CANTO O IMPREVISTO
CANTO O IMPREVISTO
(Rogério Martins Simões)
Canto o imprevisto
O que se espera e não espera
Canto o que conto, e não conto:
Tenho andado em viagem
Sem tempo.
Acordo cansado,
Deito-me cedo
Cedo ao meu corpo fatigado
E neste tormento
Sem razão aparente,
Neste aparente cansaço:
Não sei por onde ando.
Ando por aí
Em busca de qualquer coisa
Que nem sei onde está.
Olho a televisão
Nada vejo que me encontre.
Olho as molduras
Leio os rostos que conheço,
Amo os que não esqueço.
Daria tudo
Por uma forte gargalhada,
Sonora, repetitiva:
Rindo, rindo, sem parar.
E neste meu silêncio, em que me silencio
Quero rir para não chorar.
04-03-2005
(Para um suposto 3º livro)