Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Eram os meus primeiros passos, em linha angular, nesses tempos de sete anos.
As casas eram pequenas. Todos se amontoavam -dormia-se por turnos e não sobravam os espaços
As ruas, que conduziam à feira-da-ladra, eram "povoadas" de vendedores ambulantes que ganhavam a vida num tropel de "quatro patas".
Havia fava-rica a cinco tostões! E ouvia minha mãe dizer que tinham cabelos - pois não as podia comprar...
Nas pedras da calçada, redondas sem alcatrão, havia burricadas e os garotos da minha idade jogavam à bola, com bolas feitas de trapos.
Como ansiava e esperei por uma bola a sério! Como a dos jogadores e, quando tinha algum tostão, comprava rebuçados enrolados em cromos à espera que me saísse do jogador mais "custoso".
Certo dia meu pai jogou de uma só vez e saiu-lhe o boneco que dava direito à bola. Aí pensei. O dinheiro compra tudo!?
Os ponteiros dos relógios fazem corridas de horas, minutos e segundos!
Na minha rua havia garotos com horas a brilharem ao sol!
Na minha cabeça, fantasia de sete anos, abriam-se espaços ocos com imagens sucessivas de relógios com correias de nylon coloridas.
Conheci os meus novos companheiros de aventura e por estranho que pareça já os adivinhava há muito! Filhos de mães trabalhadoras que aliviavam os braços deixando os meninos entregues ao destino.
Os seus rostos eram iguais a tantos meninos: Viviam e cresciam na rua: jogavam a bola, partiam os vidros, fugiam da polícia pendurados nos eléctricos e nos autocarros.
Era o começo de uma geração desprovida de laços.
-Ó pá! O que andas aqui a fazer?
Perguntou-me o "Zarolho" quando me viu pela primeira vez, como menino, levado para a escola pelo braço de minha mãe.
Encolhi os ombros! Era o indício da minha geração, pois, no queimar dos anos, vi muitos a "encolherem os ombros"
- Sabes?! Isto aqui é da "malta"
Fez-se silêncio - de um vazio contínuo e assustador.
- Para seres dos nossos - e eu sou o chefe, é preciso que lutes comigo!
E lutei!
Nesse dia um menino de sua mãe chegou a casa - com as calças rotas e sujas.
- Rogério, que fizeste às calças que estreaste?
- O teu pai, logo, vai bater-te! (Ameaçava minha mãe dando-me um tabefe).
Chegou a noite!
O meu pai chamou a si a difícil tarefa de um pai trabalhador.
Chorei! Aqui começaram as minhas primeiras lágrimas, unidas, lado a lado com a minha primeira aventura.
Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado