Traição
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POR TI AMOR
Rogério Martins Simões
Sou ladrão
de coração doce
nesta ante paixão
Por ti amor
Ataco o ar que respiras.
Fico vermelho
quando me miras
Por ti amor
Mato saudades tuas
neste poema
Ando pelas ruas
por ti amor
Sufoco
desgostos profundos
Sou infeliz
Corro mundos
Por ti amor
Fico puro
nas águas turvas…
E inseguro…
Por ti amor
Pois sou sorte
quando estou são…
Mas seria forte
com teu amor…
Lisboa 01/1973
(publico este poema em homenagem aos meus amigos e antigos colegas da Segurança social. Logo que a saúde permita, se outro não puder, tentarei reorganizar os nossos encontros de antigos colegas de quem tanto gostei)
Fonte de esperança
Minhas palavras ocas
Lançadas ao vento!
Adeus
Minhas palavras velhas
Ao sabor da corrente.…
A Deus
Minhas palavras novas
Crepitando por aí
Da nascente…
1973
Pés descalços
Rogério Martins Simões
Eu vi crianças nuas
A rir e a brincar
Atravessando ruas
Vi os pais chorar
Eu vi crianças nuas
Com cus tão vermelhos
Atravessando ruas
Sem ouvirem conselhos…
Eu vi crianças nuas
Com sono… já se vê
Atravessando ruas
Sem saberem porquê
Eu vi crianças nuas
Fugindo das buzinas
Atravessando ruas
Virando as esquinas
Eu vi crianças nuas
Ó magra tristeza
Atravessando ruas
À espera de mesa.
Eu vi crianças nuas
Sonhando com fadas
Atravessando ruas
Descalças nas estradas
Eu vi crianças nuas
E os ricos às janelas
Atravessando ruas
Que lucro dão elas?
Eu vi crianças nuas
Em coro a chorar
Atravessando ruas
Sentias a cantar
“Aquela criança nua
Com o rostito chorão
Tinha por vontade sua
Não viver como um cão”
12/1973
“Na minha Rua
Havia crianças nuas
Olhando as outras…
Com horas
A brilharem ao sol…”
1968
Rogério Simões
Lutas a carvão
(
Rogério Martins Simões
A secura da terra
Tornou os lábios
Húmidos
De ira à natureza
Porque a chuva
Ficou nas nuvens.
A hulha cheira mal
E o seu gás
Destrói os brônquios
O fumo é preto,
suja os macacos…
E as velhas tossem
asma dos gatos.
Um tipo mascarrado
Tinha o rosto preto…
Por isso confundiram-no
Chamaram-lhe cão.
12/12/1973