O MEU FADO MAGOADO
O MEU FADO MAGOADO
Rogério Martins Simões
O meu fado magoado
Passa o dia a noite inteira
A trinar numa guitarra
O meu fado que é tão triste
Percorre as velhas tabernas
Bebendo por todo o lado.
Se tarde tarda a noite
Acorda num sobressalto
Toda a minha fantasia
Das ruas do Bairro Alto
Corro a ver ao Castelo
Para de lá nascer o dia.
Há sempre numa viela.
Há sempre no meu olhar
Tanta vida, tanta fama
Um pintor com sua tela.
Um puto no seu andar
Nas ruas tristes de Alfama.
Agora que rompeu o dia
Adormece num vão de escada
Este fado madrugado
Desde a Bica à Mouraria
Escrevem mais poesia
Porque afinal à noite há fado.
Lisboa 9/2/1979
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