Embosquei-me na indiferença,
sem sentido,
e em cada dia que passa,
parte a sorte nos ponteiros do silêncio.
Estou um mestre de silêncios.
Esfrego o corpo por tudo o que senta,
assenta ou me deita.
Deito aos poucos o que resta de mim.
Penduro-me nos ponteiros do relógio,
giro e volto
aos marginais pessimismos.
Interrogo-me nas orações.
Interrogo e rogo
para que tudo seja melhor
mas a sorte não muda.
Mudam os silêncios redobrados,
desencantados: porquê?
Antes, quando era esperança,
não agonizavam as palavras
e os dias eram claros como o sol.
Para quê a poesia
se o poeta não casa as palavras da sorte
e se refugia nesta catarse do nada.
6/1/2006