Fogo na Póvoa – Pampilhosa da Serra (Memórias)
FOGO NA PÓVOA – PAMPILHOSA DA SERRA (MEMÓRIAS)
Um dia, quando era menino, brincava no alto da serra com outros meninos.
Os meninos gostam de liberdade e eu voava ao vento por entre carquejas e pinheiros.
Nesse dia o calor apertava e a serra convidava-me a correr.
Lá no alto num lugar designado por Feteira, perto da nossa Feteira onde ia aos cachos e aos figos, avistei um enorme incêndio que consumia tudo à passagem e cortava a minha respiração.
Desatei a correr e confesso que fui muito mais rápido que o meu futuro companheiro das correrias, o Fernando Mamede. Só que nem o Mamede nem o Carlos Lopes estavam por perto, pois, se estivessem, correríamos todos ao desafio como passados alguns anos o fizemos.
Cheguei à Póvoa e desatei a gritar: Vem aí o fogo, vem aí o fogo!
Quem se importa com fedelhos! Tomei uma decisão - saltei para a corda do sino e toquei a rebate.
Veio o povo! Ralharam comigo! A minha tia puxou-me as orelhas!
Era o dia 3 de Setembro, finais dos anos de 50, dia da Festa na Póvoa.
Festa é festa! E se o fogo consumia o mato em outras aldeias - alguém o apagasse…
No final do dia o fogo consumia os terrenos da feteira e os pinheiros da aldeia.
Todos gritavam, tocaram os sinos a rebate e lutei, lutei como um herói com um ramo de pinheiro na mão.
O fogo? AH! Esse parou, como por milagre, rente aos nossos pinheiros da Feteira.
Um abraço ao correr da pena
Rogério Martins simões