Mar revolto o vídeo
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
(MECO 2009 - foto minha)
MECO 2008
Óleo sobre tela
REAL BORDALO
Igreja Senhora da Saúde
Fado! Só fado
Rogério Martins Simões
Não te incomodes
Deixa secar as lágrimas
Em teu xaile preto
E mesmo que acordes.
Nos teus acordes,
Não tenho ais!
Para trinar contigo.
Tirei a última lágrima
De saudade
Que escorria da varanda
Da minha viela
Reguei com ela
O vazo do manjerico
que o acaso
ou a esperança
me deixou à janela.
Porque é que sinto
Esta dor imensa
Que consome
E devora
O canteiro do meu corpo?
Não orvalha na cidade…
Deambulo!
Sai do meu peito
Um lancinante grito
Enquanto meus passos
Despeitam a noite…
Sou viola…sem cordas.
Canto aflito...
Castigo… sem pecado
Cais?!
Barco sem arrais!
Fado! Só fado…
Não me apagues o que resta
Do cheiro a manjerico…
Meco, 02-09-2008 21:48
Hoje, dia 23 de Janeiro de 2008, o nosso inteligente e lindo cão morreu!
Há anos ofereci um lindo cão – podengo anão – à minha esposa. O cão era tão lindo!
Hoje estamos muito tristes - estranha tristeza, dirão tantos! Não! Quem decide ter por companhia um cão deve estimá-lo e nunca o abandonar.
Hoje poucas palavras conseguirei escrever, porém, farei questão que a minha esposa e grande mulher, que tão bem escreve contos e pinta, escreva aqui os contos, bem reais, do nosso tão querido TARIK
Lamechas dirão alguns! Seja! O nosso Tarik embelezou e contribuiu, em muito, para a nossa felicidade. Tarik lia os nossos pensamentos, adorava o Meco, e limpava sempre as patas, no tapete, antes de entrar em casa.
Tarik foi sempre o meu companheiro até altas horas da madrugada enquanto escrevia meus versos.
Se estava triste dava-me uma lambidela nas mãos e eu sorria.
Hoje choro! Porque choras poeta?
A Parkinson doravante é e será a tua única companhia nas altas horas da madrugada.
É tarde, a minha companheira já secou as lágrimas e está a descansar. O dia foi longo, resta-me a certeza da companhia da minha grande companheira, mas estou só, já não tenho o meu velho cão que tanta alegria nos deu. Parkinson, quer queira ou não, significa solidão e dependência. Hoje estou mais só entre as quatro paredes do escritório.
Olho para o lado, parece-me ouvir ressonar o nosso velho cão. Estás a ouvir-me Tarik! Parece que não!
Sabem um segredo – se eu chamar pelo seu nome em inglês ele uiva!
Tarik, my little dog – dizia a sua tratadora quando ele ficou detido em Londres e estava em quarentena.
Já passaram tantos anos e a memória está fresca.
Tarik, my little dog! O silêncio mete medo! Vou também descansar.
Rogério Martins Simões
(óleo sobre tela Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
Soprei numa pena…
Rogério Martins Simões
Soprei numa pena
Que se anichou à janela
Aí está ela, agarrada à empena.
Sem pena, partiu à vela….
Valerá a pena ir atrás dela?
Deu a volta e reentrou,
Parece serena!?
Soprei na pena e a pena voou,
Aí vai ela! Pela porta pequena…
Valerá a pena partir com ela?
Vem um passarito
Apanha-a no bico
Ouve-se um grito
Aí vai ela, a caminho do pico…
Valerá a pena ter pena dela?
Vem um gavião com asas de granito,
Devolve-me a pena, com penas na sela…
São do passarito que passou a goela
Parte gavião! Leva as penas maldito…
Regressou a pena!
Não voltei a soprar mais nela…
Parece serena,
A pena,
Que pena reencontrar-me com ela!
Hospital dos Capuchos, 19/9/2007
(Concluído em 02/10-2007)
Video com os óleos da minha esposa:
http://www.youtube.com/watch?v=iokb8FXy3Gw
http://video.google.com/videoplay?docid=8291487629655378595&hl=en
(Meco- Portugal 2007)
Morangos
Efigenia Coutinho
Dedicado ao meu amigo
Rogério Simões
MORANGOS
Efigénia Coutinho
É a temporada
do tempo dos morangos
dos sonhos de inverno
de noites de luas cheias
do aconchego ao pé duma lareira
do bom vinho e queijos
de sonhos risos e beijos
de dançar em seus braços
de amar... amando...
da beira mar...andar descalça
dos sorvetes com
calda quente de morangos
o inverno se instalou
este é o meu tempo
e dos morangos que me
adoçam a boca
adoçando a vida...
longe... muito longe
tem um olhar clandestino
há um sonho à deriva
esperando que as sementes
dos morangos despertem
para olhar o Amor ao
tempo dos Morangos...
11/07/2007
Balneário Camboriú
Brasil
Morangos
Rogério Martins Simões
É o tempo dos corpos estendidos
Das praias vestidas - cor de morango
Dos peitos nus; dos corpos aquecidos
Num aconchego, laçados num tango.
Vem minha amada
Este é o nosso tempo à beira-mar
Candeias iluminam a tua fronte.
