Maresia
Fotografia de Rogério Martins simões
MARESIA
Rogério Martins Simões
Às vezes pareço adormecer
numa enorme letargia,
apenas aparente,
e dou por mim misturado,
baralhado,
mergulhado,
entre papéis
e pensamentos.
A cabeça tritura interrogações
- como seria mais feliz se as libertasse…
As nossas vidas estão repletas
de salões desconfortáveis
que nos encerram,
nos conflitos internos,
entre quatro paredes.
Prefiro meter as mãos na terra
que andar aos papéis perdendo tempo.
Já perdi tantas horas!
Tenho na varanda,
virada ao Tejo,
dois canteiros cheios de plantas
que sorriem para as águas.
Ontem reparei
que as roseiras
estavam carregadas de botões
e as águas, nas marés,
espreitavam de espanto
para a minha janela.
Adivinham-se fenómenos estranhos
quanto o perfume das rosas se misturar
com a meia maresia do meu Tejo.
Até lá vou perdendo tempo…
Lisboa, 18 de Abril de 2006
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)