POESIA! QUERO NAMORAR CONTIGO…
(Rogério Simões )
Nos tempos de diamante em bruto, quando o horizonte era a eternidade, escrevia poemas no universo estrelar.
Nesses tempos de que me lembro bastante, por não recordar os poemas, costumava versar as estrelas cadentes, e, pendurado na ponta de um cometa, atravessei galáxias onde registei os meus versos.
Certo dia reparei, porque o disseram, que as estrelas cadentes eram, afinal, restos de poeiras cósmicas
– Mas eu não acreditei!
Sempre que avistava uma estrela cadente escrevia um poema.
Era como os devolvessem embrulhados em luz…
- Rogério que fizestes aos poemas?
-Os poemas maiores são todos aqueles que se soltam das palavras e tão libertos esvoaçam sem vento, sem tempo…
Talvez eu veja na poesia a forma mais sublime de passar a barreira da comédia das nossas vidas.
Prefiro as cerejas penduradas nas orelhas.
Beijar a lua e acordar numa gota de orvalho manhã cedo de Outono.
Poesia! És tão linda!
Gosto tanto de namorar contigo.
18-09-2006 22:49
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 23:00
(óleo sobre tela de Elisabete Sombreireiro Palma)
ENVOLTA EM SILÊNCIOS E FLORES
(Rogério Martins Simões)
Envolta em silêncios e flores
Como se as flores te cobrissem de pétalas
Eu te chamei deusa.
Quando o meu olhar era de cristal.
Percorriam os teus seios, colar escarlate,
Desvarios recortes de porcelana
Estavas linda!
Partilho estes jardins de sombras
deliciosas
Contagiam-me as serenas manhãs,
os frutos selvagens
e enamoro-me das estrelas.
Noite fora sou um viajante
Percorro silêncios,
escuto os meus passos nas vielas.
Que seria de mim se não te
reencontrasse!
Sabes a morango selvagem!
Sabes a cravo e a canela!
Se partir voltarei
Envolto em luz
Te cobrirei de pérolas
(Te chamei de musa)
E serei como a brisa,
Aragem,
Perpétua e ondulante
O sol penetrante na tua janela.
24-03-2006
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 15:00
(RoMaSi)
Quanta esperança? Quantos sonhos?
ESPERANÇA
Rogério Martins Simões
Entrelaço os meus dedos nos teus.
Vivas ilusões, ténues lembranças.
Foram inatingíveis os versos meus.
Outono breve, poucas esperanças.
Ateámos o fogo nas estrelas dos céus,
Mapeávamos nossos corpos de danças,
Encontros e desencontros não são réus.
Presos não estamos, procuro mudanças.
Agora, adorno enigmas bordados de cruz.
Cintilam horizontes de esperança e luz.
Meu fogo arde no mais puro cristal.
E se na alquimia busco a perfeição,
Respondo às interrogações do coração,
Descubro no amor a pedra filosofal.
Lisboa, 02-10-2006 23:58
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 00:00
(Foto da autoria de Elisabete Palma)
PARTIRAM AO VENTO…
Rogério Martins Simões
Partiram ao vento
As almas dos poetas
E fizeram amor num canto
No canto mágico dos poetas.
E o chão ficou pejado de rosas
O mar incendiado de sereias
E no azul celeste do céu
O céu ficou coberto de estrelas.
Havia quem cantasse!
Havia quem chorasse!
Vagabundas as almas
Que por ali ficaram
Não havia noite!
Não havia dia!
Não existia Inverno!
Nem havia Verão!
Venham!
Eu vos dou o tempo
Da eterna poesia
Poemas ao vento
Em flores de algodão.
Finalmente partiram
No fogo das trovas.
Retomaram os corpos
Fez-se noite!
Fez-se dia!
Voltou o Inverno!
Aqueceu o Verão!
Choraram!
Cantaram!
Tremeram!
E morreram de amor cantando
27-01-2005
(Poema dedicado ao Dono da Loja e a todos os poetas)
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 20:00
(óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
RECORTE NA PLANÍCIE
Rogério Martins Simões
Venho de um tempo de Inverno,
Quando a noite mais tempo toma.
Sou fruto de um vagar eterno
Quando o trabalho não retoma.
Do frio, a cortiça protege o sobreiro…
À lareira cerzia panos de linho
Chovia lá fora, era Fevereiro.
Sou filha do amor; lenha de azinho.
Foram longos os meses de espera
- Seara! Aprendi a bailar contigo
E foi a mais linda Primavera
E minha mãe cantava comigo:
“Semeei este amor de Inverno,
Papoila! Ventre da Primavera
Bago de trigo; Verão eterno,
Outono! Vida! Minha quimera.”
E o Verão foi ainda mais quente!
Mas o Outono é a minha estação…
A minha mãe carregou a semente
Verde foi o fruto do seu coração.
Ceifa-se no Verão
O que Outono é servido
Sinto dar a mão…
Que lindo vestido!
Se voltar a Beja
Que me viu nascer
e beija
Estarei ao postigo!
Sua bênção, minha mãe.
Sei que estás comigo!
