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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

Eu nasci numa casa pobre


 

(Pampilhosa da Serra foto Padre Pedro)


 

EU NASCI NUMA CASA POBRE

José Augusto Simões

 

Eu nasci numa casa fundeira

Cresci numa casa da serra

As ruas eram a estrumeira

Do esterco se alimenta a terra

 

As casas eram velhinhas

Mas tinham boas lareiras

Minha mãe e as vizinhas

Levavam estrume p´ras leiras

 

Só se juntavam à noite

Ou quando estava a chover

Punham lenha na fogueira

Para todos bem receber

 

Éramos todos primos e amigos

Todos juntos a conviver

Punha-se mais lenha no lume

Foi ali que aprendi a ler

 

Todas elas nos contavam

Cada qual a sua história

Atentos todos escutavam

Tudo ficava na memória

 

Depois de tantas histórias

Coisas que havias nas terras…

Tínhamos as nossas glórias

Subíamos ao alto das serras

 

Quando chegámos ao cimo

Avistávamos o horizonte

Era a serra mais alta

No largo tinha uma fonte.

 

Saía a água da rocha

Muito pura e cristalina

Logo os dois nos baixámos

Para beber água tão fina.

 

Quando olhámos os astros

Vimos o sol a nascer

Era a coisa mais bonita

Que podia acontecer

 

Depois de o sol arraiar

Corremos todos os montes

Em todos os vales corria

Água em todas as fontes

 

Terras cobertas de matos

Tão bonitas, uma beleza

Todas ali se criaram

Com o sol da natureza

 

Depois descemos para a aldeia

Com saudade e alegria

Já sabíamos muitas coisas

Era verdade o que se dizia.

 

Já na escola fui aprender

A lição que já sabia

Recordo e não irei esquecer

A lição de astrologia.


 

 

Lisboa, 12 de Dezembro de 2006

(Poema da autoria de meu pai e mestre que nasceu em 1922)

 

Poemas de amor e dor conteúdo da página

LOBO… QUE COMER NO QUE RESTA DA ALDEIA?

(foto da autoria de Padre Pedro - Pampilhosa da Serra)

 

 

 

LOBO… QUE COMER NO QUE RESTA DA ALDEIA?
Rogério Martins Simões
 
Lobo não venha comer a minha ovelha…
Tenha cuidado que eu faço fogueira.
Cruzes canhoto que vem por aí a velha…
Lobo não coma a noz verde à nogueira…
 
Tem noite que a noite é vermelha.
Credo! Abrenúncio! Vem aí a feiticeira…
Ferradura na porta; corno na telha…
Lobo não coma o figo verde à figueira…
 
Lobo não volte para roubar o nosso pão.
Menino homem só tem medo do papão…
Lobo que comer no que resta da aldeia?
 
Loba… que vai ser de ti e da tua alcateia…
Dói-me a barriga de comer tantas amoras:
Cresceram as silvas, os matos e as horas…
04-07-2005

 

Poemas de amor e dor conteúdo da página

Regresso à Aldeia

 

 

Regresso à Aldeia

 

Chegaram pela manhã de uma longa jornada.

O tempo era ameno e de repente lembraram-se do Verão onde tantas manhãs foram suas.

Pararam, nada disseram um ao outro, como esperassem que algo acontecesse e de repente toda a Aldeia fosse ao seu encontro.

Já tardam tão cedo as manhãs, que ainda só agora começam, e os seus pés, tão pesados, já não são da viagem…

Finalmente quebraram o silêncio:

- Lembras-te Isabel da queda… no musgo que crescia à beira do curral!

Olharam em redor!

Tudo parecia demasiado pequeno, distante, ao alcance de um braço.

Notei, na quietude, as fragilidades com que tentavam disfarçar a insegurança daquele breve momento.

Então, vi no rosto dos meus pais:

“olhos de água cristalina,

da mais pura nascente da serra,

correndo em levada”

Cheios de recordações, como se mais nada existisse que os fizesse ficar, partiram.

Rogério Martins Simões

(A meus pais)

 

Regresso à Aldeia foi escrito há muitos anos numa antecipação ao dia 18/6/2004.

Tal como versei num soneto, chegou o tempo de concretizar a profecia:

“E regressaram à aldeia no final do caminho”.

Meus pais, para quem a palavra amor é para mim insuficiente para lhes expressar o que por eles sinto, foram visitar as suas aldeias: A Malhada (Colmeal) e a Póvoa (Pampilhosa da Serra).

Meu pai, com 82 anos, não visitava a sua Aldeia há quase meio século,

Hoje, mais que em qualquer momento, faltam-me as locuções e sobram-me as glorificações.

Lisboa, 19/6/2004

Rogério

Reedito um “post” que publiquei em “Poemas de Amor e dor” em 2004 por sugestão de uma amiga, “blogueira” no SOL, a quem agradeço.

Meus pais estão vivos! Eis ainda outra boa razão para vos dar a conhecer o que um dia apaguei.

Saudades

Rogério Simões

 

 

 

Poemas de amor e dor conteúdo da página

amrosaorvalho.gif

MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado

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