(Foto de Rogério Simões)
CONSTRUÇÃO
Romasi
Rogério Martins Simões
Passo a passo,
passo em corrida o cansaço,
lembro como fui construindo
este espaço,
tão pequenino;
troquei um abraço…
esqueci o cansaço:
Era tão lindo o menino.
Passo a passo,
acelerei a corrida,
recordo como fui construindo
este espaço;
soltei asas de seda fina,
aparei a vida:
Era tão linda a menina.
Hoje, quis Deus
que escrevesse
os únicos passos importantes
da minha vida.
Que importa, sequer,
recordar horas más,
castelos de areia,
que os meus passos
foram deixando para trás...
Passo a passo,
Chego ao final da construção.
Malmequer; bem-me-quer…
Eu vi duas flores de algodão!
Lisboa, 1987
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 18:49
(foto Rogério Simões)
INVERNO
Rogério Martins Simões
Engrossam as nuvens.
Repartem as marés…
Alongo a mão
chapéu-de-chuva.
Resvalo no chão
húmus nos pés.
O tempo está de chuva
de lés a lés.
Bendita sejas
Estação:
Das folhas vencidas…
Das árvores despidas.
Das saias compridas.
Das noites de entrega.
Faz frio!
O vinho escorrega…
Lisboa 11 de Outubro de 2005
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 00:49
SE ESTIVERES POR CÁ FAZ UM SINAL…
Rogério Martins Simões
Ergue-se na destreza, sem contratempo,
mesmo em agonia não deixa de pensar,
louca sensação, esta, para viajar,
nos neurónios, por um buraco do tempo…
Ah! Este poder de estar aqui, ou ali,
atravessando os confins do imaginário,
por mil léguas separado, ali ou aqui,
de louco, um pouco, e visionário…
Nunca te perguntarei por onde andas!
Se estives por cá faz um sinal...
Lisboa, 28-02-2010 01:52:50
(Diálogos da Alma e do poeta)
Poemas de amor e dor
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publicado às 11:27
Fénix
Rogério Martins Simões
Nestes dias
que passam, a correr,
sem sentir.
Nestes pedaços
de tempo velho
a renascer,
Reaparece a vida:
Nas folhas novas a nascer.
Nas flores lindas por abrir.
Porém,
tudo se acaba por varrer;
todos acabamos por sofrer,
pelo que há-de vir.
E eu que nada sei,
Por nada ser:
Em cinzas irei partir,
e, das cinzas renascer...
1/08/2004
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 13:41
(TIAGO SIMÕES)
CORRE A ÁGUA CRISTALINA
Rogério Martins Simões
Corre a água cristalina,
Mata a sede é fresca e pura,
Vai à fonte a menina
Com espreitada formosura.
Traz um colo de rosa,
E duas roseiras atrevidas…
-Menina que corres à fonte
De onde vêm os teus risos?
-Vêm do cimo do monte!
Da brancura dos granizos!
Vai a água à fonte
Vai a fonte às rosas…
Cobiçadas por sorrisos…
Traz um sorriso atrevido,
Um cântaro de mão na ternura.
Vem a sede à menina,
Mata a sede, fresca e pura,
Corre a água cristalina
Que se espraia na secura…
Alagada por sorrisos…
Com que corres à fonte
De onde vêm os teus risos
-Vêm do cimo do monte!
Tanta sede molha os seios…
Tanta sede desatina…
Vem a fonte… por seus meios,
Corre a água cristalina,
Enche o cântaro; é fresca e pura
Vai a sede à menina…
Não tem sede a formosura…
12/08/2005
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:35
MODIGLIANE
Quando o teu corpo adoçava o tempo
Rogério Martins Simões
Quanto no teu olhar
reluzia a sedução,
cristais acenavam
em teu corpo
descoberto…
E o meu corpo,
Em teu corpo
Adoçava.
Era um só corpo
que abraçava,
a todo o tempo,
quando o tempo
contigo dançava,
num sémen,
onde o desejo
não era abstracto
e recomeçava…
Além de nós,
havia um tempo
que anunciava
um vento criador.
