(Foto de 1966. Passeio no Tejo a bordo de um cacilheiro.
Grupo de amigos e catequistas em S. Vicente de Fora: Saudoso António Melo e Faro, o Mário Jorge, amiga que não recordo o nome, o Manuel Taleto e do lado direito eu, Rogério Simões)
AMIGO!
Amigo! Eu me entrego
Amigo! Eu me largo
Sem nada na volta!
Sem nada me ergo.
Sem nada me dou!
Amigo! Eu acedo
Num abraço
Num gesto
Num laço.
E sofro na tua dor
E vivo o teu cansaço
Amigo! Eu me cedo
Eu me rendo…
Eu me consagro
Eu me dou…
Num abraço
Num gesto
Num laço
Amigo! Eu vou!
Lisboa, 1969
Rogério Martins Simões
Poemas de amor e dor
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publicado às 00:05
(Foto da National Geographic)
Deslizo
(Rogério Martins Simões)
Deslizo…
No tempo que passa.
Voo
No pensamento
Que ampara.
Fujo
Da vida que fica.
Morro
Nos bocados
Que vendo…
Fico
Com nesta ânsia
De amar
Para sempre
Neste abraço sincero
Para ti.
1975
Poemas de amor e dor
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Imortal formosura
Rogério Martins Simões
Há em ti estranha
beleza
Há em ti tanta
candura
Laivos ténues de
tristeza
que se difundem na
doçura
E não me digas que és feia
se és tão pura
Teus olhos, lindos,
ralham
cegados de ternura
caem em mim e não
baralham
a tua imortal formosura.
1968
Poemas de amor e dor
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Dúvida
Rogério Martins Simões
Vejo-te ir,
Não vou conseguir chegar,
Se partir…
Vais regressar,
Mas tu já saíste,
E eu fiquei!
Deriva de mim a dúvida
E o conselho a seguir:
Rir de acordo,
Ou acordar a rir,
e ir
Ir por aí
Por onde o meu passo me leva
Atrás de tudo e de nada,
Porque no final tudo se queda...
Estou novamente perdido!
Vi-te partir!
Vais regressar!
Afinal prometeste voltar…
1985
Poemas de amor e dor
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publicado às 18:32
(Óleo sobre cartão Elisabete Sombreireiro Palma)
PIOR QUE A DÚVIDA
Rogério Martins Simões
Pior que a dúvida
É o silêncio
quando o silêncio pesa
Pesam as palavras
Não há certezas
A única certeza é a morte
E na dúvida
Ressoam os pensamentos.
As inquietações
O azar ou a sorte
É como se não existissem
soluções
Jogamos todos os dias a roleta…
E, estranhamente,
Quando estamos na valeta
O tempo passa lentamente
- Tão devagar que o tempo medra…
É como que se conservasse uma pedra
no sapato
Lancei fora tantas vezes a pedra…
E no ricochete
Vaporizei pó
e de novo se fez pedra
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:16
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
DIZER PARA QUÊ?
Rogério Martins Simões
Dizer para quê?
Falar para quê?
Sentir para quê?
Viver para quê?
Faço perguntas:
Sem falar!
Sem sentir!
Sem viver!
Solto o meu ouvido
E o meu olhar de lince
À procura de resposta:
Sem falar!
Sem sentir!
Ou viver!
E por mais que pergunte
Sem dizer
Não consigo ver…
Falar!
Sentir!
Ou viver!
1979
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:36
DIÁSPORA
Rogério Martins Simões
Gosto de viajar para casa!
Regressar é um desejo de quem parte
e não quer ir.
Vou!
Já fui tantas vezes na aventura
calcetando pedras,
dormitando em tábuas,
onde me perco sem contemplações,
encalhando nos confins das terras,
amealhando uns tostões.
Tivesse asas para acompanhar o
pensamento
porque as asas só se levantam tendo
penas.
Penas tenho!
Pena não tenho!
Da fome e dos xailes pretos…
Deixei em casa corpos em metamorfose,
silêncios e silvas,
que crescem entre muros e dão
amoras…
Comprei a última tesoura de podar
Tenho a barriga a dar horas
E um sonho para voltar...
A vinha ficou brava…
A horta e a casa fechada
são agora um pasto de chamas.
- Aldeia porque me chamas filho
se só tive madrasta!?
- Nação porque me pedes o voto
se não te sei ler!?
Gosto de regressar mas não posso
ficar…
Falo agora esta meia língua estranha,
porque já esqueci a minha…
Volto a percorrer as estradas
que me afastam do que resta...
Levo uns trocos para a viagem
e quando me virem vai ser cá uma
festa…
Vou petiscar couratos
e beberei uns copos
com os rapazes do meu tempo.
Regressarei um dia para cuidar da
vinha…
Por agora durmo a sesta…
Voltarei para cumprir a promessa.
E beberei nos corpos deixados,
um néctar guardado,
entre fragas e pinheiros…
Verberarei palavras de fel,
embrulhadas com cargas de explosivos
abrindo estradas,
caminhos que me deixaram partir
Agora tenho de ir…
Regressarei à casa nova que construí,
e em cada degrau,
limparei as lágrimas definitivas
da minha saudade.
