Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Olhei a ferida – das feridas escorre o vermelho cor de sangue - mas não vi sangue, porém, estava ferido e nem queria acreditar!
(Às vezes a vida é “madrasta” e cheia de sofrimentos.)
E vieram-me à cabeça tantos pensamentos.
Recordei-me que tinha passado mais de metade da minha vida a caminho dos hospitais
Afinal o nosso corpo é como uma árvore: as folhas caem no Outono e rebentam na Primavera.
Nesse tempo, dos 20 anos aos 40 anos de idade, de desmaio em desmaio o sangue brotava tomando a forma de melena e/ou hematémese.
Perguntava então aos Céus a razão para tanto tormento.
E encontrei dois velhos poemas:
HOJE
Rogério Martins Simões
Hoje
Fiquei sem nada
Olhando as estrelas,
Na rua,
Habilitando-me
A uma viagem à lua.
Hoje fiquei sem nada!
Sem lar!
Sem família!
Abandonado!
Aguardando
No espaço vazio
da minha vida
Pela casa cheia.
Hoje não há sol,
nem calor
E o meu coração
que falha
Lança na dor
Meu corpo frágil
Que desmaia…
2/3/1973
MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Martins Simões
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
1974
Em 1990 voltou a bonança! O barco balouçava mas não andava à deriva…
Mas, de repente, em 2002 o céu desabou em mim!
Se não era capaz de abotoar a camisa com a mão esquerda como iria ter forças para suster o céu?
PARKINSON
(DIAGNÓSTICO)
Rogério Martins Simões
Meu amor! Tu não estavas enganada!
Só tu darias pela diferença no gesto,
Pela minha expressão algo errada,
O meu lado esquerdo menos lesto.
Hoje, tu não ficaste surpreendida.
Componho este poema e não desisto:
A direita, com que escrevo, agradecida!
Com a esquerda não escrevo mas insisto!
Com a direita escrevo o “A” de amor!
Com a esquerda se escreve o “D” de dor!
E o resto deste poema em desespero!
Pois sofrer, tanto sofrer não conhece.
O meu corpo, tanto sofrer, não merece.
Sofrer mais, por sofrer, não quero!
04-06-2002
Chorei! Sim um homem também chora! Mas não me vou embora, embora às vezes até me apeteça partir…abandonar tudo.
Durante estes últimos anos tenho pedido a Deus, à vida ou ao Universo para ter coragem.
De vez em vez chegam notícias que me prometem ajudar a segurar o teto do céu com as minhas duas mãos de esperança. Deus queira!
Uma palavra de esperança a todos os que sofrem direta ou indiretamente: acreditem que somos nós que temos de refazer e lutar por uma vida melhor, minorando os sofrimentos e os estragos da alma ou do corpo.
ESPERANÇA
Rogério Martins Simões
Entrelaço os meus dedos nos teus:
Vivas ilusões, ténues lembranças.
Foram inatingíveis os versos meus,
Outono breve, poucas esperanças.
Ateámos o fogo nas estrelas dos céus.
Mapeávamos nossos corpos de danças.
Encontros e desencontros não são réus…
Presos não estamos, procuro mudanças.
Agora, adorno enigmas bordados de cruz,
Cintilam horizontes de esperança e luz,
Meu fogo arde no mais puro cristal.
E se na alquimia busco a perfeição,
Respondo às interrogações do coração,
Descubro no amor a pedra filosofal.
Lisboa, 02-10-2006 23:58
É através da poesia – canto mágico dos poetas – que tenho sempre presente, no meu coração, todos aqueles que mais sofrem – já nem escrevem! Já não falam – mas escutam se lhes falarmos de mansinho ao ouvido. Sendo assim escrevo por eles, em mim, com esta mão direita.
E se nesta missão conseguir fazer com que um, pelo menos um, se sinta menos infeliz, menos desamparado, menos solitário e com alguma confiança no futuro – então valeu a pena ser a meu modo solidário!
Incluo aqui todos os sofrimentos, todas as maleitas da carne ou da alma, ou seja – uma universalidade de doentes, doenças, guerras, ódios, fome, violência, racismo, abandono... Enfim, um sem número de males que dia a dia consomem o homem!
Aproveito para enaltecer os profissionais de saúde e os cientistas que, procurando amenizar a dor, colocam o amor, o saber, e o conhecimento científico, ao serviço da humanidade.
À restante comunidade, aos cidadãos que pagam os seus impostos e que devem exigir que estes sejam bem administrados, o apreço pelo cumprimento deste dever cívico e solidário.
Vou terminar.
Resta-me deixar aqui uma palavra de esperança num futuro melhor onde nem raças nem credos nos dividam. Onde haja lugar a um avanço na ciência para que todos possam ter uma vida mais digna. Porém, se essa evolução não vier a beneficiar os desprotegidos – POR FAVOR - deixem ficar tudo como está.
No próximo dia 11 de Abril é lembrado à sociedade que existe uma doença, neurodegenerativa, que dá pelo nome PARKINSON.
No serviço público da televisão, de qualidade, RTP2, no programa magazine de informação, “Sociedade Civil”, vai falar-se sobre Parkinson.
