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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

Verdade com coragem... Um poema de 1970

 

Em 1970 escrevi este poema. Em 1974 estive no no meu 1º primeiro de Maio em Liberdade

 

 

VERDADE COM CORAGEM

ROMASI

Rogério Martins Simões

 

Toda a verdade

só é verdade

se  for dita com coragem...

A coragem é a inocência

na boca de uma criança:

"Brilha a lama…

e tapa os olhos aos videntes…

Chove o sol

e abre os olhos aos cegos…"

 

Já oiço, ao longe,

o eco da verdade...

E de limite em limite…

entre o tudo e o nada:

Que coragem…

 

Toda a verdade

só é verdade

Se dita com coragem...

"Secam as terras

e os lavradores emigram...

Jorra o sangue

e nadam as vidas na morte…

Esvoaça o zinco

e os órfãos vêm luz…

Dilata-se o ferro

e os presos fogem…"

E esta força da verdade

tem dureza...

tem arte…

 

Hoje artista…

Amanhã correndo…,

borraremos as paredes,

brocha em brocha...,

com coragem,

para que a verdade

Seja escrita em liberdade...

 

A coragem é o amor:

leite materno

da igualdade.

Está perto… e já oiço

o eco da coragem…

Que coragem…

Tavira, Agosto de 1970

(Registado no Ministério da Cultura

- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –

Processo n.º 2079/09)

Poemas de amor e dor conteúdo da página

A revolução, sabes, é difícil (liberdade)

 

1970 TAVIRA

 

Éramos todos atiradores de infantaria,
E tínhamos a arma por companhia...
Onde estais camaradas?
Ah como vos oiço ainda marchar
pelas ruas de Tavira!
E o barco partia
Entre as lágrimas deitadas no cais
E o barco voltava!
E o barco ia!
Onde estais
Que não vos vi chegar…
Quantas mães choraram!?
Quantos pais gritaram!?
Quantas mulheres enviuvaram!?
Quantos meninos ficaram órfãos.
 
Ah! Se Abril tivesse chegado mais cedo…
Rogério
25/4/2009
 

 

 

 

 

 Quantos antes  de nós tinham partido para sempre...

 

E aqueles que regressaram cumpriram as promessas

 

Queimaram velas

 

Em Fátima comprei uma medalha que dizia assim

 

Em Fátima rezei por ti!

 

 

 

 

 

SENHORA DA ATALAIA

EX VOTOS

 

 

MORSE
Romasi
 
Traço, traço, traço, ponto
Morse, morse, morse morte…
Mais homens, mais gente.
Traço, traço, pouca sorte
Vai partir um contingente!
 
Pouca terra, pouca terra…
Lenços e preces agitam-se no ar
O pranto fustiga todo o cais…
Partem os noivos; chora o mar…
Os filhos, os amigos e os pais!
 
Traço, traço, traço, pronto
Regressa de novo o transporte
Beijam-se os filhos e os maridos
Agitam-se os lenços garridos
Traço, traço, traço, sorte…
 
Morse, morse, morse morte
Apita o barco engalanado
- O soldadinho vem no porão
Marido e o filho tão amado
Que regressa… num caixão!
 
 
 
Traço, traço, traço, ponto…
 
 
Lisboa, 14/02/1969

 

 

E finalmente a guerra terminou.

 

 

 

 

 

A revolução, sabes, é difícil
Rogério Martins Simões
“Sabes, a revolução é difícil”
(Fidel de Castro)
 
Cuspiram na cara do operário
Os tipos da Pátria vendida!
Apertaram os pulsos e olharam desconfiados
Os tipos da pastilha elástica…
 
Crivaram de balas o revolucionário:
Com as balas dos agentes da ordem.
E as vozes responderam em coro:
LIBERDADE!
 
Numa manhã primaveril
As correntes dos pulsos quebraram!
Libertaram os resistentes vivos
Homenagearam os resistentes mortos
E o povo cantou livre pela rua:
LIBERDADE
 
Maio dos bravos
Maio primaveril
Nascem viçosos os cravos
Do vinte cinco de Abril!
 
Pouco a pouco a revolução
Se transformou em tão pouco
Pouco a pouco a fera carregou
Camaradas de luta tombaram
 
Mas as suas e as nossas vozes não se calam:
Irão cuspir de novo na cara do povo
Os tipos da Pátria vendida
Apertarão de novo os pulsos
E olharão desconfiados
Os tipos da pastilha elástica…
 
Cantará de novo,
E com mais força,
O nosso povo:
LIBERDADE
 
Crivarão de novo o povo
Com balas dos agentes da ordem
(Da ordem contrária)
Mas as suas e as nossas vozes
Se erguerão em coro cantando
LIBERDADE
 
Sabes!
A revolução é difícil
 
1975

 

 

 

 

 

Solidariedade, onde estás?
Rogério Martins Simões
 
Ai esta sensação
de solidariedade
Que marcou os meus sonhos.
Que me devolveu o alento.
E que finge
ou teima em tardar...
Pura ilusão!
Onde estás?
De que forma te revestes
Que, ainda,
não te consigo vislumbrar.
07-04-2008

 

 

 

 

 

 

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Hoje o cobertor...

 

 

 

Hoje o cobertor
Romasi
 
Hoje o cobertor
Dá-me bafos de calor:
Numa viragem à loucura!
Na perdição do nada.
Numa viagem sem regresso…
 
Lisboa, 9 de Janeiro de 1974

 

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Partida...

(Foto cedida pelo Sr. Padre Pedro)

PARTIDA

(Romasi)

 

Ralho comigo

Da loucura que fiz

Deixando-te partir.

Entristecesse o meu coração

De não te poder sentir.

De não te poder beijar.

