ZUMBIDO (Reeditado)
ZUMBIDO
Rogério Martins Simões
Lá fora,
No colar da escuridão,
Percute o vai e vem
Das ondas do mar.
Mandei calar o vento
E o mar amainou.
Pedi silêncio à coruja
E ela acordou.
Veio o mocho
E acabou por anuir.
Lá fora
a noite nem é de grilos...
e não consigo dormir!
Aqui, nos meus ouvidos,
Um zumbido ruidoso
Corrompe este pacto de silêncio.
Amanhã,
Ordenarei ao mar
E ao vento,
Ao mocho, à coruja
E ao sino do templo,
Que não deixem silenciar a noite.
A minha noite
Não é só de grilos...
Espasmos dolorosos pulsam
E não me deixam sossegar.
Lisboa, 07-02-2010 22:36:39
(Diálogos da alma e do poeta: diário de um doente de Parkinson)