PARKINSON
(DIAGNÓSTICO)
Rogério Martins Simões
Meu amor! Tu não estavas enganada!
Só tu darias pela diferença no gesto
Pela minha expressão algo errada...
O meu lado esquerdo menos lesto.
Hoje, tu não ficaste surpreendida.
Componho este poema, e não desisto:
A direita, com que escrevo, agradecida!
Com a esquerda não escrevo mas insisto!
Com a direita escrevo o “A” de amor,
Com a esquerda se escreve o “D” de dor
E o resto deste poema em desespero.
Pois sofrer, tanto sofrer não conhece
Meu corpo, tanto sofrer, não merece
Sofrer mais, por sofrer, não quero!
04-06-2002
Todos aqueles que são portadores desta doença sabem o que sofrem e o que fazemos sofrer. Nesta data, em meu nome e como portador da doença, entendo que devo agradecer a quem directa ou indirectamente nos ajuda.
Ao Tiago Fleming Outeiro, ilustre Professor e cientista português, e à sua equipa de cientistas, quero agradecer tudo o que tem feito para minorar os “estragos”. O Tiago sabe, que eu sei, que nos irá dar muitas alegrias. Talvez por isso não tenha estranhado as boas-novas que nos chegaram recentemente. Obrigado TIAGO por colaborar há anos com o meu modesto blog de Parkinson e com o blog “Mal de Parkinson” do Brasil.
Agradeço, também, aos restantes cientistas, aos médicos, aos restantes profissionais de saúde, às Associações de Parkinson, às famílias, aos voluntários e a todos aqueles que ajudam os milhões de doentes, onde incluo doadores, jornalistas e promotores de programas como o que vos é anunciado.
Queridos pais, não se preocupem tanto com este vosso filho! Gosto muito de vós! Pai, mestre poeta com quase 86 anos, vai passar tudo, não vai?!
Aos verdadeiros amigos, e restantes portadores de Parkinson, vai um abraço numa manhã de esperança.
Finalmente à minha esposa! Para ela tudo! Obrigado Elisabete Maria Sombreireiro Palma.
Não irei desistir de lutar!
Deixo-vos com poemas para a Elisabete.
Rogério Martins Simões
Segredos, meu amor
(Rogério Martins Simões)
Segredos, meu amor
Hoje te quero revelar!
Se pudesse te daria o mundo:
A eternidade, meu amor profundo
Os poemas de amor - sem dor
Num canto belo se soubesse cantar!
Cantar, cantavas tu…e tão bem!
Pintar é a tua actual inspiração!
Reservo para ti também:
A poesia! Meu amor-perfeito;
Tempo de pausa e meditação!
A fantasia de alguém
Imperfeito!
Carente, terreno e pensante!
E se em momentos de inspiração
Parto por aí algo errante
Numa completa e intemporal dação
(Mas quente e vertical entrega)
Seja breve e que encante!
Minha alma nesse instante sossega.
26-05-2004 23:29
Guerreira da Luz
(Rogério Martins Simões)
Sabendo o que sei, sem saber o que sou.
Partindo de mim, para ti, sem te conhecer,
Cercada de luz te encontrei ao entardecer,
Quando o coração a tua alma encontrou.
Teu brilho que um dia me libertou,
Quando nem vontade tinha para escrever
Renovou em mim a vontade de viver,
Sei aquilo que fui; sei para onde vou.
Guiado por ti, guerreira da Luz,
Para onde esta estrada nos conduz,
Lado a lado, sem questionar o que fomos…
Conduzidos e iluminados pela estrela de Natal,
Numa felicidade diária sem igual,
Rectos e eternos, eternamente, somos.
24/12/1998
PÁRA
Rogério Martins Simões
Segredaste-me tantas palavras,
Esta noite meu amor,
Quando no quarto imperava o silêncio!
E disseste tantas coisas,
Em silêncio,
Que nada ficou por dizer!
Tu sabes que eu gosto do silêncio!
De respeitar o silêncio,
Mesmo que ele incomode.
Incomodam-me
Mais os estados de “não alma”,
Que perturbam o silêncio,
Com palavras ditas de forma não calma.
Eu sei que não conheces
As “não palavras:
Que me ferem os tímpanos,
Que não acalmam!
Que me pulverizam o silêncio
Aniquilando o alento!
Que me cortam a respiração
E me deixam frustrado,
Cabisbaixo,
Adiando ou extinguindo
Para sempre a inspiração!
Que génio teriam os poetas
Se lhes parassem a respiração,
O pulsar e a pena?!
De que forma?
Com que sentido,
Teriam estas palavras,
Se as minhas palavras
Fossem desprovidas de qualquer sentido.
Sentidas foram as tuas palavras
Quando me disseste,
Sem falar,
Estas palavras:
Pára de escrever!
Porque as palavras te fazem sofrer!
Pára, vem descansar!
Para o corpo retemperar!
Mas meu amor
O meu descanso
Está nas palavras que não comando!
E se sofrer eu sofro
Escrevendo
Pior sorte seria
Não escrever chorando.
17/05/2004
Poemas de amor e dor
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MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975
Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado