FALUAS DO MEU CORAÇÃO
Rogério Martins Simões
Pior que as pedradas…
São as palavras calcadas…
Mais duras que as pedras:
Lisas ou encalhadas,
Nas silvas ou nas frestas;
Soltas ou entalhadas,
Nas sílabas ou nas festas…
Deram-me um saco de ruas,
Que ao abrir soltou as suas…
Deram-me o saco com pedras!
Para que não cegassem as luas,
Estendi sobre a fronte a mão,
Procurando entre as faluas,
A que me levasse o coração.
E era tão linda a caravela,
Que logo parti com mais ela,
Sem encalhar nas pedras…
E nesta nossa eterna viagem,
Deixámos reacender as luas:
Dispensámos a marinhagem…
Unindo minhas mãos às tuas.
Lisboa, 28-05-2009 23:36:05
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:54
DEIXA A TERNURA
Rogério Martins Simões
Quando desesperado assim me deito,
Quantas vezes calado em sobressalto,
Como uma onda varrendo lá do alto,
Assim é a imensa dor que rasga o peito.
Cruel este sofrer sem qualquer proveito,
Arfando até não mais, e neste assalto,
Para onde o meu presente levou a salto:
Esta imensa dor que me dói e que rejeito.
Luta desigual, foi esse o meu receio,
Que bem cedo legou este meu tormento.
Tarde me tarda meu último momento…
Eterna prisão foi esta a que me enleio,
Sobra-me este grito; É minha a loucura:
Quase tudo levou: deixa a ternura!
Meco, 01/03/2019 18:04:43
Simões, Rogério, in “POEMAS DE AMOR E DOR”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2019)
1ª edição: Agosto, 2019
ISBN: 978-989-52-6450-6
Depósito Legal n.º 459328/19
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:08
CANTO O IMPREVISTO
(Rogério Martins Simões)
Canto o imprevisto
O que se espera e não espera
Canto o que conto, e não conto:
Tenho andado em viagem
Sem tempo.
Acordo cansado,
Deito-me cedo
Cedo ao meu corpo fatigado
E neste tormento
Sem razão aparente,
Neste aparente cansaço:
Não sei por onde ando.
Ando por aí
Em busca de qualquer coisa
Que nem sei onde está.
Olho a televisão
Nada vejo que me encontre.
Olho as molduras
Leio os rostos que conheço,
Amo os que não esqueço.
Daria tudo
Por uma forte gargalhada,
Sonora, repetitiva:
Rindo, rindo, sem parar.
E neste meu silêncio, em que me silencio
Quero rir para não chorar.
04-03-2005
(Para um suposto 3º livro)
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:50
DEIXA A TERNURA
Rogério Martins Simões
Quando no desespero em que me deito,
Como uma onda varrendo no mar alto,
Quantas vezes calado em sobressalto,
É esta imensa dor que me vai no peito.
Que cruel é este sofrer sem mais proveito,
Arfando até não mais, e neste assalto,
Para onde o meu presente levou a salto:
Assim vai esta dor que me dói e rejeito.
Luta desigual, foi esse o seu recreio,
Que bem cedo legou este meu tormento.
Tarde me tarda meu último movimento…
Eterna prisão foi esta que me enleio,
Num conflito que me leva à loucura,
Quase tudo levou: Ficou a ternura…
Meco, 19/03/2016 22:36:37
(próximo livro)
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:50
(Autor da foto Rogério Simões)
HOJE É DIA NÃO
Rogério Martins Simões
Hoje é dia não!
Da negação de mim mesmo
Da negação do eu
Que me conduz à indiferença
E neste momento
Sem movimento
Corro o risco de ficar parado
Hoje ao passar pelo centro
Dos gélidos e doentios olhares
Que cegos não eram
Nem vivos são…
Ninguém me viu
Ninguém reparou
Que uma lágrima beijou o chão
E, enquanto tentava escrever,
Outra caiu no papel
Que acabou por secar
Porque hoje é dia não.
Lisboa, 24/11/2017 13:52:11
Poemas de amor e dor
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publicado às 00:49
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:33
O SOL
José Augusto Simões
Sol divino, Sol divino
Lindo é vê-lo nascer
É mais um dia na vida
Deus nos dá para viver
Sol divino, Sol divino
Que ilumina toda a terra
Desde o mais profundo vale
Até ao mais alto da serra
Sol divino, Sol divino
Que nos dá tanta alegria
Acaba a noite cerrada
E irrompe o claro dia
Sol divino, Sol divino
Nos dá tanta beleza
É a estrela mais bela
Que nos dá a natureza:
Quando está ao pé do rio
Em cima de uma cascata
O fundo parece de ouro
A água da cor da prata
Todo o ser vivo se mexe
Quando vê nascer o Sol
Os passarinhos cantam
Trina o lindo rouxinol
Rouxinol que bem cantas
Onde aprendeste a cantar?
- No cimo daquele salgueiro
Com os ramos a abanar!
Todas as aves cantam!
Cada qual com sua voz!
Eu já acompanhei o rio…
Da nascente até à foz
Estou velho! Tu és menino
Nunca irás envelhecer
Sol divino, Sol divino
Sem ti não posso viver
Lisboa, 25/9/2007
DEDICADO AO POVO DE PRAÇAIS
PAMPILHOSA DA SERRA
Com este poema, do meu querido e falecido pai, pretendo agradecer a todos – e foram muitos – Que me enviaram mensagens de condolências. Assim, na impossibilidade de me dirigir a cada um de vós, e por acreditar que meu pai está na luz, nada melhor que reeditar o seu poema “Sol” Divino de José Augusto Simões.
E a mim, seu filho, cabe-me dedicar a meu pai o meu poema: POETA ESTAIS DE PARTIDA
POETA! ESTAIS DE PARTIDA
Retomo a minha viagem,
E peço aos céus a coragem,
Para enfrentar a descida…
Parte barco numa onda:
Que o meu corpo se esconda
Do aceno na despedida.
Vai o barco a soluçar,
E no cais fica a chorar
Uma lágrima despida…
Mar que bem cedo se agita,
Que chama o arrais que grita:
Poeta! Estais de partida…
Meu barco que não comando
Diz, aos céus, por seu desmando
Que a viagem acaba ali…
E a alma vendo-me triste,
Solta o corpo que resiste,
Olha o meu barco, e sorri…
Praia das Bicas, Meco, 07-10-2011 20:00:42
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:08
DESCIDA
Rogério Martins Simões
Enfrento a mesma escada de antigamente.
Fico a pensar longamente,
A olhar para ti,
A subir e a sumir
Como se nada existisse que te impedisse de correr.
Agora soletras cada degrau,
E os degraus serão lágrimas, nas escadas,
Que terás de vencer.
Como é estranho que não te recordes
Que me ultrapassaste na subida…
Correste depressa e na pressa passou a vida.
Agora sou esquecimento, obstáculo:
Corpo disforme e tamanho a contornar.
Desvia-te!
Deixa passar quem passou mesmo agora por ti…
Meco, 11/08/2015 18:09
Poemas de amor e dor
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publicado às 20:15
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:53
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:35