Defronte às ondas, na praia deserta
Onde o deserto não cobre as dunas
Tinhas na duna, a duna entreaberta
E na descoberta esquecemos as runas…
É a temporada dos sonhos
De todas as estações - verbo e amar
Do sémen… do belo horizonte…
Vem minha amada
Sorvete de morango na hora doce
Quando, no calor, os calores apertam…
É a temporada
Do beijo indiscreto - agridoce
Memórias que os morangos despertam…
(Campimeco)
Aldeia do Meco, 13-07-2007
Portugal
Agradeço à poetisa brasileira, Maria Efigénia Coutinho Mallemont, o lindo poema, morangos, que me dedicou.
Como não podia deixar de ser, retribuo este seu lindo gesto com a minha versão de morangos.
Este é um “dueto” entre dois poetas, da língua portuguesa, separados no tempo, por dois dias, por duas estações: Inverno –Verão e irmanados pelo enorme amor à poesia.
Foi um prazer partilhar convosco este nosso momento de poesia.
Rogério Martins Simões
Piso a areia da praia
Rogério Martins Simões
Piso a areia da praia!
Que peso pesam os pés!
Parecem mesmo uma raia
Presa nas marés.
Transporto a toalha
Levo comigo o jornal
Lembro-me de jogar a malha
Levo a dor no bornal
Piso a areia da praia!
Vou pela borda da água.
Onda amena que se espraia
Leva contigo a minha mágoa...
Queria de novo ter saúde
Seria novamente tão feliz
Tremer não é virtude
Tremer eu nunca quis
Deito-me!
Penso!
Mesmo deitado no chão
- Mulher! Porque me aturas?!
Não te queria dar razão
Mas és tu que me seguras!
Como esta areia brilhante
A que a praia chamou de sua
Areia que da praia és amante
Oh mar salgado a praia é tua!
Um perfume paira no ar…
A vida a Deus pertence
O sol quente esconde a lua…
A maresia não veio para ficar...
A Parkinson não me vence
Vou continuar a lutar!
Piso a areia da praia
A maresia sofre um revés
A areia parece cambraia
Sacudo a raia dos pés…
Aldeia do Meco
(Óleo sobre tela Elisabete S. Palma)
A POESIA COM SABOR A LIBERDADE
Tornou-se um hábito calcorrear, aos fins-de-semana, as estradas que me levam de Lisboa a Meco.
Para quem não sabe, o Meco possui belas praias, um microclima muito particular e situa-se na Arrábida, perto de Sesimbra.
Quem conhece sabe como é difícil o trânsito à Sexta-feira. Por isso arranjam-se truques - A minha esposa vai mais cedo e recolhe-me no terminal dos barcos no Seixal, depois, é um pulo para o destino.
Quis o destino que conseguisse com o esforço do nosso trabalho adquirir uma residencial “ auto caravana” num parque de campismo. Foi assim que o Meco passou a fazer parte de mim, tal como a praia das Bicas, as bicas, a argila, o António do Meco que me fornece o peixe fresco, a pastelaria onde leio o primeiro jornal diário e o desportivo, a mercearia que vende o melhor pão do mundo, a papelaria onde compro jornais e as revistas e alguns particulares, que quase me adoptaram, onde me abasteço de legumes e outros produtos caseiros.
- Sr Rogério aqui está o seu pequeno-almoço: dois pães com manteiga e o sumo e o café quando quiser.
- Amigo António o que é que se passa com o nosso Sporting?
- Amigo Rogério aquilo é uma desgraça, mas já estamos habituados a sofrer!
- Sr Rogério, tenho meia dúzia de ovos frescos guardados para si.
- Sr. Rogério, quantos pães quer para amanhã?
Conversa puxa conversa lá se vão as manhãs e o descanso acaba tão rápido como começou. Ainda assim sobra-me tempo para ler a revista “XIS” do jornal diário “O Público” onde não dispenso a coluna da ilustre escritora e jornalista “Laurinda Alves” e a crónica de “Faiza Hayat”.
Tudo isto para dizer que esta semana tive de ligar para a mercearia do pão a dizer que não ia, pois não podia faltar ao convite do meu amigo e colega de trabalho, jurista, cantor, compositor e poeta José Baião Santos (irmão do outro Baião ilustre conhecido) que, como bem sabem, foi também extensivo a todos vós.
Acabo de chegar. Foi pena que tão poucos estivessem presentes. O José Baião e outro amigo tocaram e cantaram belos poemas por si musicados. Falou-se de poesia, leram-se poemas de mais de 30 poetas consagrados entre os quais Jorge de Sena e Fernando Pessoa.
Foi a primeira vez que participei num encontro ao vivo e participativo sobre poesia onde houve tempo para tudo até para eu ler dois poemas meus. Por fim emocionado, já tremendo do pulsar das palavras e da doença o José Baião ainda leu mais 3 poemas meus e gostaram.
Afinal quis Deus ou o destino que alguns poetas e amantes da poesia me expressassem ali, pessoalmente, o reconhecimento à poesia que escrevo e não edito.
Em 18 meses este blog foi acedido cerca de 1 milhão de vezes, daí estar aqui para vos agradecer as inúmeras presenças neste livro de poesia. Todos vós sois parte da razão para não ter destruído a minha poesia Falta-me a saúde para continuar com aquele vigor que tinha quando escrevia e rasgava os poemas ao sabor dos amores e desamores. Irei continuar se a saúde o permitir e desde já vos prometo um lindo poema intitulado “Quisera andar de carrossel” para agradecer 1 milhão de acessos.
Viva a poesia com sabor a liberdade.