LIBERDADE
(Foto de Romasi)
LIBERDADE
Rogério Martins Simões
Quando as manhãs, as tardes,
e as noites escondiam,
desesperados esperámos,
não chegavas,
e de ti nada sabíamos...
Foram tão longas as noites
do tamanho dos dias,
que nos esquecemos do sol
na esperança que vinhas.
Foi por ti que chamámos,
e de luto, lutando, morreríamos.
Foi por ti que gritaram,
aos que antes da morte
a morte pediram...
E depois de tanto tempo,
em que o tempo silenciado
e o desânimo quase vencia,
tu vieste de novo,
com mais idade,
aos olhos do dia.
Nossos olhos abertos
quase cegos ficaram,
quando as portas cerradas
e os cimentos caíram...
Era tarde e tardaste
quando finalmente chegaste
na mais linda primavera
que me recordo que vira...
É por ti que de felicidade
te chamo sem ira...
LIBERDADE!
Lisboa, 02-03-2010 17:48:32
Dedicado a José Carlos Ary dos Santos
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)