O QUEBRANTO...
Rogério Martins Simões
Que fascínio exerceu, em mim, a tia Emília, do Pátio do Carrasco!
- Rogério! “Unge as mãos e os pés”!
E ali ficava sentado num banco rente ao chão, costas direitas e joelhitos bem unidos.
- O rapaz tem “cobranto” e rezava…
Depois minha mãe fazia um defumadouro
e eu respirava os cheiros ancestrais
dos contos mágicos do meu pai…
(Diálogo com a alma. Extracto da entrevista ao Jornal Serras da Pampilhosa da Serra)
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:07
TELHADOS DE ALFAMA
Rogério Martins Simões
Telhados de Alfama
São mastros são velas
São beijos eternos
Juntinhos e ternos
Estreitando as vielas.
Telhados de Alfama
São ilhas são notas
Parecem guitarras
Em noites de farras
Soltando risotas
Telhados de Alfama
Dores e pecados
Encantos de artistas
Motivos fadistas
E casas de fados
Telhados de Alfama
Bandos de beirais
Gatos nas caleiras
Seios de feiticeiras
Por onde chorais
Meco, 10/09/2014 23:39:44
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:26
VIDEO
Lisboa é a minha Cidade!
Rogério Martins Simões
Mote
Minha terra é a mais bela,
É bela, e não tem idade,
Vigio-a da minha janela:
Lisboa é a minha cidade
Glosa
Com o fado a meu lado,
E sete colinas em flor,
Beijo o fado por amor,
No Castelo enfeitiçado:
Perdido vou em pecado.
Viajo na canoa à vela,
Vejo Alfama aguarela,
Rio acima com ternura,
Subo o Tejo na ventura
Minha terra é a mais bela!
Mouraria vem navegar...
À desgarrada partir.
O meu amor não quer ir,
É tarde, vamos marchar,
Se partir hei de voltar.
No chão flores de jade
Madragoa é qual saudade
Doce encanto, sacro mel,
Nunca me soubeste a fel.
É bela e não tem idade.
Coração apaixonado,
No trinar duma guitarra,
Está frio, veste a samarra.
Bairro Alto, meu pecado,
Boémias e noites de fado.
Cravos rubros na lapela,
Não passes por mim sem ela,
Voltei e já fui à Graça,
Por São Vicente se passa,
Vigio-a da minha janela.
Subi à Bica, e vou a pé.
A pé desci ao Rossio,
Carícia do Paço ao rio,
E Santo António da Sé,
Entrei, e rezei com fé!
Sete morros de amizade,
Vivendo em liberdade,
Resguardam estes tesouros:
Latinos, Godos e Mouros,
Lisboa é a minha cidade!
Lisboa, 23 de janeiro de 2008
Alterado 28-11-2010 20:53:42
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:33
(Óleo sobre tela
REAL BORDALO)
ROSA DE ALFAMA
(A ROSEIRA NÃO SERÁ ESQUECIDA)
(Romasi)
Rogério Martins Simões
A Rosa,
Rosa das escuras ruas de Alfama,
Era rosa,
Filha de Roseira Brava
Que vendia sardinha de Barrica.
A Rosa
Não nasceu num berço de oiro
Nem nasceu menina rica.
Sua mãe a pariu
Quase morta
Numa manhã invernosa
A caminho da lota.
A Rosa
Filha de Roseira Brava
Que vendia sardinha de Barrica.
Não se quedou apregoando sardinha
Pelas ruas da Regueira
Ou vendendo seu corpo lesto
Pelos bares tristes da Ribeira.
A Rosa,
Rosa das escuras ruas de Alfama,
Filha de Roseira Brava
Que vendia sardinha de Barrica.
Parida quase morta
A caminho da lota;
Que não teve berço de oiro
Nem nasceu para ser rica
Lutou pela Liberdade!
Morreu vendendo a vida!
Agora dizem em Alfama…
Que a Rosa não será esquecida.
