIDADE
Rogério Martins Simões
Felicidade
Passa
E quase não se sente
Passa.
Sem passado
Nem presente.
Olhem!
Quase não se vê
Como a ausência
Que não se lê
Felicidade
Passa
Tão perto, tão rente
Junto de nós
Calada
Colada levemente.
Olhem
Quase não se vê
Como a tristeza que não se lê.
Felicidade
Passa
E quase não se sente
Passa
Mesmo ao nosso lado
E desaparece de repente.
1998
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
Registo no IGAC processo n.º 2079/2009
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:53
BENDITA ROSA, MIMOSA, EM CETIM
(Rogério Martins Simões)
Recordo em ti, meu amor, a bela rosa,
Rosa tua, em mim, que não inventei,
Estavas tão bonita, tão formosa:
Que nem pico de rosa ali achei...
Rosa inteira: serás sempre ditosa,
E venturosa como te encontrei:
Em teu corpo de flor harmoniosa,
Perfeita és ó rosa que tanto amei.
Alva Rosa a florir em cada dia,
Rima, cântico: tu és a poesia.
Bendita rosa, mimosa em cetim.
Pois, se o meu dom está no nosso amor,
Ditosos os que se mantêm em flor:
Bendita a rosa do nosso jardim!
24/08/2005
Meco, 07/03/2015 23:40:02
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:51
QUANTA TRISTEZA TEM O MEU OLHAR
Rogério Martins Simões
Quanta tristeza tem este meu olhar.
Que aos poucos vai morrendo: que viver?
Se lentamente passo este sofrer:
Neste viver, assim, sem desejar.
Já passei tantas datas por datar…
Mais que os anos, perdidos, sem os ver
Que para aqui estar, e sem morrer,
Na morte vivo sem mais esperar.
Que não seja por mim a pouca sorte,
Pois que, neste meu invólucro de morte,
É na vida que a alma se deslinda.
E neste desespero em que me vejo,
Minha alma, num momento de sobejo,
Recorda-me que não quer partir ainda.
Meco, 05/03/2015 19:30:42
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:40