Uma ligeira brisa
separava
os nossos corpos do fogo…
Depois, eras a diva
num período de advento,
trazias no teu corpo
estrelícias
de chuva e vento…
Logo, a terra, nos revestia
de volúpia
para que
recomeçássemos…
Suspiros
da procriação
misturavam-se,
em cores férteis,
nos corpos nus…
(cio da natureza,
entreaberto…)
Depressa a natureza
descobriu
desvarios
sem tempo,
de um tempo
de germinação,
E não mais o vento
te esfriou o calor,
com que te avermelhou
o rosto,
em contratempo...
Que rápido
passou o tempo
através de nós,
momento
a momento,
quando no teu corpo
adoçava o vento…
Lisboa, 05-11-2007 22:44
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 01:55
(óleo sobre tela
Elisabete Sombreireiro Palma)
FALA-ME DE AMOR
(Rogério Martins Simões)
Fala-me de amor - disseste,
quando nos recantos dos jardins
as barreiras nos impediam de pisar a relva.
Rompiam as memórias
e um ligeiro vento
arrastava as folhas secas do velho plátano.
Era tão tarde…
e ainda agora despontavam as histórias...
Olhei sem desvario.
Antes, quando me debruçava no teu peito,
eras rio,
eras só rebuçado!
E trazíamos nos pés alpercatas,
com asas,
que reluziam por cima dos muros
e o chão era mais leve que o algodão…
Sabes?
A cidade fede devaneios
e as árvores crescem nos telhados das casas.
Não te vou falar de amor, não!
Reservo para mim as sensações dos velhos tempos.
Agora, restam umas quantas folhas que vêm ter comigo:
Somos dois silêncios!
Dois estranhos castanheiros perdidos na cidade…
01-02-2006.
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 01:25
(Museu de Messejana, Alentejo)
MOCIDADE
Rogério Martins Simões
Se ao menos tu
Me dissesses qualquer coisa…
Pudesses falar comigo
Como falavas outrora…
Se ao menos eu te visse agora…
Talvez me visses de sacola,
Num quadro qualquer de loisa,
A escrever de novo na escola.
Mas não!
Partiste mais cedo…e eu quedei
Com a mesma ternura de outrora,
Carregado de riscos por fora
Para aqui envelhecendo fiquei!
Mas…
Se eu te pedisse para voltares
Seria de novo menino!
Prometia não ficar traquina,
Travesso, endiabrado, irrequieto.
Volta!..
Eu espero!
Prometo que não serei
Tudo o que não fui e não quero!
07-08-2004 11:08
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:25
(Feliz ano novo para todos os povos do mundo)
ROMASI
VOLTEI!
(Rogério Martins Simões)
Venho dos limites do tempo
De uma galáxia qualquer
Já fui mar, já fui vento
Agora sou pensamento
Aparado em dado momento
No ventre de uma Mulher!
Meu corpo é magistral!
Brutal! Perfeito! Soberbo!
De início não era verbo
Agora sou o verbo ser
Tenho comigo segredos
Segredos do universo
Transporto no corpo recados
Escrevo em forma de verso.
Venho dos limites do tempo
Não sei o que fui e sou:
Deserto? Nascente?
Já fui Norte, já fui Sul
Pó astral, mar azul!
Luar, estrela cadente.
Eu me vou!
Partirei num cometa qualquer
E serei novamente pôr-do-sol.
Cor-de-rosa, aloendro, malmequer!
Voltei; Já cá estou…
Agora sou pensamento
Nascido em dado momento
Do ventre de uma Mulher!
23-09-2004 18:39
Aldeia do Meco
(Este poema foi gravado em MP3 pelo Luís Gaspar nos Estúdios Raposo –“Lugar aos novos” – )
(O link para a gravação está no lado direito)
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 01:14
É tarde amor
Rogério Martins Simões
Todos os dias quando me deito,
E às vezes quando te acordo
Sem jeito,
Corre em mim um deleito,
Que nos faz
Amanhecer mais tarde.
São ternuras e tantas
Neste coração que arde
Que afinal me traz,
A sede de te ver acordada.
É tarde amor!
Mas os sentidos são tantos,
E as viagens tão curtas,
Que as loucuras são mágoas
De não te ter há mais tempo.
Acorda mesmo assim,
Esquece a dor!
Deixa correr os sentidos
De não sentir mais nada,
Deixa-nos vaguear perdidos,
E respirar quase tudo.
E neste meu frenético sentir.
Neste nosso coração que arde.
Não vais finalmente dormir,
Pois vamos acordar mais tarde
98/09/07
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:16