1969
(Homenagem à mulher trabalhadora de Alfama)
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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O QUE O TEMPO TEM DE SOBRA
(Rogério Martins Simões)
O que o tempo tem de sobra
É o tempo que me dobra…
Dobra o tempo, faz-me velho
Quando revejo o espelho
O tempo terá sempre tempo…
Se a tempo meu riso chegar
Pois… se deslizar desatento…
Talvez o possa encontrar
Passo os dias à procura
(Meu tempo não vai durar)
Meu corpo é espiga madura
Só o tempo o irá vergar
Dobra o corpo no desalento
Semente do tempo e da idade
Já oiço o silvar do vento
Da eterna claridade
E se o tempo não me acalma
Meu corpo nem sempre dura
O tempo não tem a minha alma
Para sempre no tempo perdura
Pois se Deus criou o mundo
E ao sétimo dia descansou
Paro este diálogo profundo…
Para onde a alma me levou
Tempo! Que tens de sobra?
- É o tempo que te dobra…
- Dobra tempo; quero voar!
Voa o tempo e me renova
A dor o riso e a prova…
Agora quero descansar.
17/04/2004
Concluído em
26/08/2005
Poemas de amor e dor
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CIRANDA EM DÉCIMAS COM QUADRA E GLOSA
« A MINHA TERRA»
Uma iniciativa do Poeta Daniel Cristal
ROMASI
(LISBOA, vigio-a da minha janela
Óleo sobre tela Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
Lisboa é a minha Cidade!
Rogério Martins Simões
Mote
Minha terra é a mais bela
É bela e não tem idade
Vigio-a da minha janela
Lisboa é a minha cidade
Glosa
Coração apaixonado
Morro de paixão e amor
Apraz-me ver-te em flor
No Castelo enfeitiçado,
Perdido, vivo em pecado…
Viajo na canoa à vela
Vejo Alfama aguarela
Rio acima com ternura
Subo o Tejo na ventura
Minha terra é a mais bela!
Mouraria vem navegar
À desgarrada partir
O meu amor não quer ir
É tarde! Vamos marchar,
Se partir hei-de voltar.
No chão flores de jade
Madragoa é qual saudade
Doce encanto, sacro mel,
Nunca me soubeste a fel.
É bela e não tem idade.
Coração foi bem levado
No trinar duma guitarra
Está frio, veste a samarra!
Bairro Alto, meu pecado
Boémias e noites de fado
Cravos rubros na lapela
Não passes por mim sem ela…
Voltei e já fui à Graça
Por São Vicente se passa,
Vigio-a da minha janela
Subi à Bica e vou a pé
A pé desci ao Rossio
Carícia do Paço ao rio
E ao Santo António da Sé.
Entrei e rezei com fé!
Sete morros de amizade
Vivendo em liberdade
Resguardam estes tesouros:
Latinos, Godos e Mouros,
Lisboa é a minha cidade!
Lisboa, 23 de Janeiro de 2008
Poemas de amor e dor
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(Largo S. Miguel - Alfama - Lisboa)
Cumplicidades
( Rogério Simões )
Observei-te, estavas, linda!
Bonita, como a rosa em botão!
Não te toquei, estavas ainda
Longe no teu olhar - eu não!
Afinal não te era indiferente.
Mas enfim, lá por dentro vias
Que havia em mim algo diferente
Nos locais para onde ias.
Para compensar o tempo ido
Prometias em pensamento
Recuperar o tempo perdido
À força de um sublime momento.
Amor! Estavas tão linda
Bonita como a rosa em botão
Não te toquei, estavas ainda
Perto do meu olhar - tu não!
Finalmente teu coração reparou
E descobriste que eu existia
Teu amor em mim encontrou
E… foi tão lindo esse dia.
E foram tão longos os abraços,
Carentes, infinitos e diferentes.
Foram estes os nossos laços
Afinal não éramos indiferentes…
2003
(Caderno Uma Dúzia de Páginas de Poesia n.º 41)
E colectânea de poemas”INDEX-POESIS”
(ISBN 972-99390-8-X e Depósito Legal 249244/06)
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:00
(Lisboa)
Lisboa é a minha Cidade!