Rasgo a roupa

Que acabei de vestir.

Solto gargalhadas

De não quereres amar.

É a loucura de subir

Ao monte mais alto do lugar

E de lá poder abrir

Para sempre

O teu olhar…

 

8/1/1974

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Lagoa Azul

Lagoa azul

Rogério Simões

 

Radia o sol

Com esplendor de luz

Na tua imagem…

Voa pomba…

Voa perdiz…

Voa pavão…

Se tiveres coragem…

Que se espraie o amor

Na lagoa azul

Do meu coração.

1974

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Lacrados desejos

(foto Padre Pedro - Prior da Pampilhosa da Serra)

LACRADOS DESEJOS

Romasi

 

Há mil beijos

De esperança

Egoisticamente perdidos

Nas arenas da lembrança

Que se escapam pelas portas

Lacradas dos desejos

Em mil cadeados de vantagem

-De amante -

Que se quebram

Nesta amarga coragem

Em teus braços..

– Agonizante…

6/1974

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Debaixo das árvores

 

(Foto cedida pelo Sr. Padre Pedro)

Debaixo das árvores

 

À sombra de grandes árvores

Na rua, jogando a bola por vez,

Brincando pendurado nos carros,

Um menino homem se fez!

2005

 

Eram os meus primeiros passos, em linha angular, nesses tempos de sete anos.

As casas eram pequenas. Todos se amontoavam -dormia-se por turnos e não sobravam os espaços

As ruas, que conduziam à feira-da-ladra, eram "povoadas" de vendedores ambulantes que ganhavam a vida num tropel de "quatro patas".

Havia fava-rica a cinco tostões! E ouvia minha mãe dizer que tinham cabelos - pois não as podia comprar...

Nas pedras da calçada, redondas sem alcatrão, havia burricadas e os garotos da minha idade jogavam à bola, com bolas feitas de trapos.

Como ansiava e esperei por uma bola a sério! Como a dos jogadores e, quando tinha algum tostão, comprava rebuçados enrolados em cromos à espera que me saísse do jogador mais "custoso".

Certo dia meu pai jogou de uma só vez e saiu-lhe o boneco que dava direito à bola. Aí pensei. O dinheiro compra tudo!?

 

Os ponteiros dos relógios fazem corridas de horas, minutos e segundos!

Na minha rua havia garotos com horas a brilharem ao sol!

Na minha cabeça, fantasia de sete anos, abriam-se espaços ocos com imagens sucessivas de relógios com correias de nylon coloridas.

Conheci os meus novos companheiros de aventura e por estranho que pareça já os adivinhava há muito! Filhos de mães trabalhadoras que aliviavam os braços deixando os meninos entregues ao destino.

Os seus rostos eram iguais a tantos meninos: Viviam e cresciam na rua: jogavam a bola, partiam os vidros, fugiam da polícia pendurados nos eléctricos e nos autocarros.

Era o começo de uma geração desprovida de laços.

 

-Ó pá! O que andas aqui a fazer?

Perguntou-me o "Zarolho" quando me viu pela primeira vez, como menino, levado para a escola pelo braço de minha mãe.

Encolhi os ombros! Era o indício da minha geração, pois, no queimar dos anos, vi muitos a "encolherem os ombros"

- Sabes?! Isto aqui é da "malta"

Fez-se silêncio - de um vazio contínuo e assustador.

- Para seres dos nossos - e eu sou o chefe, é preciso que lutes comigo!

E lutei!

Nesse dia um menino de sua mãe chegou a casa - com as calças rotas e sujas.

- Rogério, que fizeste às calças que estreaste?

- O teu pai, logo, vai bater-te! (Ameaçava minha mãe dando-me um tabefe).

Chegou a noite!

O meu pai chamou a si a difícil tarefa de um pai trabalhador.

Chorei! Aqui começaram as minhas primeiras lágrimas, unidas, lado a lado com a minha primeira aventura.

Rogério Simões

1974

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Banho

 

Banho
(Romasi)
 
Esta é a noite
Do casamento
Entre a violência e a inocência
Entre a granada e o camarada
Porque o sangue que corre
É uno
Com o ferro
Dos estilhaços da metralha.
 
7/10/1974
 (memórias do poeta - Vietname)
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Afastamento


 

 
AFASTAMENTO
(romasi)

(mote)
Separaram nossos corpos, mulher,
Na idade em que preciso de ti!
 
Pareço namorar-te
Agora que bem te conheço
Tenho-te no pensamento
Longe de ti, não te esqueço
Cresceram os nossos filhos
Cresceram, levou-os o vento
Agora estamos tão sós
Velhos do nosso tempo
 
Apartaram nossas vidas
Em lares da terceira idade
Vivemos a longa distância
Indiferentes, por caridade...
 
Separaram nossos corpos, mulher
Espero todos os dias por ti!
 
Se ao menos viesse o dia
Da nossa partida final
Haveria mais alegria
No nosso amor imortal
Juntos na mesma terra
Tu e eu a recordar
Os tempos em que lá na serra
Começámos a namorar.
10/1974
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Cotação de hoje

 

 

 

COTAÇÃO DE HOJE
Romasi
Rogério Martins Simões
 
Acções, poucas e más…
Tendência?
Para baixarem!
Quem as tem?
Poucos!
 
Volto a comprar meia dúzia
Olha! Baixou a cotação!
Volto a vender
Volto a perder
E os poucos compraram
As meias dúzias…
Acções quem as tem?
Poucos!
 
Olha! Voltaram a subir…
Volto a comprar
Voltam a cair!
Volto a vender
Volto a perder
 
Lucros quem os tem
Poucos…
 
Lisboa, 24/4/1974
Poemas de amor e dor conteúdo da página

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MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado

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