Não imaginam a coragem que é preciso ter...!
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FÁTIMA
Rogério Martins Simões
Acendemos as velas da penitência
Que ardem no meio das chamas
Acalmando a nossa consciência
Tanto sofrimento; tantos dramas
O sofrimento esbate a clarividência
Por um milagre esperas e clamas
Perdida a esperança na ciência
Resta a fé e Deus que tanto amas…
E se milagres da fé, na fé se derem
Coxos a correrem e os cegos a verem
Logo ali prometemos voltar…
Pisaremos descalços com um sorriso
Estradas, caminhos… o que for preciso
E regressamos a Fátima para rezar.
13-02-2004 18:35:46
(óleo sobre tela
Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
DESAFIO AO POETA
Rogério Martins Simões
Iniciámos juntos a caminhada,
Proclamámos versos ao sol-pôr
Percorria um violino a estrada
E soltava uma canção de amor
Acendi nos anos todas as velas…
Não consigo disfarçar a ventura
Enfeitava teus cabelos na loucura
Se te visse voltarias às estrelas…
Esvoaçaram pérolas de violetas
Manhãs de sol, chuva e Primavera
Cresceram nos canteiros borboletas
Se te ler nos olhos serás quimera…
Olhei a manhã ver se não te via
Seguias os teus passos paralelos
Trago meiguice nos meus desvelos
Recordo em ti versos e alquimia
Não te sei sentir indiferente
Ocupa-me agora com o olhar
Cego não te irei olhar de frente
Resta o violino para recordar
Dança! Agora, vamos dançar
Melodia inacabada… clave de sol
Não te podia ver! Se te ver irei corar
Esvoaçam versos em girassol….
Lisboa, 03-04-2007 22:52:51
TAIZÉ
Ontem olhei o céu
Estava diferente...
Vi uma nova estrela reluzente
Indicando o caminho do amor.
Brilhava tanto...
Era enorme
Cintilava do pulsar da oração.
De repente,
Tão de leve,
Que de leve nem se sente,
Escutei no meu coração:
Taizé
Irmão Roger Schutz
Sabes:
"No início de tudo está a confiança do coração"
18/08/2005
QUISERA ANDAR DE CARROSSEL
Quisera andar de carrossel
Com um sorriso de criança que ri
Rosto rebuçado, melaços de mel
Laivos da festa que resta em ti…
Num dedo prendo o balão,
Com outro seguro o corcel
Soco a bola com a mão
As mãos, o rosto e a testa
Besunto-me todo com mel.
Solta-se dos dedos o balão
Que voa a caminho do céu
-Mãe! Vai-me apanhar
Um sorriso igual ao seu…
-Meu filho a mãe não sabe!
Ler, nunca aprendeu:
A mãe vai procurar
O balão que se perdeu…
-Mãe que sabe escutar,
Meus choros em seu coração
Abençoada o seja minha mãe
Por tudo o que foi e me deu!
Rodopiam as lembranças da festa
Pára o movimento ondulante
Sujo-me de novo a cada instante…
Sem rebuçados com sabor a mel
Mas… Brinquei tanto no carrossel….
2005-10-20
Ex-Votos (Nossa Senhora da Atalaia, Portugal)
46 anos a escrever e a rasgar poesia
Já escrevi neste blog - comecei a escrever poesia na década de 60 do século passado. Um poeta só atinge a maturidade poética escrevendo - mesmo rasgando.
A poesia desse tempo, até ao ano de 1986, foi quase toda rasgada. Porém, ao longo destes anos ia-os distribuindo por colegas, familiares, amigos, e foram eles que me fizeram chegar os que desse tempo me atrevo a editar.
Católico praticante, dirigente Diocesano da JOC (Juventude Operária Católica), não podia deixar de olhar o que me era permitido ver e fingir não ver o que não queriam que visse. Daí que a poesia expressasse a falta de amor, a ausência de liberdade, a difícil vida dos trabalhadores, a injustiça social e a emigração, enfim, o sofrimento de um povo que via os seus filhos perecer, ou serem feridos, numa guerra desnecessária. (como desnecessárias são todas as guerras).
Os poemas desse tempo eram assinados com o pseudónimo de ROMASI. Por vezes arriscava mais na construção poética e na sorte…, outras vezes escrevia por metáforas, com palavras “encalhadas”... alguns compreenderão o que quero dizer.
A minha evolução como poeta fez de mim um crítico, da minha poesia, razão suficiente para ter evitado dar a conhecer alguns dos meus poemas, ou ensaios poéticos, em verso branco, muito embora já tenha colocado aqui poemas desse tempo – aqueles que considerava melhores.
Na passada 5º feira, em Queluz, dedicaram à minha nova poesia uma tertúlia poética e estive presente. Estranhamente, para mim, uma amiga levava um poema da minha primeira fase poética, que vai até 1974, e fez questão de me dizer que gostava desse poema. - TRAÇO, TRAÇO; TRAÇO; PONTO. Foi esta amiga que me fez repensar e tomar a iniciativa de os editar.
Voltei a ler esses
Lisboa, 06-04-2008 22:20:35
Saudades,
ROMASI
CONTRASTE
Romasi
Era imponente
e erguia-se majestoso
naquela verde colina.
Era miserável
e perdia-se na sombra
do colossal palacete...
Havia fortuna,
luxos, aparatos,
grande riqueza.
Havia fome,
desgraça,
amarguras sem fim.
A chuva caiu.
Os canos a escoram
e os senhores
continuaram a dormir...
Mas a chuva não pára,
continuou a cair.
A lama escorregou!
A chuva passou
pela madeira podre
e a barraca inundou.
Foi a desgraça tudo levou
Somente por lá ficou
O local da barraca
E o grande palácio...
25/09/1968
- Menino cor de lama
Porque quem toca o sineiro?
-Foi a água que me atirou da cama
Pela encosta do ribeiro.
Rogério Martins Simões
20/07/2005
Mistérios da fé
Alexandrina de Balasar
Desloquei-me neste fim-de-semana a Balasar, uma aldeia que fica perto da Póvoa do Varzim a caminho de Famalicão (no norte de Portugal), para assistir ao casamento do filho de uma amiga.
O casamento realizou-se na Igreja de Balasar, Aldeia pequena e muito conhecida de “crentes e peregrinos” pois, na capela dessa igreja está sepultada a Beata Alexandrina de Balasar.
Alexandrina de Balasar, seu nome completo: Alexandrina Maria da Costa, mais conhecida pela doentinha de Balasar, foi canonizada recentemente pelo Papa. Alexandrina de Balasar foi elevada aos altares, como Beata, por existirem, posteriormente à sua morte, vários milagres comprovados, nomeadamente, a cura de uma doente em estado avançado de Parkinson.
A visita que fiz à casa onde ele viveu “amarrada” a uma cama durante mais de 30 anos tocou-me seriamente.
Confesso, que sempre senti uma enorme vontade em lá ir. Porém, foi tudo por acaso - se acaso o acaso existe.
No dia que antecedeu o casamento, o dia 17/9/2004, ao visitar a casa onde ele esteve entrevada, senti no corpo e na alma uma enorme presença espiritual para a qual não encontro explicação ou razão racional.
A Beata Alexandrina, segundo rezam as crónicas, esteve entrevada durante 30 anos, desde o dia 27 de Março de 1942 até falecer em 13 de Outubro de 1955, sem tomar alimento de espécie alguma, com dores constantes do corpo e torturas indizíveis da alma mas sempre generosamente resignada, sempre sorridente, a todos acolhendo com bondade impressionante.
«Alexandrina era portadora de compressão medular alta só, ou complicada de outros focos compressivos baixos» «A história da doença, os sintomas de que anteriormente se queixava e que hoje (Maio de 1942) apresenta, fazem crer que se trata de uma espécie de vários focos, mas principalmente lombo-sagrada, em compressão medular de um ou mais focos. É portadora também de uma cistite possivelmente devida aos cateterismos efectuados, durante longo tempo, mas o que principalmente avulta, na sua sintomatologia, é a compressão medular, ou mielite que a impossibilita de mexer-se, atento o grau que ela atingiu, na sua evolução de anos» (exames de 1941, rectificados em Maio de 1942 e anotados em 19 de Janeiro de 1943 pelo Dr. Gomes de Araújo e confirmados pelos Drs. Carlos Alberto Lima, professor Laureado da Faculdade de Medicina do Porto, e Dr. Manuel Augusto de Azevedo formado na mesma Faculdade).
Custa a acreditar que alguém sobreviva durante 13 anos sem comer, alimentada, apenas pela hóstia da comunhão.
Alexandrina ofereceu o seu sacrifício ao seu Deus, sempre com um sorriso, pela salvação das almas de todos os povos do mundo e é dela este pensamento:
«Queria consolar e confortar todos.
Queria dar alegria a todos os corações.
Queria tirar a fome aos famintos.
Queria vestir todos os nus.
Que pena eu experimento por todos os pobrezinhos»
Do seu diário a seguinte passagem (Diário da Alexandrina, 21.03.1947)
«Eu vivo com todo o amor,
porque com todo o amor por ti sou amado.
Amas-Me quando choras,
quando sorris;
amas-Me na dor
e na alegria;
amas-Me no silêncio
ou falando:
amas-Me em tudo».
(Beata Alexandrina de Balasar)
Nasceu: 30/03/1904
Faleceu 13/10/1955
20-09-2004 1:15:38