Rogério Martins Simões
Mote
Minha terra é a mais bela
É bela e não tem idade
Vigio-a da minha janela
Lisboa é a minha cidade
Glosa
Coração apaixonado
Morro de paixão e amor
Apraz-me ver-te em flor
No Castelo enfeitiçado
Perdido, vivo em pecado…
Viajo na canoa à vela
Vejo Alfama aguarela
Rio acima com ternura
Subo o Tejo na ventura
Minha terra é a mais bela!
Mouraria vem navegar
À desgarrada partir
O meu amor não quer ir
É tarde! Vamos marchar,
Se partir hei-de voltar.
No chão flores de jade
Madragoa é qual saudade
Doce encanto, sacro mel,
Nunca me soubeste a fel.
É bela e não tem idade.
Coração foi bem levado
No trinar duma guitarra
Está frio, veste a samarra!
Bairro Alto, meu pecado
Boémias e noites de fado
Cravos rubros na lapela
Não passes por mim sem ela…
Voltei e já fui à Graça
Por São Vicente se passa,
Vigio-a da minha janela
Subi à Bica e vou a pé
A pé desci ao Rossio
Carícia do Paço ao rio
E ao Santo António da Sé.
Entrei e rezei com fé!
Sete morros de amizade
Vivendo em liberdade
Resguardam estes tesouros:
Latinos, Godos e Mouros,
Lisboa é a minha cidade!
Lisboa, 23 de Janeiro de 2008
fado
Rogério Martins Simões
Nas ruas da velha mourama
Era famoso o arroz de cabidela
No velho Pereira de Alfama.
Eram os pregões das varinas
Tocavam as concertinas
E os gatos espreitavam à janela
Mas Alfama não está quieta!
Fervilha, está viva, irrequieta
E um cheiro a namorico…
Deixa o Manel de alerta
Atira-se a um manjerico…
Com ciúmes da fadista Berta
A Berta que vê o artola…
Com naifa de ponta e mola
Não cede o passo ao Manel
- Acudam! Grita a infiel…
E no meio desta algazarra
Vasos partidos e tanto brado
Surge um fadista safado
Abraçado a uma guitarra
Pára a guerra na viela!
E o povo vem à janela,
Há fadistas por todo o lado…
Toca o Chico a Madragoa
Silêncio! Que a nossa Lisboa
Vai ouvir cantar o fado…
13/06/2007
Poemas de amor e dor
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(Mestre REAL BORDALO)
O MEU FADO MAGOADO
Rogério Martins Simões
O meu fado magoado,
Passa o dia a noite inteira
A trinar numa guitarra
O meu fado que é tão triste
Percorre as velhas tabernas
Bebendo por todo o lado.
Se tarde tarda a noite
Acorda num sobressalto
Toda a minha fantasia.
E das ruas do Bairro Alto
Corro a ver ao Castelo
Para de lá nascer o dia...
Há sempre numa viela.
Há sempre no meu olhar
Tanta vida, tanta fama.
Um pintor com sua tela.
Um puto no seu andar
Nas ruas tristes de Alfama.
Agora que rompeu o dia
Adormece num vão de escada
Este fado madrugado
Desde a Bica à Mouraria
Escrevem mais poesia
Porque afinal à noite há fado.
9/2/1979
(original)
Poemas de amor e dor
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(LISBOA - ALFAMA - TEJO)
fado
Rogério Martins Simões
Nas ruas da velha mourama
Era famoso o arroz de cabidela
No velho Pereira de Alfama.
Eram os pregões das varinas
Tocavam as concertinas
E os gatos espreitavam à janela
Mas Alfama não está quieta!
Fervilha, está viva, irrequieta
E um cheiro a namorico…
Deixa o Manel de alerta
Atira-se a um manjerico…
Com ciúmes da fadista Berta
A Berta que vê o artola…
Com naifa de ponta e mola
Não cede o passo ao Manel
- Acudam! Grita a infiel…
E no meio desta algazarra
Vasos partidos e tanto brado
Surge um fadista safado
Abraçado a uma guitarra
Pára a guerra na viela!
E o povo vem à janela,
Há fadistas por todo o lado…
Toca o Chico a Madragoa
Silêncio! Que a nossa Lisboa
Vai ouvir cantar o fado…
13/06/2007
Poemas de amor e dor
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