Ecos da Póvoa
ECOS DA PÓVOA
Uma aldeia, um ideal que nos une
De vez a vez, tenho por hábito rever os papéis que guardo no meu armário. Hoje, quando cheguei a minha casa, resolvi reler os poucos exemplares de uma pequena publicação a que a direcção da comissão de Melhoramentos da Póvoa deu corpo. E se digo poucos é porque sabem a pouco - tão ricos o são
“Ecos da Póvoa” tinha uma periodicidade – Trimestral – e contava com a colaboração de todos os que, como eu, temos um amor muito grande por esta pequena aldeia.
O 1º “jornal” foi publicado no 1º trimestre de 1999 e era dirigido pelo meu parente e amigo César Oliveira.
É um regalo reler a coluna principal, intitulada “ Alpendre de Santa-Eufémia”, da autoria do ilustre Dr. António Ramos de Almeida, escritor e poeta.
Existiam, ainda umas colunas: “Coisas de Antigamente”; “Gente com Passado”; “Nós e os Outros…o Olhar de quem visita a Póvoa”; “O meu testemunho”; “Nós…e a história”; “ O retiro dos Poetas”; “Coisas de Antigamente”; “Pequenos escritores”
Hoje resolvi trazer da coluna “ Coisas de antigamente” uma recolha popular de duas orações, ambas da memória de Maria Nunes da Veiga Casalinho:
“Oração para a cura de ossos partidos”
“Este (braço) da (o) foi partido, rangido, ou estrangido. Por parte de Deus te requer que volte ao mesmo sentido.
Padre-nosso e Ave-maria”
“Oração e receita para cura da erisipela”
3 gotas de água
3 pedras de sal
3 paus de oliveira
3 gotas de azeite
(junta-se tudo para esfregar)
Pedro e Paulo foram a Roma, Nossa Senhora encontraram, Nossa Senhora lhes perguntou: - que viste vós Pedro e Paulo?
-Vimos erisipelas e erisipelões.
- Vão para casa e curem em meu nome: com água da fonte, sal da marinha e azeite da oliveira.
Padre-nosso e Ave-maria
Em nome de Pedro e de Paulo
(Feito 3 vezes ao dia durante nove dias)
Na coluna “ Coisas de hoje” do “ECOS DA PÓVOA” nº 6, encontra-se um artigo assinada por “ Maria da Fonte”, também foi publicado em “ Comarca de Arganil de 18/03/2000.
Desse artigo retirei um diálogo fabuloso, à luz dos nossos dias, ora vejam:
“O tempo tudo altera, e muito se repete. Num ainda próximo passado, em que imperava a ditadura, a “badministração” do País caracterizava-se pela dureza da autoridade e por leis muitas vezes iníquas, muito mal aceites pelo Zé-povinho e que, apreciadas hoje, parece impossível terem existido.
Na pacata vivência do aldeão serrano, homem livre de leis, a não ser a adua das águas e quinhões de moinhos, apareceu de repente a GNR, para fazer cumprir a lei!
- Lei? – Perguntou um pobre boleiro, abordado pela autoridade, que lhe mede o pico da aguilhada e o multa porque entende que tem um cagagéssimo a mais.
Qual não é o espanto do mesmo, ao puxar um pobre isqueiro de torcida com pederneira, para acender o cigarrito, feito pelo próprio com papel de murtalha reles, lhe pedem a licença do mesmo.
- Licença de quê? – Respondeu o humilde homem não percebendo patavina o que ele queria.
-Ah! Não tem licença? Então ou paga a multa ou vai preso para o posto!
Impunha-se a lei do espartilho, e por tudo e por nada o pobre povo daquela altura era penalizado por imposições e multas absurdas.”…
Desconheço o seu autor. Foi escrito sob o pseudónimo de “Maria da FONTE”
Termino com o lema da aldeia
“VAMOS TODOS COMO OS DA PÓVOA”