Vou partir mas tenho de regressar…
Oh Pátria amada,
onde se acolhem os sonhos do meu
regresso,
porque me deixaste partir?
Oh Pátria amada deixa-me regressar
ainda que só te enxergue,
no que resta,
penhascos e pedras pretas.
Quero todo o barro, granito ou lousa
Quero a água cristalina que emergia das
fragas.
Quero depositar uma coroa de rosas
nas campas rasas dos meus pais.
E um coroa de espinhos nos despojos
dos que me obrigaram a seguir…
Sonhei voltar.
Não voltarei para partir…
Não voltarei a sonhar.
Vou ficar
Tenho filhos e netos neste lugar
Retalha a saudade no que resta do meu
corpo!
Viajarei gavião….
Por agora recebo notícias do meu país
- Dizem que as motas todo-o-terreno
debutaram nas silvas da minha aldeia…
E se a língua portuguesa é a minha raiz
profunda,
afundo as minhas mágoas por não poder
regressar,
Porque, agora, regresso, escreve-se
noutra língua
e já nem sei o caminho de retorno…
8/03/2007
(Este poema é dedicado ao grande poeta português Armando Figueiredo - Daniel Cristal e a todos os emigrantes na diáspora.)
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(óleo sobre tela
Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
DESAFIO AO POETA
Rogério Martins Simões
Iniciámos juntos a caminhada,
Proclamámos versos ao sol-pôr
Percorria um violino a estrada
E soltava uma canção de amor
Acendi nos anos todas as velas…
Não consigo disfarçar a ventura
Enfeitava teus cabelos na loucura
Se te visse voltarias às estrelas…
Esvoaçaram pérolas de violetas
Manhãs de sol, chuva e Primavera
Cresceram nos canteiros borboletas
Se te ler nos olhos serás quimera…
Olhei a manhã ver se não te via
Seguias os teus passos paralelos
Trago meiguice nos meus desvelos
Recordo em ti versos e alquimia
Não te sei sentir indiferente
Ocupa-me agora com o olhar
Cego não te irei olhar de frente
Resta o violino para recordar
Dança! Agora, vamos dançar
Melodia inacabada… clave de sol
Não te podia ver! Se te ver irei corar
Esvoaçam versos em girassol….
Lisboa, 03-04-2007 22:52:51
DESAFIO AO POETA DECLAMADO PELA POETISA BRASILEIRA ANNE MÜLLER
Para escutar este poema no YOUTUBE por favor desligue o fundo musical do blog
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:42
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
E tu tão perto…
Rogério Martins Simões
Meu amor hoje tão só, e tu tão perto…
Perto de mim estão estas mágoas
Este meu fado breve, certo e incerto,
E tu tão perto, e tu tão perto…
Meu amor estás tão só, e por certo,
Comigo perto, mareando nestas águas.
Minhas mágoas deixaram-me deserto
E tu tão perto, e tu tão perto…
Perto está o meu peito encoberto
Esta dor, sem jeito de se ver
Ver, sem ver, é olhar liberto
E tu tão perto, e tu tão perto…
Olha! Repara em mim entreaberto
Aberto e pleno de saber
Que o nosso amor é mais desperto
Contigo perto, comigo perto.
08-05-2005
(Mais um poema dedicado à Bete)
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REAL BORDALO
Rogério Martins Simões
Apanho o eléctrico amarelo à pendura,
Agacho-me para o condutor não ver,
O que as tintas, e pincéis de seda pura,
Imortalizaram numa tela sem perceber.
Miúdo traquina pendurado na pintura…
Brincando às escondidas sem saber,
Que um pincel o apanhou com ternura.
Viaja de graça num quadro sem o ter…
E salta para o chão em andamento.
Abala, embalo, travo e não me estalo…
E o Mestre pinta na tela o movimento.
E ficam as cores arco-íris nas telas.
Os putos, os eléctricos e as vielas.
Lisboa é toda sua! - Real Bordalo.
Lisboa, 30 de Janeiro de 2007
Artur Real Chaves Bordalo da Silva
Real Bordalo é um "pintor de Lisboa", cidade onde nasceu em 1925. O seu talento para o desenho e pintura manifestaram-se muito cedo, tendo, com apenas 16 anos, sido admitido como pintor profissional, na Cerâmica Constância Faiança Bastitini.
Após uma experiência de sucesso na cenografia, onde trabalhou com Leitão de Barros, frequentou as aulas da Sociedade Nacional de Belas Artes, tendo como mestres em aguarela Alberto de Sousa e Alfredo Morais.
Ao longo da sua carreira, Real Bordalo realizou inúmeras exposições colectivas e individuais, não só no País mas também no estrangeiro. Viu também reconhecido o seu talento através da atribuição de vários prémios e galardões e a sua obra encontra-se representada em museus nacionais (entre os quais o Museu José Malhoa e os Museus Municipais de Lisboa e Amarante) e ainda diversas colecções particulares em
Portugal, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Espanha.
Os seus laboriosos 81 anos de vida, que festeja no ano em curso, proporcionam-nos uma obra amadurecida e pujante, cuja imagem de marca são as aguarelas com nostálgicos nevoeiros e neblinas, e que ilustram bem o seu mérito artístico como pintor.
(Texto extraído da exposição Percursos)
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