Água Salgada
Rogério Martins Simões
Tenho sede...e sofro
É em vão a minha dor.
A vida acaba
Quando espero o seu começo.
Triste, já cansado,
Fatigado de andar
Busco água
No oceano da vida.
Retiro-me, procuro o mar
Mergulho…,
Afogo a minha sede de vida!
E morro…
Olhos salgados de mar…
Novembro de 1968
Poemas de amor e dor
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publicado às 11:08
(Óleo sobre tela do mestre
REAL BORDALO)
Em poucos minutos escrevo um poema
Pouco tempo para uma vida...
O que imortaliza um poema?
O tempo? ou a pena?
Tudo vos dei:
O tempo, a pena e a vida…
Valerá a pena
a VIAGEM
dizer adeus na despedida…
MECO, 13 de Agosto de 2008
ROMASi/Rogério
VIAGEM
Rogério Martins Simões
A maré está em maré baixa.
Para onde foi a água salgada
E o sal que me temperou?
Meu barco sulca pelas águas que ficam…
Porque ficam as águas que não partem?
Quando partem as águas que ficam?
A maré está calma…
As águas parecem quedar:
O barco desliza e faz ondas,
Nas águas calmas e mansas,
Sopra uma ligeira brisa
E o barco desliza…
Outro barco passa…
Já passou!
Por tempestades
Por dias de sol
Meu barco de contida graça
Semeia carneirinhos,
Branca espuma, no verde-mar.
Quantos marinheiros respiraram este ar?
Quantos pescadores lançaram redes?
Quantos mares acolheram estas águas?
Mágoas?
Meu barco abranda
Estava proibido de atracar
Nas palavras que pincelam
As cores deste náufrago
- O barco vai parar!,
Grito ao arrais!
Estou finalmente a chegar
Ao fim destas palavras
Olho as amarras
com que prendem o barco…
A maré continua vazia….
Há tanto lodo no cais!
(Diário de viagem, Seixal-Lisboa
13-08-2008 09:01:19
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:25
(DEGAS)
BEIJOS PERDIDOS Rogério Martins Simões
As libelinhas subiram à cidade
Quando as abelhas abandonaram o mel…
As cidades estão repletas de sabores
D´outros lugares
Onde crepitavam os beijos nascentes;
Onde as águas percorriam
os lances de pedra
E levavam os corações.
Fui à janela e vi-te partir…
Já esqueceste o ardor dos beijos
Perdidos
Pouco importa!
Acenei à derradeira libelinha…
Lisboa, 30-06-2008 23:29:48
Para a AnaMar
(ao sabor das palavras)
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:07
(Castelo de S. Jorge - Lisboa - Portugal)
A árvore que chilreia...
Rogério Martins Simões
A árvore mal amada
Impede-te de pisar a relva?
Os caminhos para os paraísos…
serão guarnecidos
de cimento armado?
E os piratas de pernas de pau
terão pernas em betão?
Atiro uma flecha:
Cavaleiro andante
ou índio em extinção?
Não acerto uma!
- Dom Quixote
que se junte à causa!
A terra fede,
aos ímpetos dos lucros!
Os abates árvores
mantêm os solstícios
longe do equador
Para que as aves
não chilreiam com o sol…
A árvore que chilreia
tem os dias contados:
Constroem-se barrigas de ar,
em condomínios fechados,
para acautelar a extinta
extinção das árvores
Os deuses mediterrâneos
que se cuidem…
Dom Quixote
que se junte à causa!
E nós também!
02-07-2007 22:33:14
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:38
SOU COMO O REGATO
Rogério Martins Simões
Sou como o regato,
Que brota,
Que jorra,
Que vai por aí
Onde a minha alma
me entrega;
Onde a minha alma
me encontre.
A paixão confunde!
Desespera!
Cega!
É triste ver partir
quem se ama.
Mais triste
é viver sem amor.
Um raio de sol
deitou-se no meu leito.
Todavia é livre.
- É o mais belo amante das estrelas.
28-03-2005
Poemas de amor e dor
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