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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

---. MORSE ---.

De Serviço Militar Caldas da Rainha e TAVIRA 2ª turno de 1970

 

 

 

MORSE
Rogério Martins Simões
 
Traço, traço, traço, ponto
Morse, morse, morse morte…
Mais homens, mais gente.
Traço, traço, pouca sorte
Vai partir um contingente!
 
Pouca terra, pouca terra…
Lenços e preces agitam-se no ar
O pranto fustiga todo o cais…
Partem os noivos; chora o mar…
Os filhos, os amigos e os pais!
 
Traço, traço, traço, pronto
Regressa de novo o transporte
Beijam-se os filhos e os maridos
Agitam-se os lenços garridos
Traço, traço, traço, sorte…
 
Morse, morse, morse morte
Apita o barco engalanado
- O soldadinho vem no porão
Marido e o filho tão amado
Que regressa… num caixão!
 
Traço, traço, traço, ponto…
 
 
Lisboa, 14/02/1969

 

Poemas de amor e dor conteúdo da página

Penetro na noite sombria...

 

(World Press Photo Contest 2004)

 

 

PENETRO NA NOITE SOMBRIA

(Romasi)

 

Penetro na noite sombria

e vejo gente ao lixo

apanhando o papel velho dos jornais.

Trazem notícias de guerra,

ânsia de paz…

arraiais…

 

Quantos só agora souberam da guerra:

Ou por que não a fazem!

Ou por que não aprenderam a ler os jornais...

Para quê?

Se não há dinheiro para os comprar!

Mas há, sempre uma mão

para trabalhar,

um saco vazio para encher

e a fome para matar…

 

Um carro desloca-se a pouca velocidade

O motor... parece falhar

com o frio que o arrefece.

 

Um gato afasta-se para salvar a vida…

O cão procura o osso…

que escondeu outrora…

para logo fugir

com medo de ser apanhado pela carroça…

 

O dia nasceu!

O sol já penetra nos vidros dos escritórios vazios

e os trabalhadores vêem pendurados nos eléctricos

superlotados de aumentos…

 

Agora já não andam ao papel

porque a vergonha chegou...

Agora gira tudo na monotonia do dia

E tudo faz parte da vida…

 

Lisboa, 1967

 

Poemas de amor e dor conteúdo da página

Inquérito...

 

 

 

INQUÉRITO

(Romasi)

 

A vida é uma monotonia

E a um passo fica distante.

É um momento que foge

É o preto, é o branco…

 

Encontro um tísico

Que me diz:

Que a vida é um escarro

Sugador de sangue…

Olha para o chão

E cospe a vida…

 

A vida é como uma flor

no jarrão

Secará

se faltarem as raízes…

 

O rico diz que a vida

É uma manhã cheia de sol

Que ele encontra quase sempre.

 

E vem o lavrador

Diz que a vida é um arado

Sabe que vive

Que importa isso?

Se tem um arado e um caniço

Um filho na guerra, seu desgosto,

Umas quantas vacas

E uma cor terrena no rosto

 

O senhor General

Diz que a vida

É comandar exércitos

P´ra defender horizontes fechados…

Saiu e oiço vomitar um canhão…

pum!

 

E o hippy dedilhando uma viola

Canta que a vida é uma flor

É uma canção de amor

É a viola dele

Que é minha também!

 

Paro,

frente a uma multidão

Todos querem falar

Poucos querem ouvir

Então, afasto-me,

Espero pelo amanhecer

Para que a noite venha depressa!

 

Lisboa, 21/02/1969

 

 

 

 

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Guerra que me esperas

 

Três grandes amigos na recruta, SANTO TIRSO, PORTO, LISBOA.

Cada um seguiu o seu destino

O Lisboa está aqui, sou eu, ROMASI

 

 

GUERRA QUE ME ESPERAS
 
ROMASI
 
Arma ao ombro
Ombro de lado
Bala na testa
Na testa do morto
Limpa espingarda
Agarra canhão
Atira no sangue
sangra irmão…
 
Espada na mão…
Corta, segura
Espalma, atira,
Mata, coze,
Opera.
 
Decepa videira
A videira do sangue
Cai no chão
Morre para o lado…
Lado sem nada
Nada sem chão
Perde-te no vácuo
Morre canhão!
 
Lisboa 1969
 

 

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MORSE...

 

MORSE

Rogério Martins Simões

 

Traço, traço, traço, ponto

Morse, morse, morse morte…

Mais homens, mais gente.

Traço, traço, pouca sorte

Vai partir um contingente!

 

Pouca terra, pouca terra…

Lenços e preces agitam o ar

O pranto fustiga todo o cais…

Partem os noivos; chora o mar…

Os filhos, os amigos e os pais!

 

Traço, traço, traço, pronto

Regressa de novo o transporte

Beijam-se os filhos e os maridos

Agitam-se os lenços garridos

Traço, traço, traço, sorte…

 

Morse, morse, morse morte

Apita o barco engalanado

- O soldadinho vem no porão

Marido e o filho tão amado

Que regressa… num caixão!

 

Lisboa, 14/02/1969

 

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amrosaorvalho.gif

MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

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