POESIA
(Óleo sobre tela - Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
(2008)
POESIA OU TALVEZ NÃO EM DIA MUNDIAL DA POESIA!
VIVA A POESIA!
POESIA
Rogério Martins Simões
Os poetas são operários da caneta
E trazem pensamentos errantes
que debutam no papel.
Serei poeta?
Que papel nos estará reservado?
E eu que nada sou,
serei o que o destino quiser,
porém, sou poeta!
Um poeta sonhador
a quem, tantas vezes,
lhe roubaram os sonhos.
Hoje estou nesta!
Mas, não irei desistir
de a escrever
ou de a chorar!
Hoje, apetece-me reflectir!
Não irei escrever poesia!
Aditarei palavras,
com palavras que
tenho espalhado por aí…
Que farei com os meus versos?
Sentir-se-á o lixo desconfortável,
com o seu peso?
E se os mandasse, mesmo, para o lixo?
- Não suavizariam o mau odor
que anda de altos…saltos?…
E na minha Pátria
quem liga à poesia?
Pouco me importa
que não tenha expressão!
Que pouco se fale de poesia.
- E se, em vez de medalhas,
medalhassem
com poemas Lusíadas
ou com versos de Caeiro?
Quantos conhecem a lírica de Camões?
- As chamadas elites culturais?
No meu caso,
nada de elites - sou povo!
Como é enorme o povo em – Pessoa!
Meu pai, meu mestre,
enchia-nos o prato
com saborosos poemas:
os seus e dos grandes poetas.
Mas isto é pelintrice
e pouco importa.
Importa é estar na berra.
Importa é mandar umas tretas
para que o povo se entretenha e não pense.
Ai quando o povo acordar!
Por mim não quero que pensem!
Tudo mudou!
Sem poesia
o mundo é menos sonhador,
é mais desumano!
Quando se escreve poesia
não se está só,
não estamos sós!
A poesia enche-nos a casa
de lágrimas
ou de sorrisos!
A Poesia reverte os sonhos desfeitos
em estrelas cadentes
para voltarmos, de novo, a sonhar.
Estaremos sós
quando as paredes
emparedarem
os pensamentos
e nem uma só lágrima se verta.
O que é a poesia?
O que é ser poeta?
A poesia é a magia
que espreita a ponta dos dedos
esborratados de tinta…
Ser poeta é quase morrer
e renascer
num canto ou num verso.
Paro! Tenho de parar!
Porque amanhã voltarei à rotina,
e sem rotina
não podemos viver.
Todos andamos num carreiro.
Para cá, para lá
sem saber ao que vamos.
Andamos,
corremos,
pensamos.
Como fazer para sobreviver
se não vemos!
Como podemos ver,
se nada há para ver.
E se vemos?
Poderemos parar para reflectir?
Deixam-te reflectir?
Que reflexão,
fazemos das nossas vidas?
Quantas televisões temos em casa?
Quantos tabuleiros se enchem de pratos
no desconforto da mesa vazia,
que esfria,
na espera?
Crescerá o bolor no pão que não sobra?
Que desconforto quando não há poesia!
ROMASI
SANTA PÁSCOA
Voltei a escrever e já não queria
Voltei a escrever e já não queria
Pensava ter esquecido este meu versejar
Ser poeta é criar e sofrer todo o dia
Passar ao papel o que a alma encontrar.
Este estado de alma que já não ousaria
Que nos faz sofrer, para me encontrar,
Deixa o meu corpo quando escrevo poesia,
Nos poemas que ela cria, para me libertar.
A ti que mais amo e sem querer
Se fico triste e te faço sofrer
Rosa eu te quero, rosas eu te dou.
E se tu me vires distraído ou disperso
Uma única coisa eu imploro e peço,
Espera! A minha alma não regressou.
Lisboa, 16 de Abril de 2004
MENTIA SE TE DISSESSE QUE MINTO
Rogério Martins Simões
Mentias se me dissesses… que pinto…
Não me esforço, peço ajuda, e tu vais
Ajeitas-me o nó da gravata… e o cinto.
Teus passos para mim são sempre mais…
Mentia era se eu dissesse que minto,
Que do meu corpo já não saem vendavais
Que os pés já me pesam e não os sinto
E que os meus passos para ti são demais.
E se te peso ao de leve e não quero
Tu bem sabes a razão do desespero
Não seja tamanha a razão do repeso
Pois se quis voar na ode de um poema
Irás encontrar em meus versos alfazema
Antes fosse manha a razão do meu peso.
10-08-2005 23:31