BENDITA ROSA
Rogério Martins Simões
Recordo em ti, meu amor, a bela rosa,
Rosa em mim, por quem eu tanto sonhei.
Estavas tão bonita, tão formosa:
Nem pétala de rosa em ti anulei...
Rosa inteira! Será sempre ditosa.
Louvado seja o dia que a encontrei.
Foi a Mãe Terra que, de tão generosa,
Entregou-me a rosa e não me piquei.
Rosa alvorada a florir no meu dia
Tu és o canteiro da minha poesia.
Bendita a rosa do nosso jardim!
Pois se o meu dom está no nosso amor,
Venturoso de quem mantêm a flor:
Bendita rosa, mimosa em cetim.
Lisboa, 20/04/2016 22:01:35
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 23:21
INQUIETAÇÃO
Rogério Martins Simões
Sempre que a poesia me desinquieta,
por mim chama e de tão acesa crepita,
é toda esta minha alma que se agita:
Nos versos desta rescrita irrequieta.
Nada impede o presságio do profeta,
aquando nos augúrios os predita.
Por que calar a voz de quem os dita,
nos poemas que minha mão completa.
Que na força de um poema há mistério.
Quem o lê lhe dará demais critério,
se a tantos mais sofridos inquietei…
Por inspiração divina, ou terrena,
tudo deixei até não correr a pena:
Os meus poemas de quem são? Não sei…
Meco 03/03/2016 00:51:42
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 22:34
SORRINDO À DOR PARA VIVER
Rogério Martins Simões
Amarram-se as minhas mãos com que escrevo.
Perco os movimentos tremem os dedos.
Perdi a esperança. Perdi o enlevo.
Enfraquece-me a voz. Crescem os medos
Trina tão forte o meu despertador,
Lembrando os comprimidos a tomar.
Sou fábrica de espasmos e de dor.
Sofro sem turnos sem mais descansar.
Vai! Que maldita seja a tua presença.
Que tanto aqui me tens feito sofrer.
Parkinson: terás minha indiferença.
Que diferente eu te seja na viagem:
Baloiçando meu corpo na coragem.
Sorrindo eu, mesmo à dor, para viver.
Meco, Praia das Bicas, 03/12/2014 22:51:43
Alterado, 10/01/2016
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 22:26
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 19:35
QUANTA TRISTEZA TEM O MEU OLHAR
Rogério Martins Simões
Quanta tristeza tem este meu olhar.
Que aos poucos vai morrendo: que viver?
Se lentamente passo este sofrer:
Neste viver, assim, sem desejar.
Já passei tantas datas por datar…
Mais que os anos, perdidos, sem os ver
Que para aqui estar, e sem morrer,
Na morte vivo sem mais esperar.
Que não seja por mim a pouca sorte,
Pois que, neste meu invólucro de morte,
É na vida que a alma se deslinda.
E neste desespero em que me vejo,
Minha alma, num momento de sobejo,
Recorda-me que não quer partir ainda.
Meco, 05/03/2015 19:30:42
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 21:40
PARKINSON: SORRINDO À DOR PARA VIVER
Rogério Martins Simões
Amarram-se estes dedos com que escrevo.
Enfraquece-me a fala. Não a entendem.
Todos os movimentos se me prendem.
Perdi a esperança e sei que a ti o devo…
Trina tão forte meu despertador,
Lembrando os comprimidos a tomar.
Sou fábrica de espasmos e de dor.
Sofro por turnos sem mais descansar.
Parkinson: maldita sejas doença,
Que tanto aqui me tens feito sofrer.
Parkinson: tu terás a indiferença.
Que diferente te eu seja na viagem:
E baloiça meu corpo na coragem.
Sorrindo eu mesmo à dor para viver.
Meco, Praia das Bicas, 03/12/2014 22:51:43
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 23:07
FLORBELA ESPANCA
(PAPOILAS DA ALMA)
Rogério Martins Simões
Enquanto na planície o sol dançava,
Todos os seus desejos recresciam.
Pálida neve! O seu rosto nevava…
Seus olhos tristes às dores sorriam.
Da janela da noite suspirava.
Amores seus, proibidos, consumiam:
A seara infecunda que secava…
E as papoilas de génio que nasciam.
E quando a bruma o seu corpo levou,
Todo o Alentejo cantando a chorou:
Nos seus tão belos poemas de amor.
Mas se os amores lhe foram adversos,
Nem a morte apagou seus lindos versos
Soror Saudade, dor, Charneca em flor.
Meco, Praia das Bicas, 24-10-2011 21:54:38
(revisto em 2013/11/29)
(A Florbela Espanca)
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 22:51
GIRA QUE GIRA A MINHA TRISTEZA
Rogério Martins Simões
Certa como incerta é minha certeza:
É estar morto e sentir o coração;
E é andar, para aqui, a tombar no chão;
Gira que gira por baixo da mesa.
Que o meu derrube não será leveza,
Tão pesado, parado, em contra mão.
E o vento que de mim se fez pião,
Gira que gira na minha tristeza.
Decerto, dirão aqueles que me leram,
Que outros, por tanto, ou muito mais sofreram:
Saindo muito mais cedo da corrida…
Sendo eu poeta, e bordão, vos secundo,
Que o tempo é p´ra ser vivido ao segundo.
Lutando para ganhar tempo à vida.
Meco, Praia das Bicas, 09/10/2014 18:53:10
(ao meu irmão, José Manuel Martins Simões)
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 19:40
VIDEO
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 11:04
MAR DE PRANTO
Rogério Martins Simões
Toda a noite este mar tanto bateu.
Toda a noite a falésia lá chorava.
Parecia que ali perto alguém rezava,
Ao destino que só a morte atendeu.
Rapina e tão cruel onda acometeu.
Feia noite que a falésia chocalhava.
E o mar que desde sempre salteava…
Voltou para levar quem escolheu.
Ah desprezível onda que assassina.
Ave agoirenta tu és, e na triste sina,
Pela manhã retine um cais de espanto…
Espalhas e recolhes tantas dores,
Flores! E tantas flores. Deitem flores:
Lágrimas e jasmins ao mar de pranto.
Meco, Praia das Bicas 15/12/2013 23:24:32
(Aos jovens que hoje morreram ou desapareceram na Praia do Meco)
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 23:35