Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
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Poeta: Rogério Martins Simões
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Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Hoje, dia 23 de Janeiro de 2008, o nosso inteligente e lindo cão morreu!
Há anos ofereci um lindo cão – podengo anão – à minha esposa. O cão era tão lindo!
Hoje estamos muito tristes - estranha tristeza, dirão tantos! Não! Quem decide ter por companhia um cão deve estimá-lo e nunca o abandonar.
Hoje poucas palavras conseguirei escrever, porém, farei questão que a minha esposa e grande mulher, que tão bem escreve contos e pinta, escreva aqui os contos, bem reais, do nosso tão querido TARIK
Lamechas dirão alguns! Seja! O nosso Tarik embelezou e contribuiu, em muito, para a nossa felicidade. Tarik lia os nossos pensamentos, adorava o Meco, e limpava sempre as patas, no tapete, antes de entrar em casa.
Tarik foi sempre o meu companheiro até altas horas da madrugada enquanto escrevia meus versos.
Se estava triste dava-me uma lambidela nas mãos e eu sorria.
Hoje choro! Porque choras poeta?
A Parkinson doravante é e será a tua única companhia nas altas horas da madrugada.
É tarde, a minha companheira já secou as lágrimas e está a descansar. O dia foi longo, resta-me a certeza da companhia da minha grande companheira, mas estou só, já não tenho o meu velho cão que tanta alegria nos deu. Parkinson, quer queira ou não, significa solidão e dependência. Hoje estou mais só entre as quatro paredes do escritório.
Olho para o lado, parece-me ouvir ressonar o nosso velho cão. Estás a ouvir-me Tarik!Parece que não!
Sabem um segredo – se eu chamar pelo seu nome em inglês ele uiva!
Tarik, my little dog – dizia a sua tratadora quando ele ficou detido em Londres e estava em quarentena.
Já passaram tantos anos e a memória está fresca.
Tarik, my little dog! O silêncio mete medo! Vou também descansar.
Rogério Martins Simões
(óleo sobre tela Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
Eram os meus primeiros passos, em linha angular, nesses tempos de sete anos.
As casas eram pequenas. Todos se amontoavam -dormia-se por turnos e não sobravam os espaços
As ruas, que conduziam à feira-da-ladra, eram "povoadas" de vendedores ambulantes que ganhavam a vida num tropel de "quatro patas".
Havia fava-rica a cinco tostões! E ouvia minha mãe dizer que tinham cabelos - pois não as podia comprar...
Nas pedras da calçada, redondas sem alcatrão, havia burricadas e os garotos da minha idade jogavam à bola, com bolas feitas de trapos.
Como ansiava e esperei por uma bola a sério! Como a dos jogadores e, quando tinha algum tostão, comprava rebuçados enrolados em cromos à espera que me saísse do jogador mais "custoso".
Certo dia meu pai jogou de uma só vez e saiu-lhe o boneco que dava direito à bola. Aí pensei. O dinheiro compra tudo!?
Os ponteiros dos relógios fazem corridas de horas, minutos e segundos!
Na minha rua havia garotos com horas a brilharem ao sol!
Na minha cabeça, fantasia de sete anos, abriam-se espaços ocos com imagens sucessivas de relógios com correias de nylon coloridas.
Conheci os meus novos companheiros de aventura e por estranho que pareça já os adivinhava há muito! Filhos de mães trabalhadoras que aliviavam os braços deixando os meninos entregues ao destino.
Os seus rostos eram iguais a tantos meninos: Viviam e cresciam na rua: jogavam a bola, partiam os vidros, fugiam da polícia pendurados nos eléctricos e nos autocarros.
Era o começo de uma geração desprovida de laços.
-Ó pá! O que andas aqui a fazer?
Perguntou-me o "Zarolho" quando me viu pela primeira vez, como menino, levado para a escola pelo braço de minha mãe.
Encolhi os ombros! Era o indício da minha geração, pois, no queimar dos anos, vi muitos a "encolherem os ombros"
- Sabes?! Isto aqui é da "malta"
Fez-se silêncio - de um vazio contínuo e assustador.
- Para seres dos nossos - e eu sou o chefe, é preciso que lutes comigo!
E lutei!
Nesse dia um menino de sua mãe chegou a casa - com as calças rotas e sujas.
- Rogério, que fizeste às calças que estreaste?
- O teu pai, logo, vai bater-te! (Ameaçava minha mãe dando-me um tabefe).
Chegou a noite!
O meu pai chamou a si a difícil tarefa de um pai trabalhador.
Chorei! Aqui começaram as minhas primeiras lágrimas, unidas, lado a lado com a minha primeira aventura.
Rogério Simões
1974
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 22:24
MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975
Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado