GEADA, GELO, CHUVA, NEVE
GEADA GELO CHUVA NEVE
Rogério Martins Simões
A enxada cava fundo
Na mão do homem do campo!
Fundo entra!
Chega fundo
Geada, Gelo, Chuva e Neve.
Na lareira, o pinho crepita,
A velha treme
E a criança grita
Geada, Gelo, Chuva e Neve.
O Inverno é ruim
E a bucha é tão rara.
Viva a salgadeira
Do toucinho cru!
Meu filho
Não te metas ao caminho
Geada, Gelo, Chuva e Neve.
Mãe minha, vou emigrar.
Que Deus a ajude
Que eu não posso!
E se Deus não quiser,
Geada, Gelo, Chuva e Neve.
Não há Inverno somente
Valha-nos os bafos da cabra!
Cabra minha já foste à lenha?
Geada, Gelo, Chuva e Neve.
Ardem as torgas na lareira
Senhor Ministro,
Que bela a casa a sua!?
Não há frio que lhe chegue,
Nem Geada, Gelo, Chuva e Neve.
Em casa de pobre,
Ramos de horta,
Ninhos de águia no alpendre.
Lavrador não fique curvado...
À geada, gelo, chuva e neve.
1974
(Poema dedicado ao povo da Póvoa, da Pampilhosa da Serra e a todos os Beirões)