Pára
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(óleo sobre tela Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
( Elisabete Sombreireiro Palma a pintar)
Segredos, meu amor
(Rogério Martins Simões)
Segredos, meu amor
Hoje te quero revelar!
Se pudesse te daria o mundo:
A eternidade, meu amor profundo
Os poemas de amor - sem dor
Num canto belo se soubesse cantar!
Cantar, cantavas tu…e tão bem!
Pintar é a tua actual inspiração!
Reservo para ti também:
A poesia! Meu amor-perfeito;
Tempo de pausa e meditação!
A fantasia de alguém
Imperfeito!
Carente, terreno e pensante!
E se em momentos de inspiração
Parto por aí algo errante
Numa completa e intemporal dação
(Mas quente e vertical entrega)
Seja breve e que encante!
Minha alma nesse instante sossega.
26-05-2004 23:29
(Óleo sobre cartão Elisabete Sombreireiro Palma)
PIOR QUE A DÚVIDA
Rogério Martins Simões
Pior que a dúvida
É o silêncio
quando o silêncio pesa
Pesam as palavras
Não há certezas
A única certeza é a morte
E na dúvida
Ressoam os pensamentos.
As inquietações
O azar ou a sorte
É como se não existissem
soluções
Jogamos todos os dias a roleta…
E, estranhamente,
Quando estamos na valeta
O tempo passa lentamente
- Tão devagar que o tempo medra…
É como que se conservasse uma pedra
no sapato
Lancei fora tantas vezes a pedra…
E no ricochete
Vaporizei pó
e de novo se fez pedra
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
DIZER PARA QUÊ?
Rogério Martins Simões
Dizer para quê?
Falar para quê?
Sentir para quê?
Viver para quê?
Faço perguntas:
Sem falar!
Sem sentir!
Sem viver!
Solto o meu ouvido
E o meu olhar de lince
À procura de resposta:
Sem falar!
Sem sentir!
Ou viver!
E por mais que pergunte
Sem dizer
Não consigo ver…
Falar!
Sentir!
Ou viver!
1979
DIÁSPORA
Rogério Martins Simões
Gosto de viajar para casa!
Regressar é um desejo de quem parte
e não quer ir.
Vou!
Já fui tantas vezes na aventura
calcetando pedras,
dormitando em tábuas,
onde me perco sem contemplações,
encalhando nos confins das terras,
amealhando uns tostões.
Tivesse asas para acompanhar o
pensamento
porque as asas só se levantam tendo
penas.
Penas tenho!
Pena não tenho!
Da fome e dos xailes pretos…
Deixei em casa corpos em metamorfose,
silêncios e silvas,
que crescem entre muros e dão
amoras…
Comprei a última tesoura de podar
Tenho a barriga a dar horas
E um sonho para voltar...
A vinha ficou brava…
A horta e a casa fechada
são agora um pasto de chamas.
- Aldeia porque me chamas filho
se só tive madrasta!?
- Nação porque me pedes o voto
se não te sei ler!?
Gosto de regressar mas não posso
ficar…
Falo agora esta meia língua estranha,
porque já esqueci a minha…
Volto a percorrer as estradas
que me afastam do que resta...
Levo uns trocos para a viagem
e quando me virem vai ser cá uma
festa…
Vou petiscar couratos
e beberei uns copos
com os rapazes do meu tempo.
Regressarei um dia para cuidar da
vinha…
Por agora durmo a sesta…
Voltarei para cumprir a promessa.
E beberei nos corpos deixados,
um néctar guardado,
entre fragas e pinheiros…
Verberarei palavras de fel,
embrulhadas com cargas de explosivos
abrindo estradas,
caminhos que me deixaram partir
Agora tenho de ir…
Regressarei à casa nova que construí,
e em cada degrau,
limparei as lágrimas definitivas
da minha saudade.
Vou partir mas tenho de regressar…
Oh Pátria amada,
onde se acolhem os sonhos do meu
regresso,
porque me deixaste partir?
Oh Pátria amada deixa-me regressar
ainda que só te enxergue,
no que resta,
penhascos e pedras pretas.
Quero todo o barro, granito ou lousa
Quero a água cristalina que emergia das
fragas.
Quero depositar uma coroa de rosas
nas campas rasas dos meus pais.
E um coroa de espinhos nos despojos
dos que me obrigaram a seguir…
Sonhei voltar.
Não voltarei para partir…
Não voltarei a sonhar.
Vou ficar
Tenho filhos e netos neste lugar
Retalha a saudade no que resta do meu
corpo!
Viajarei gavião….