19-10-2006
(Poema dedicado a minha doce e linda companheira, Elisabete Sombreireiro Palma, que nasceu em Beja no dia 19/10/1948)
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 22:16
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
O TEMPO VOA
Rogério Martins Simões
O tempo voa.
Que voe,
e nos deixe amanhecer mais tarde…
com os nossos corpos colados
no tempo.
Na leveza deste tocar breve,
que roça os nossos sentidos
e tem tanta beleza.
O tempo voa.
Que voe,
mas não apague
este ardor que arde
Prazer incontido que nos torna carne,
Com os nossos corpos molhados
Entre lençóis de linho.
O tempo voa.
Regressam as nossas recordações
de mansinho…
15-08-2006 22:15:18
(Poema inédito neste blog)
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 00:00
(Autor Mestre Real Bordalo)
A ESPAÇOS NADA ENTENDO
Rogério Martins Simões
A espaços nada entendo
É como se tudo desaparecesse
Todo o universo se juntasse
E ao mesmo tempo nada existisse.
Quem sou eu afinal?
Que faço eu aqui?
Quem vai ler o que escrevo
Se nada existe ali…
Estarei por certo mal
É como se tudo parasse
E na calmaria só o vento...
-Vento! o que és afinal?
-O vento vira furacão
E faz da cidade um lugar.
Aluga-se o meu pensamento…
Cede-se um espaço ao luar
Penduro-me na cabeça do momento
E vou por aí a navegar
A terra é redonda
A lua está ao alcance da mão
O espaço não se monda
Tudo junto, tudo certo
Céu aberto
Como o meu coração
Que no meu corpo manda
E desanda…
A minha alma vai e vem
Vem! Sou um simples mortal
Quando, sem esperança final,
Toda a esperança se tem...
09-09-2005 20:19
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 00:33
15 de Julho de 2007
Aniversário
de
Maria Efigénia Coutinho Mallemont
Querida amiga Efigénia parabéns pelo seu aniversário.
São os votos deste seu amigo e humilde poeta,
Rogério Martins Simões
Como somos poetas nada melhor que um poema do meu poeta preferido - Fernando Pessoa:
ANIVERSÁRIO
Álvaro Caeiro
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai, meu Deus! o que só hoje sei que fui...
A que distância!
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minha lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muita coisas - doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado -
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me os dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
Efigénia Coutinho e Rogério Simões
ESPERANÇA Efigênia Coutinho
Caminho por mapas de esperanças um Amor Futurecido, vou sonhando encontros certos, abraçando todo este Universo de versos sentidos!
Vive ao meu redor arpejos sibilinos do salmo da vida, presa estou neste Cristal, entre enigmas, dum sonho livre, bordando pelos ares anêmonas
Olho para o Horizonte, vejo um tênue véu de Esperanças, adornando, secretas nuvens de fogo e incenso
onde Deuses pairam em silêncio!
Ali, ajoelho-me, cruzam-se os sonhos, encontros das almas que dançam enamoradas, roçar de beijos noturnos, traçam seu Futuro na esfera Esperança!
(Brasil)
ESPERANÇA
Rogério Martins Simões
Entrelaço os meus dedos nos teus
Vivas ilusões, ténues lembranças
Foram inatingíveis os versos meus
Outono breve, poucas esperanças
Ateámos o fogo nas estrelas dos céus
Mapeávamos nossos corpos de danças,
Encontros e desencontros não são réus
Presos não estamos, procuro mudanças.
Agora, adorno enigmas, bordados de cruz
Cintilam horizontes de esperança e luz
Meu fogo arde no mais puro cristal
E se na alquimia busco a perfeição
Respondo às interrogações do coração
Descubro no amor a pedra filosofal.
Lisboa, 02-10-2006 23:58
Portugal
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 00:00
(Foto Padre Pedro)
Não sei rimar palavras azedas!
(Rogério Simões)
Não sei rimar palavras azedas!
Não sei encurtar, nem cortar as palavras!
Reajo às nefastas evidências
E cerro o punho na mesa.
Não acendo as letras apagadas,
Nem cedo às letras indefinidas.
Sou um iletrado,
Nas palavras que sobram das letras.
Renuncio às funestas evidências da alma
E volto-me para a luz
Bate o sol no meu olhar!
17-10-2006 21:37
(Dedicado à poetisa Efigénia Coutinho)
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 00:00
(foto Padre Pedro Pampilhosa da Serra)
EMBOSQUEI-ME NA INDIFERENÇA
(Rogério M. Simões)
Embosquei-me na indiferença,
sem sentido,
e em cada dia que passa,
parte a sorte nos ponteiros do silêncio.
Estou um mestre de silêncios.
Esfrego o corpo por tudo o que senta,
assenta ou me deita.
Deito aos poucos o que resta de mim.
Penduro-me nos ponteiros do relógio,
giro e volto
aos marginais pessimismos.
Interrogo-me nas orações.
Interrogo e rogo
para que tudo seja melhor
mas a sorte não muda.
Mudam os silêncios redobrados,
desencantados: porquê?
Antes, quando era esperança,
não agonizavam as palavras
e os dias eram claros como o sol.
Para quê a poesia
se o poeta não casa as palavras da sorte
e se refugia nesta catarse do nada.
6/1/2006
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 13:07