Por agora recebo notícias do meu país
- Dizem que as motas todo-o-terreno
debutaram nas silvas da minha aldeia…
E se a língua portuguesa é a minha raiz
profunda,
afundo as minhas mágoas por não poder
regressar,
Porque, agora, regresso, escreve-se
noutra língua
e já nem sei o caminho de retorno…
8/03/2007
(Este poema é dedicado ao grande poeta português Armando Figueiredo - Daniel Cristal e a todos os emigrantes na diáspora.)
(óleo sobre tela
Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
DESAFIO AO POETA
Rogério Martins Simões
Iniciámos juntos a caminhada,
Proclamámos versos ao sol-pôr
Percorria um violino a estrada
E soltava uma canção de amor
Acendi nos anos todas as velas…
Não consigo disfarçar a ventura
Enfeitava teus cabelos na loucura
Se te visse voltarias às estrelas…
Esvoaçaram pérolas de violetas
Manhãs de sol, chuva e Primavera
Cresceram nos canteiros borboletas
Se te ler nos olhos serás quimera…
Olhei a manhã ver se não te via
Seguias os teus passos paralelos
Trago meiguice nos meus desvelos
Recordo em ti versos e alquimia
Não te sei sentir indiferente
Ocupa-me agora com o olhar
Cego não te irei olhar de frente
Resta o violino para recordar
Dança! Agora, vamos dançar
Melodia inacabada… clave de sol
Não te podia ver! Se te ver irei corar
Esvoaçam versos em girassol….
Lisboa, 03-04-2007 22:52:51
Manual do doente de Parkinson
Como sabem, pois não o escondo a ninguém, estou diagnosticado com a doença de Parkinson e frequento a Consulta de Movimento do Hospital dos Capuchos
Acaba de chegar às minhas mãos O manual do doente de Parkinson, oferecido pela minha médica de Neurologia.
O manual foi editado com o patrocínio da NOVARTIS FARMA - Produtos Farmacêuticos S.A. e foi traduzido e revisto pela Dra Alice Levy e pelo Dr. Joaquim Ferreira.
Tem, de acordo com a capa, o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Neurologia - Secção das Doenças do Movimento e da APDR Associação Portuguesa dos Doentes de Parkinson.
Depois de o ler, considero este manual indispensável para todos os doentes de Parkinson e para as suas famílias. Foi escrito numa linguagem bastante acessível, tem uma letra legível mesmo para aqueles, como eu, que já têm dificuldade em ler.
Não estou autorizado a reproduzir passagem escritas no livro, mas isso não me impede de dizer que tem 81 folhas onde dá a conhecer e a viver com a doença.
Da página 82 até à página 86 o tema é a ASSOCIAÇÃO DOS DOENTES DE PARKINSON.
Finalmente da página 82 e seguintes é dada a conhecer a Legislação aplicável ao doente de Parkinson.
Mais alguns apontamentos.
Graças ao Manual fiquei mais consciente dos meus direitos.
Por falta de tempo não irei citar toda a legislação. Apenas darei uma amostra do que pode ser tirado deste valioso trabalho.
Saúde
- Isenção do pagamento das taxas moderadoras
- Avaliação da incapacidade
- Acompanhamento Hospitalar
Segurança Social
- Pensão de Invalidez
- Subsídio por Assistência de Terceiras Pessoas
- Complemento de dependência
- Pensão social de invalidez
Fiscalidade
- Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)
- Imposto Automóvel
- Isenção de tributação de IRS
(tudo isto sob determinadas condições e ou graus de incapacidade)
Habitação
- Arrendamento
- Habitação Social
Cidadania
- Direito de voto
- Transporte
- Estacionamento
Este livro será indispensável para as famílias e para os doentes.
Uma última palavra para um destacável que se encontra no final do livro. Trata-se de uma espécie de cartão da Associação dos doentes de Parkinson, que tem sede no Bairro da Liberdade lote 13 loja 20
Telefone 21 3850 042
e-mail apdparkinson@clix.pt
Quantas das vezes tomam os doentes de Parkinson como consumidores de drogas ou álcool. Pois bem a APDPk criou um cartão onde diz:
SOU DOENTE DE PARKINSIN. NÃO ESTOU SOB A INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL OU DROGA
A MINHA DOENÇA NÃO É: CONTAGIOSA, MENTAL, HEREDITÁRIA OU FATAL.
É APENAS UMA DOENÇA DE MOVIMENTO.
POR ESTA RAZÃO POSSO PRECISAR DE ALGUM TEMPO PARA ME EXPRIMIR E COMUNICAR CONSIGO.
FICO AGRADECIDO PELA SUA PACIÊNCIA."
Se é doente de Parkinson inscreva-se na Associação que segundo o livro tem uma quota anual mínima de 20 euros.
Rogério